The Signifier

The Signifier

released on Oct 15, 2020

The Signifier

released on Oct 15, 2020

The Signifier is a story-driven tech-noir mystery adventure. Explore the real world and enter the unconscious realms of the victim's mind. Use technology to find clues to solve puzzles, unravel layers of dialogue, and find the truth.


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Quem é você? Você é aquilo que você pensa que é? Ou é aquilo que as outras pessoas pensam que você é? Você realmente se conhece? E aqueles a sua volta, você sabe quem eles são? O quanto deles é real e o quanto é apenas uma imagem que você idealizou?

Podemos dizer que um sujeito é aquilo que um significante é para outro significante. Mas o que diabos isso quer dizer? E porque eu decidi falar sobre isso?

Eu sou o Thiago Lopes, e The Signifier é um jogo diferenciado, ele é surpreendente tecnicamente e também bem diferente daquilo que eu costumo jogar. Mas seria difícil falar sobre o jogo sem pelo menos citar um dos elementos básicos do pensamento lacaniano.

Sei que parece complicado e eu prometo que vou evitar ser pedante, mas assim como aconteceu comigo, eu convido você a dar uma chance e conhecer algo que eu dificilmente teria experimentado se não fosse pelo canal, e que provavelmente vai passar batido por mais pessoas que possivelmente iriam gostar do jogo.

Ao assistir o trailer de The Signifier, a primeira coisa que me veio a mente é de que se tratava de um jogo de terror. Mas apesar de possuir uma certa atmosfera de suspense, e termos algumas cenas bem bizarras a proposta aqui é diferente.

The Signifier é um Thriller psicológico de ficção científica com um pézinho no Noir. O jogador assume o papel de Frederick Russell, um especialista em inteligência artificial e psicologia que criou um scanner cerebral chamado Dreamwalker.

Essa tecnologia permite a exploração da mente humana através de dois aspectos diferentes, as memórias objetivas e os sonhos subjetivos.

Após a morte de Johanna, vice presidente da maior empresa de tecnologia do mundo, Russell é chamado para auxiliar na investigação. Ao entrar na psiquê digital de Johanna, temos acesso a sua última memória residual e rapidamente é possível chegar a conclusão de que existe muito mais por trás dessa história do que parecia inicialmente.

Como diz o ditado, o importante não é o seu destino, mas sim a sua jornada. E nesse ponto The Signifier é um prato cheio.

O jogo trabalha muito bem esse mistério e a cadência com que as descobertas são feitas. Temos uma quantidade bem grande de material para ajudar o jogador a se ambientar naquela situação. Cartas, emails, livros, artigos de revista. Apesar do orçamento modesto a perspectiva de um Immersive Sim mais contido funciona muito bem.

Russell é antes de tudo um cientista, e sua curiosidade e interpretação do subconsciente de Johanna cativaram a minha própria curiosidade.

A jogabilidade envolve basicamente recolher pistas e interpretar significados para utilizá-los na resolução de puzzles. Investigamos primeiramente o apartamento de Johanna, além de sua última memória e uma interpretação subjetiva dessa última memória.
Ao encontrar novas pistas, Evee, a inteligência artificial que administra o Dreamwalker é capaz de interpretar novas memórias para que Russell seja capaz de navegar por elas. Ambientes foto realistas são então convertidos em cenários lúdicos e tecnicamente incríveis.

A perspectiva do jogador pode mudar a forma de objetos, assim como a passagem do tempo, que é controlada pelo jogador faz com que o próprio cenário se modifique.

Algumas memórias reagem ao contato com Russell, impedindo a sua passagem ou até mesmo fazendo com que o sistema sobrecarregue, levando o jogador de volta a realidade ou até uma camada diferente.

E interpretar esses significados e descobrir pouco a pouco aquela história foi uma experiência maneiríssima.

Talvez alguém mais inteligente que eu possa dizer que jogo não se aprofunda tanto nos significados e interpretações, ou até que ele é didático demais em alguns pontos. Pra ser sincero, isso não me incomodou em nenhum momento.

O jogo deixa claro algumas coisas porque o jogador precisa avançar e se trata de um tema complexo, mas ele dá margem pra que você possa interpretar bastante coisa também.

Vale lembrar que se trata de um jogo indie, então apesar de cenários bem feitos e uma bela iluminação, os modelos dos personagens são bem toscos e o jogo é relativamente curto.

Levei cerca de 6 horas pra concluir, mas acredito que seja possível terminar em pouco mais da metade desse tempo se não ficar travado como eu fiquei.

Claro que temos a compensação disso na forma dos diálogos que além de legendados em português são muito bem dublados. Entrevistas na rádio, podcasts, todo trabalho sonoro do jogo é digno de aplausos.

Mas lembra que eu disse que o que importa é a jornada e não o objetivo? Se eu fosse apontar um problema real do jogo, seria definitivamente o final. Apesar de um dos melhores momentos do jogo acontecer há cerca de 10 minutos do seu fim, a conclusão da história é capaz de deixar aquele gosto amargo.

Ao longo do jogo existem alguns “momentos pivotais” ou seja, momentos em que a sua decisão irá influenciar o final do jogo. Tarefas concluídas ou não, a forma como você age com alguns personagens, diversas situações, e a real é que eu não gostei nada do final que encontrei.

Tentei jogar novamente e consegui um novo final. Não gostei dele também. Porém, fui buscar no YouTube, pra ver se tinha algum final diferente. E realmente tem. Mas também não gostei.

Fui então pesquisar na comunidade pra ver se não era eu que estava sendo muito chato e na real, existe um consenso de que todos os finais são ruins.
MAS….

Segundo os desenvolvedores, existem mais “momentos pivotais” do que as pessoas acreditam. Ou seja, pode ser que exista um bom final mas a gente só não encontrou.

Mas no geral, eu adorei 95% do jogo. Me mantive engajado e realmente curioso com tudo que me foi mostrado. Existiram diversos momentos que me deixaram de boca aberta e pensando “como eles fizeram isso?”

Existem idéias ali que eu nunca vi serem utilizadas em um jogo e algumas que nunca vi utilizarem tão bem.

Todo o argumento a respeito do avanço da tecnologia, do uso responsável dela e os conflitos psicológicos, apesar de rasos, me mantiveram interessado o tempo todo.

Tecnicamente, o jogo é realmente impressionante e é bem provável que seja um dos jogos desse ano que eu realmente vou lembrar daqui um tempo.

Temos uma excelente narrativa e um trabalho artístico, tanto sonoro quanto visual de cair o queixo.

Foi uma experiência incrível e que na minha opinião não é invalidada por um final ruim, mas de qualquer forma eu acho que vale a pena o aviso.