The Dagger of Amon Ra

released on Dec 31, 1992

The Dagger of Amon Ra is the sequel to Laura's previous adventure, The Colonel's Bequest. Laura Bow, fresh out of college, is hired by a New York newspaper and told to investigate a museum theft. The item is a priceless ancient Egyptian artifact, and possible suspects prove plentiful. During a party to celebrate the opening of the museum's new section, someone is murdered and Laura, after asking to be allowed to investigate, is locked in. This sets the stage for a series of murders, much in the same vein as the original game.


Released on

Genres


More Info on IGDB


Reviews View More

Que joguinho delicioso. Mais do que um jogo absurdamente divertido, Laura Bow 2 é um jogo que não tem medo de se divertir, usando e abusando das mecânicas e tropos tanto do gênero de Adventure quanto de mistérios de assassinato.

Tudo no game é um gigantesco estereótipo exagerado e sem limites, a começar pelos personagens. Enquanto alguns adventures sofrem com NPCs sem personalidade ou com personalidade rasa, servindo como mero meio de exposição da trama, aqui os personagens são pura personalidade. Eles nunca conseguem agir de forma natural, são sempre a destilada expressão de algum arquétipo, quase que ideais platônicos de alguma nacionalidade ou profissão encarnados. Temos a francesa sexy e irresistível que obviamente está dormindo com todo mundo, o inglês super-colonialista e egocêntrico que só falta tocar "Rule Britannia" ao fundo sempre que ele abre a boca, o irlandês de bigode ruivo que nunca está sóbrio, etc. Nem a protagonista se salva, sendo a típica garota inocente, frágil e ingênua do Deep South com o sotaque new-orleanês mais carregado possível. O que diferencia Laura do resto e a torna uma verdadeira protagonista é sua auto-consciência de sua condição de estereótipo manifesto. Ela está ciente de que é uma garotinha inocente, frágil e ingênua, e sabe que os outros sabem que ela é só uma garotinha inocente, frágil e ingênua. E ninguém vai suspeitar de uma garotinha inocente, frágil e ingênua, não é mesmo?

O que você acha que acontece quando colocamos esse monte de personalidades disfuncionais num museu fechado, cheio de passagens secretas, madrugada a dentro? Obviamente, só coisa boa. Ver esse grupinho de personalidades se autodestruir é tão divertido, e você, como uma repórter, tem ampla oportunidade para descobrir todos os segredos sujos desse bando — quem está dormindo com quem, quem deve dinheiro a quem, quem tem birra com quem...

Mas Dagger of Amon Ra não é só um mistério de assassinato, é um adventure de mistério de assassinato, e também nesse aspecto ele não tem o menor medo de ser estereotípico. Imperdoável como só alguns games da Sierra conseguem ser, mas sempre usando isso em seu favor e em grande sinergia com sua temática narrativa. Se você quiser solucionar todos os mistérios, desvendar todos os assasinatos e descobrir todos os segredos vai ter que vasculhar cada centímetro do jogo e experimenter tudo o que faz sentido — e às vezes até o que não faz. Como bem diria Sherlock Holmes, “quando você eliminou o impossível, o que quer que sobre, por mais improvável que seja, tem que ser a verdade".

Se você for meio cínico vai achar que o game está rindo de você, com os devs tendo alguma espécie de prazer sádico sempre que o jogador falha. Eu prefiro achar que o game e os devs querem rir com você: os resultados de seus fracassos são hilários e retornar a um save anterior e tentar de novo é fácil, rápido e indolor. E a possibilidade de fracassar não serve só como alívio cômico, é também uma forma de você provar o quão bom detetive você é. Você pode perfeitamente passar por todo o jogo sem descobrir nada, falhando miseravelmente no seu objetivo principal (descobrir o paradeiro da daga) e secundários (whodunit?).

No mais, esse é facilmente o jogo mais lindo da Sierra e um dos point and click mais bonitos já feitos, talvez com a solene exceção de Gabriel Knight. Cada cena transborda personalidade e fica explícito como elas foram milimetricamente planejadas ao você usar a ação "olhar" em cada sala ou objeto e perceber que praticamente tudo tem uma descrição detalhada e prosaica. É muito capricho por pixel quadrado.

The best Sierra Graphic ADV game I've played by a country mile and then some.