Os pintos me assustaram bastante no início do jogo, mas conforme você vai pegando vários pals, dá pra ir se acostumando, principalmente depois de aprender a lidar com os ovos. Após um certo tempo, já consegui até sentar nos pals e fazer eles darem leite. Muito divertido!

Sem dúvidas, há valores espalhados aqui e ali. Tem uma boa ambientação, que se aproveita bastante da câmera fixa, e mecânicas curiosas pro estilo de narrativa. Me chamou a atenção ideias tipo a dos totens, ou o uso do sensor de movimento do controle, que gera situações bem interessantes, como a fuga no final.

E, de longe, a melhor coisa deste jogo é as sessões com o Dr Hill. Embora não tão bem aproveitadas no fim das contas, são muito intrigantes as divisões de capítulos apresentadas pelos discursos confusos e metalinguísticos dele, que se intensificam e se tornam mais agressivos naquele cenário abstrato. Bem legal.

Agora, uma coisa que realmente não tem, é sutileza e naturalidade. Não apenas no aspecto textual, com personagens caricatos e diálogos ridículos, como no âmbito da direção das cenas mesmo. É visível o jogo encaixando os ocorridos e moldando as rotas, esse modelo de narrativa ramificada foi pouco polido e nota-se os personagens tomando ações forçadas só para ligar a próxima parte. Num geral, tudo é muito duro, até mesmo como a gameplay interage com a mudança dos sentimentos de cada situação.

E, por fim, a história em si que é conduzida através de tudo isso. Eu sei que eles estão simulando um terror americano genérico, mas não consigo ver a vantagem disso. Realmente não apetece o paladar reger uma atmosfera tensa com decisões cuidadosas, pra gerar uma imersão genuína, em um roteiro tão estúpido. É tudo tão caricato e forçado que simplesmente não dá pra levar muito a sério. "Clichê" e "cringe" são duas palavras muito eficientes em descrever grande parte do roteiro.

Com uma boa história e personagens, e polindo a construção da narrativa de rotas, teríamos um ótimo jogo, mas acabamos num terror pastelão e robótico. Até diverte e distrai, mas não passa muito disso.


Uma proposta realmente muito simples de um co-op puzzle family friendly, mas executada TÃO BEM que se torna genuinamente impressionante. O capricho e a disposição pra montar esse jogo são descomunais, e isso é facilmente notado na quantidade enorme de conteúdo e variedade encontrados nessa aventura.

Há diversas mecânicas que compõem os desafios cooperativos em cada fase, e todas não apenas são ridiculamente criativas e terrivelmente divertidas, como também muito bem dosadas. O jogo se atualiza por completo sempre que você sequer começa a pensar em enjoar de um modelo. Tanto temática quanto mecanicamente.

E não esqueçamos de comentar sobre os visuais.
Permitam-me a ênfase: QUE! JOGO! LINDO!
A direção de arte é estupenda e desnecessariamente aperfeiçoada pra um jogo tão simples. Me peguei genuinamente postergando a progressão da gameplay e admirando lentamente os cenários e belíssimos ambientes engrandecidos pelas boas fotografias.

Tudo isso sintetizado com personagens carismáticos e divertidos (impossível não amar aquele livro) e uma meiga mensagem sobre união. Parece um jogo legitimamente terapêutico para casais.

Uma experiência indiscutivelmente marcante.


Um remake ruim? Sim.
Um jogo ruim? De forma alguma.

Este título na franquia me parece concebido em cima da seguinte pergunta: E se Resident Evil 3 fosse um jogo de ação?

Eu creio ser uma decisão estúpida que descaracteriza o jogo sem nenhum propósito, mas o resultado não é de todo mal. Essa conversão de formato foi feita decentemente e gerou um jogo consideravelmente divertido, mesmo que não esteja no modelo ideal. Apesar de todo o conteúdo ser filtrado e o potencial enorme reduzido apenas a uma progressão semi-linear, ainda é um ótimo entretenimento que entrega bem diversos aspectos.

Um deles é a maior essência do jogo: O Nemesis.
Critiquem à vontade as alterações de design, mas a mensagem foi entregue. Sua insistência assídua e ferocidade brutal o transformam em um digno e literal nêmesis, que genuinamente me surpreendia e abalava com essa persistência sem fim. Cada vez mais intenso e bizarro, gerando boss fights legitimamente divertidas que se valorizam demais pelo formato frenético que esse jogo gerou. Manteve-se icônico.

Outras características que não apenas foram bem projetadas, como também EXTREMAMENTE aprimoradas em relação ao jogo clássico, estão em tudo que envolve os personagens. Anteriormente, a dupla que sustenta essa história se limitava a avatares muito banais que são incapazes de ter uma linha de diálogo que vá além de frases prontas e genéricas sem sal. Em contraste, este remake deu grande carisma a ambos, agregando personalidade e bastante charme com as tiradas badass da Jill e o estilo descolado do Carlos. O que não só os transforma em personagens de verdade, como também concilia a identidade caricata que a franquia de Resident Evil ostenta, se dividindo entre o sério e sóbrio, e o cômico e ridículo. A dose é precisa.

Indiscutivelmente é um remake limitado que negligenciou seu potencial gigante como reimaginação de uma série tão marcante, mas individualmente se faz como jogo e entrega virtudes valorizáveis.


Eu realmente fui pego desprevenido pelo quão pateta é a execução narrativa desse jogo. Não só por ter um roteiro extremamente simplório, mas principalmente por ser cômico de tão tosco. Há cenas tão ridículas que parecem intencionalmente ruins, como o incrível momento do Wesker ao fim da história.

E essas avarias não se limitam apenas às cutscenes, já que as mecânicas de gameplay também te enxurram com puzzles bestas, controles imprecisos, limitações consideráveis e horas de tomadas de portas abrindo. É notável o esforço dos desenvolvedores para dificultar a vida do jogador e tornar a exploração genuinamente inconveniente.

Porém, eu não enjoei.
Todo o tempo que gastei com essa aventura foi confortável e abdicado de bom grado. Pois, apesar de tudo, durante toda a campanha, eu me encontrava imerso na atmosfera fortemente cativante e deveras convidativa daquela icônica mansão.

Fiquei genuinamente impressionado ao descobrir que esse jogo foi lançado para a sexta geração de consoles, ainda em 2002, pois o trabalho gráfico é exorbitante.
Os personagens e monstros que movem-se vívidos na tela...
Os cenários belíssimos que os excêntricos ângulos de câmera ostentam...
A iluminação cuidadosa que muitas vezes se sobressaía na decoração...
Todos os aspectos visuais compõem um ambiente intensamente atraente e deslumbrante.

Devido a isto, criei legítima disposição em prosseguir jogando e desbravando os obstáculos bobocas que aquele casarão me apresentava, e descobrir o raso plot através desta atmosfera se tornou deveras agradável. O afinco em polir esse ar do jogo se provou extremamente frutífero e facilmente salvou a experiência com esse bobeirol que é a história de Resident Evil.

Super interessante e muito único. Os conceitos são profundos e criativos, e são explorados num universo bem concebido, através de uma narrativa cativante cheia de twists, onde até os red herring são bem naturais. Fora do texto, a direção é ótima e a execução técnica é excelente. Há boas ideias e bastante variedade de recursos para compor uma estrutura bem completa de gameplay. Muito bacana.

Entretanto, não consigo ignorar um fator que realmente arrasta muito a experiência com o jogo: A quantidade de missão fútil obrigatória. Eu percebi bem cedo que o jogo se exaustaria rapidamente se eu me mantivesse fazendo side quests e entregas opcionais, então passei a me focar totalmente nos objetivos principais, mas mesmo assim ainda me cansou muito a frequência com que o jogo estacionava o andamento da história e das interações importantes para me segurar apenas com missões frívolas.

O fator "walking simulator" é bem interessante a princípio, mas se desgasta demais com a quantidade de pedidos "filler" que nos são encarregados só pra tomar tempo entre cada passo da narrativa. Além de parar de inovar bem cedo, nos mantendo num ciclo repetitivo de caminhadas árduas pelas montanhas de neve. Por conta desse formato, muitas vezes eu terminava minha jogatina insatisfeito, sentindo que progredi muito pouco na minha aventura, mesmo tendo gastado um bom tempo jogando. Foi algo que fadigou consideravelmente minha relação com o jogo.

Em suma:
Muitas vezes se torna chato pelos enxertos, parece que preencheram artificialmente entre uma parte e outra, mas é uma experiência bacana. Há bastante sobre o que refletir nas camadas mais substanciais, e considerável "Kojimismo" nas camadas mais superficiais. Sem dúvidas muito ímpar.

Um bobeirol super divertido com cutscenes extremamente criativas e excêntricas. Estava me entretendo consideravelmente.

Mas infelizmente o Japão sofre seriamente da síndrome "não consigo fazer uma comédia bacana sem estragar tudo enfiando um plot dramático sem pé nem cabeça"

Primeiramente, sobre o visual: É inconsistente.
Alguns personagens são bem acabados, como os Loud que são muito bonitinhos e tem ótimas animações, e outros são horríveis, como o Danny Phantom e os de Avatar que sofreram muito na conversão pra 3D. Diria que os personagens mais humanoides são os que ficaram piores, e com certeza são os que mais pecam em animação.

Os cenários até que são bons. Temos visuais bem bonitos e com senso artístico aqui e ali, como o da caixa d'água com aquelas cores vaporwave muito estilosas. Creio que os estágios estáticos se sobressaem mais que a maioria dos personagens por terem movimentos.

Agora, onde o jogo provavelmente mais peca: O som.
A trilha sonora não é tão ruim, mas se torna extremamente repetitiva por ter apenas uma música em cada estágio, além do tema de vitória ser o mesmo pra todos os personagens.

A sonoplastia tem qualidade de efeitos genéricos comprados prontos. Não é terrível, mas dificilmente elogiável e sem identidade nenhuma. E eu acho muito frustrante alguns efeitos mais sutis, que trariam muita vida aos personagens, serem completamente negligenciados, como sons de passos, por exemplo. Fala sério, só eu senti falta do barulho clássico dos sapatos do Bob Esponja?

E um último problema enorme pra fechar essa categoria é o fato de que nenhum personagem tem voz. O jogo é simplesmente mudo. Como puderam ignorar dublagem num jogo crossover com personagens icônicos? Inaceitável.

Bom... Depois de todas as críticas, eis o principal motivo pra eu dar uma nota positiva: A gameplay.

Apesar de todos os pecados, o jogo consegue acertar no principal fator pra nos divertir. As mecânicas de combate são muito funcionais e as batalhas são bem rápidas. Digno de uma tentativa competitiva de clone de Smash.

Não é perfeito e tem muitas limitações aqui também, mas de longe é onde o jogo mais acerta. Gastei horas com amigos aprendendo mais sobre as mecânicas e evoluindo as partidas cada vez mais, como um bom jogo de luta.

Então, concluindo:
O jogo é muito rústico e tem legítima dificuldade de nos fazer sentir a presença dos personagens e o impacto das lutas. Em muitas instâncias, realmente é o bootleg barato que parece ser, e é difícil perdoar muitos problemas técnicos. É bem cru e precário.

Contudo, consigo ignorar muitos desses deméritos durante as partidas divertidas que tiro com amigos. A gameplay competitiva, embora tenha consideráveis pendências, realmente o salva muito como jogo.

Vale a pena pra quem gosta de platform fighting e/ou não tem um Nintendo Switch pra curtir Smash.

Gostaria de iniciar esse textinho com meus elogios, então vamos começar ressaltando os valores do jogo.

Primeiramente, ostenta uma trilha sonora tão boa quanto o esperado e tem gráficos bem bonitos (a iluminação é ótima). Mas o que eu mais apreciei não está no audiovisual, e sim na gameplay, pois o que me cativou no jogo foi as batalhas.

Remodelando a jogabilidade para algo mais fluído, eles conseguiram um resultado fascinante. Porque os confrontos em tempo real são muito dinâmicos, mas ao mesmo tempo preservam um pouco o formato de turnos com aquelas barras de ação. É extremamente divertido e muito bem bolado, nunca vi nada do tipo. Além de único e criativo, honra o estilo do jogo original. Foi uma excelente adaptação, as bossfights são bem empolgantes.

No texto, eu até gostei de como o mistério é alimentado com o Sephiroth aqui e ali, mas o que eu mais aprecio de verdade é o Cloud. O caso dele é muito interessante, pois ele é colocado naquele papel genérico de protagonista edgy e desapegado, só que o restante da obra não dá pano pra esse arquétipo. Toda a história e os personagens que o cercam só o arrastam pra rotinas mundanas comuns e situações cada vez mais embaraçosas, então o jogo subverte totalmente o ideal de protagonista e brinca muito com o personagem. Eu adorei isso e acredito que possa ser um excelente trabalho de personagem se esse fator for bem desenvolvido e deixar de ser apenas cômico.

Encerrando os elogios, dou uma moral pro Barret, que faz um ótimo papel na party, e digo que a reta final teve uma crescente interessante (os últimos momentos são bem empolgantes).

Agora, iniciando os problemas do jogo, vamos começar com o maior deles: Fora das batalhas, tudo é extremamente travado e mecânico.

Diferente da gameplay, não foi conduzida uma boa adaptação nos dramas e nos momentos sérios da história. Há dezenas de passagens pacatas que tentam nos conectar com o mundo e os personagens, mas nenhuma delas é nem um pouco natural. São momentos importantes pra criar atmosfera, retratar ambientes e aproximar os personagens, só que é tudo MUITO artificial e nada orgânico. A atuação é extremamente forçada e caricata, a direção só começou a ser ativa na reta final do jogo (nas partes mais tensas), e nenhuma das relações dos personagens passa nenhuma credibilidade. Os dramas chegam a ser cômicos de tão plásticos.

Eu entendo que há uma forte suspensão de descrença e que não deve-se exigir realismo desse tipo de obra, mas toda a parte viva da história PRECISA EXALAR VIDA. E nesse quesito, é um fracasso total. Existe um conflito de tom estridente na estrutura do jogo, onde ela acerta num propósito (ação e batalhas) e falha no outro (dramas e atmosfera).

Sinto que o formato do jogo foi elaborado visando totalmente as missões principais e os momentos em que a história progride com ação (onde há muito valor de gameplay) mas negligenciando completamente a transposição desses momentos autênticos. Eu não joguei o jogo original, mas consigo visualizar esses momentos funcionando melhor no estilo de RPG limitado dos anos 90, então deduzo que eles tiveram muita dificuldade com a tradução dessas partes pra um modelo cuja escrita vai além de uma caixa de texto.

Bom... Mudando um pouco o tópico, eu realmente gostaria de falar sobre a Tifa. Nenhum personagem aqui é muito bom, mas vejo valor no Cloud e no Barret. Como citei antes, eles agregam para a história. Porém, faço questão de manifestar minha decepção gigante com a eternamente louvada heroína desse jogo. A Tifa é um dos personagens mais rasos e genéricos que eu já vi na vida. Não houve o mínimo de esforço pra conceber essa figura, gosto de brincar dizendo que a personalidade dela é definida por "gostosa". É tão fácil visualizar como ela poderia ter um carisma meio desleixado que relaciona bem com a função de brawler dela e traria virtude pro grupo, mas é apenas a menina gentil genérica sem um pingo de encanto, até o visual dela é sem identidade. A Aerith não é muito elogiável também, mas acredito que a figura meiga dela comunique melhor com o papel que ela exerce na história, então tá perdoado.

Enfim... Voltando um pouco à gameplay, também queria manifestar minha insatisfação com tudo que não se encaixa nas batalhas boas que citei lá em cima. Pois fora da ação, o jogo se resume a apêndices pra enrolar o ritmo da história e puzzles extremamente travados e sem graça nenhuma. Os momentos que se destacam mesmo são as missões dos reatores e o resgate à Aerith, todo jogo fora disso é simplesmente triste.

E sendo chato aqui pra dar um toquezinho final nos meus problemas, eis uma instância que eu nunca imaginaria falhar: A legenda. Com um mínimo conhecimento de japonês, já foi evidente pra mim que a tradução não estava coletando com precisão os diálogos. Muito esquisito.

Conclusão:
A experiência é muito 8 ou 80. De missões empolgantes com ótimas batalhas e maravilhosa trilha sonora, pra puzzles chatos e dramas mecânicos com personagens muito mal transpostos. O ritmo é uma montanha russa.

5.5/10

Simples e limitado, mas cumpre muito bem o papel de ser um mini-smash mais acessível à quem não tem console da Nintendo. Há criatividade inegável nos movesets e dá pra perder boas horinhas com amigos.