Seu quebra-cabeça em construção de mundo guarda um enredo rico, mas recôndito em seu caráter espinhoso e evasivo.

Entendendo-o como jornada em nome do desafio, recolhemos uma progressão inconsistente satisfatória. No entanto, se escolhermos olhar para a penosa busca por respostas possibilitada em fragmentos, seremos agraciados com algo ainda mais poderoso.

Hollow Knight é um grande exemplo e homenagem à narrativa através do ambiente, e um cujo cuidado de confecção é notável; evidente no detalhamento da maioria das áreas por nuances ignoráveis como a posição de certos itens em acordo às significações na escala do enredo.

É minucioso, ainda que mantenha várias ideias propositalmente vagas, embora conectadas o bastante a ponto de nos recompensar por manter atenção nesses pormenores. O ferrão dos sonhos talvez seja a evidência mais concisa, porque é chave da substância incutida no âmago de cada único serzinho existente naquele mundo, e conforme nos permite adentrar o mundo interior desses seres, o jogo ganha uma escala esmagatora, pois ouvir os sussuros do inconsciênte coletivo lhe garante um Pathos monumental. Sentí-lo pode ser doloroso, confortante, revigorante e até desolador - como as diferentes áreas do mapa representam.

O jogo constrói, nestes termos, uma total reinvindicação desse método narrativo, por mesclar de suas inspirações (Metroidvania e Souls-like) um carinho distribuído pelas rebarbas de seu próprio labirinto. Pequenas interações lhe conferem um aspecto íntimo, e a intimidade que criamos com o mundo edifica seu desembrulhar para uma possibilidade verdadeiramente catártica.

Reviewed on Oct 17, 2021


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