Veredito: O pior spinoff possível.

Vale a pena jogar Tails Adventure pra conhecer a história da franquia. Várias 1ªs vezes aqui: que Tails ganha os holofotes (o que mais tarde seria ponto-chave no enredo de vários jogos, como Sonic Adventure 1 e agora no Sonic Frontiers), que ele tem a habilidade de bombardear inimigos enquanto voa, que o personagem é desenvolvido como inventor e engenheiro. É bem bacana como este jogo inovou: em vez de focar em velocidade, é quase um metroidvania/coletaton 2D, cheio de exploração metódica, acúmulo de habilidades e backtracking. Muito curioso e interessante.

...e aqui acaba qualquer elogio que eu consiga fazer a ele.

O problema não é ser lento e diferentão. É um spinoff, e spinoffs são experimentais mesmo. O problema é que TUDO nele é muito, mas muito mal feito. É bizarro, você passa uma quantidade pornográfica de raiva só pra conseguir andar pra frente.

Por que quando apanha você fica incapaz de controlar o Tails de novo até ele tocar o chão, fazendo você cair em abismos? Por que quando você se joga de uma plataforma ou cancela um voo, fica impedido de voar de novo? Por que só pode estocar 4 itens de cada vez, quando o jogo tem mais de 20? Por que os itens que você precisa pra passar dessa ou daquela parte nunca são sinalizados direito, a ponto de as paredes que você explode com a bomba normal serem IDÊNTICAS às que precisam daquela bomba específica? Por que tem que sair da fase sala por sala e voltar pra oficina do Tails leeeeeeeeeentamente só pra trocar de item, pra quem sabe talvez você dê a sorte de escolher o item certo dessa vez (spoiler: não será o item certo)? Por que TUDO nesse jogo é feito milimetricamente pra te foder, por que é que a câmera JOGA ATIVAMENTE CONTRA VOCÊ, o level design também, o backtracking também, os controles também, O SISTEMA DE SAVE TAMBÉM?!?! Sabia que se você entrar sem querer no menu de códigos de save, você NÃO PODE SAIR a menos que digite um código certo ou que REINICIE O VIDEOGAME? POR QUÊÊÊÊÊÊ??????

Querem saber até que ponto exatamente Tails Adventure joga contra você? Ele tem a pior fase da água que já joguei, de longe. De muito, muito longe. "Injusta pra caralho" seria um puta eufemismo. O único jeito possível de passar dela é calculando pixel por pixel + abusar dos save states + decidir onde e de quem você vai tankar dano e aproveitar a invencibilidade piscando pós dano. Isso, claro, tendo upado a vida no máximo antes de começar, senão nem com técnicas de speedrun avançadas.

Se você quer muito, MAS MUITO MESMO conhecer um pedaço interessante e pouco conhecido da história da franquia, vai fundo. Mas vá psicologicamente preparado, e com um guia numa mão e o dedo do save state na outra. Respire, faça pausas, beba água, e talvez você saia do outro lado com a expectativa de vida intacta. Apenas talvez.

Mas se você quer um joguinho legal, bem, eu só recomendo ele pros meus piores inimigos.

Veredito: Nostalgia destilada e deliciosa.

Imagino que se você joga Banjo-Kazooie pela 1ª vez hoje, ele deve ser um coletaton padrãozão com câmera bosta e alguns bugs irritantes, mas que consegue ser divertidinho. Só que pra mim, uma criança noventista que cresceu com um N64 e que já tem a platina dele toda no piloto automático de tanto rezerar, é IMPOSSÍVEL realmente saber como é essa sensação. Jogar Banjo pela 1ª vez já adulto? Isso existe?

BK é indissociável da minha infância, só a abertura dele e os primeiros minutinhos já me sugam pelo túnel do tempo. Pra época da TV de tubo, de assoprar a fita até dar certo, de alugar jogo sábado de manhã e devolver segunda de noite, de personagens que pareciam um desenho animado da época, de ler o manual e procurar segredos nas revistas de detonados, e de quando os jogos tinham que estar testados e bem resolvidos no lançamento porque "baixar atualizações" simplesmente não existia. Se um bug não atrapalhava uma partida "normal", não era bug. Era charme, gerava rumores e virava tática de speedrun.

Claro, hoje fica óbvio que várias coisas nele são terríveis. Mesmo que alguns dos bugs realmente não atrapalhem, outros são um inferno, a câmera é um lixo, falta MUITO polimento em muitos detalhes, e certos estereótipos (Mumbo e Gruntilda, estou olhando pra vocês) são indefensáveis. Porém não dá pra negar que crescer com Banjo-Kazooie foi uma delícia, e jogar ele continua uma delícia. O humor retardado da Rare, as raízes extremamente sólidas do gênero coletaton, o charme dos personagens e das fases, o visual e músicas tão fantásticos quanto a tecnologia do começo do 3D era capaz de proporcionar.

Se uma parte dele envelheceu feito fruta estragada (sério, como alguém achou que "Mumbo Jumbo" era uma boa ideia?) o resto envelheceu feito vinho, e é triste ver que hoje em dia esse tipo de coisa é raridade. Mídia física, sem DRM nem microtransações, sem online obrigatório, sem "lança ele todo torto mesmo que depois a gente conserta", sem encher de enrolação desnecessária só pra durar mais horas. Só a alegria boba de ser criança, de voltar pra quando a felicidade de ver o boneco pulando pela tela já era motivo mais que suficiente pra ligar o videogame.

E meu deus do céu, COMO EU QUERIA que os jogos voltassem a ter cheats escondidos só pela zuera da coisa.

Veredito: Viciante, gostosinho e descompromissado.

Já tinha zerado ano passado, e no final ele liberou um modo "free", onde o jogo não te avisa dos erros. Pra todos os puzzles. Sim, todos os 200.

Claro que não emendei na hora, mas este ano estava precisando de algo pra matar o tempo no ônibus e no metrô, então aproveitei o embalo. Repito tudo o que eu disse antes. Alguns poucos puzzles são meio obtusos demais e o port pra 3DS precisa de uma revisão em algumas coisas: o Start funciona como um Esc, além de não ter auto-save, e perdi mais progresso desligando antes de salvar do que eu gostaria de admitir.

Mas no geral é um joguinho puzzle bem bacana feito por um fã da franquia. Mais caprichado que muito produto oficial, com certeza.

Veredito: Diversão simplificada e honesta.

A Short Hike é exatamente o que diz na embalagem: um joguinho curto sobre fazer uma escalada.

É um plataforma 3D bonito, responsivo, com comandos simples e que você zera em 1h. Sim, em 1h. Pra platinar deve dar no máximo umas 5h. Você sobe a montanha, desce de volta, e assiste aos créditos. Simples e direto. Se quiser fazer mais, dá um rolé em volta da montanha pra fazer umas sidequests com outros personagens.

Não achei tudo isso que falam, pra ser sincero. E tudo bem. Nem todo jogo precisa ser fenomenal. Ele acabou sendo exatamente o que eu queria: uma diversão sem compromisso e rápida entre um jogo longo e outro.

2022

Veredito: Um zelda-like MUITO FODÃO... até chegar no final.

De forma brilhante, Tunic ressuscita algo que se perdeu nos jogos modernos: a necessidade de ler o manual enquanto joga. Aqui as páginas do manual são itens colecionáveis, e sem ele você não chega em lugar algum. A coisa é tão bem feita que até o idioma do manual é desconhecido - simulando perfeitamente o sentimento que eu tinha quando criança de ler manuais e jogar jogos numa língua estrangeira - o que obriga o jogador a se guiar pelas ilustrações e pelas poucas palavras conhecidas.

Genial. Absolutamente genial. Por favor, gamedevs do futuro, tomem notas e aprendam.

As partes técnica e criativa também não deixam por menos. A câmera isométrica é aplicada de forma MUITO inteligente, escondendo secredos que em retrospecto parecem óbvios. Os visuais são lindos, as dungeons são incríveis, os itens são perfeitos e, ao contrário do que dizem, o combate é sólido para um senhor caralho. Inclusive este jogo tem alguns dos melhores chefes que já enfrentei na vida.

Mas por que...

...POR QUE...

...o último 1/3 do jogo é TÃO mal feito?

Maluco, é impressionante. Você passa o jogo INTEIRO tendo ótimos momentos eureca a cada 10 minutos, se sentindo mais poderoso, mais manjão dos paranauês quanto mais avança e quanto mais consegue interpretar o manual e o mundo à sua volta. Tudo é milimetricamente calculado pra ser uma delícia, e Tunic passa com louvor em todos os testes.

Então tem um ponto de virada na trama que introduz o último ato, e daí pra frente é só ladeira abaixo. Momentos eureca? Nunca mais, agora eles são momentos "finalmente consegui abrir essa merda dessa porta, aleluia". Dificuldade alta porém justa? Porra nenhuma, agora ou tu morre do nada ou está sempre superpoderoso, sem meio-termo.

Pra fechar com chave de estrume, o jogo tem 2 finais, e o "verdadeiro" exige TANTO atrito merda pra resolver TANTOS puzzles bostas que eu liguei o foda-se e fui olhar guias. E eu sou o cara que PLATINOU Road to Gehenna no braço!!! Mas tudo tem limite. Olhei guias mesmo, sem vergonha nenhuma. Pau no cu daquela porta na montanha. Caguei.

Pelo menos o chefão final é excelente, assim como todos os outros. Mas naquela altura do campeonato já não tinha mais redenção possível. Não para um jogo tão bem costurado, com tanto carinho até quase o final, pra chegar no último ato e ele estar praticamente colado com durex.

Veredito: Melhorado, simples e direto.

Sonic Drift 1 dá a impressão de ser uma versão piorada de Mario Kart, mas quando você pega pra jogar é melhor do que parece e nem tem tanta influência de Mario Kart. Sonic Drift 2 expande um pouquinho de tudo do original.

Agora sim temos uma influência clara de Mario Kart, com itens que você usa quando quiser. Além disso temos um jogo mais bonito (sério, como é que um fóssil como o Game Gear aguentava esses gráficos?), mais personagens, cada um com suas vantagens, desvantagens e habilidades, uma variedade maior de pistas e de estratégias pra serem usadas. É aquele tipo de continuação maior, mais parruda e ainda mais divertida.

Não se engane, ele ainda é bem basicão e não consegue fazer mais do que o mínimo. No fim das contas é só um joguinho de corrida bem curto. Mas é um joguinho bem legal com o pouco que ele faz. Assim como o 1, Sonic Drift 2 não tem muita coisa, mas o pouco que tem é caprichado.

Veredito: Pro inferno com o que falam dele, é muito melhor do que dizem.

Sonic no Game Gear tem uma fama péssima, e não é sem motivo: tomar no cu o lag de Sonic & Tails 1 e 2. Sonic Drift não é exceção e todo mundo diz que é uma merda, mas na real? Aposto que é um daqueles casos que geral zoa sem nem jogar, só pra seguir o bonde na internet.

Não me entenda mal, ele é modesto e simplista ao extremo: cada corrida dura no máximo 1 minuto e pouquinho, são 3 torneios, e em meia hora eu já tinha ganhado todos no Hard. Olhando de longe parece uma versão piorada de Mario Kart, mas a influência é muito mais de corridas arcades noventistas: Top Gear, Cruis'n, Rush, etc.

Todas as 18 pistas vêm com recordes pra você bater no modo treino, as poucas mecânicas (drift, turbo, etc) funcionam muito bem, rola um sound test super completinho e dá pra jogar multi.

Sonic Drift faz bem pouco, mas o pouco que ele faz tem carinho e é caprichado. Prefiro mil vezes isso do que um jogo ambicioso e mal polido.

Veredito: O Super Mario Galaxy 2 do Sonic de Game Gear.

Absolutamente tudo que eu falei de Sonic & Tails 1 vale pra este aqui, que é a continuação direta. Estou desde ontem tentando pensar em algo novo, algo pra falar de Sonic & Tails 2 (ou Sonic Triple Trouble, como ficou conhecido nos EUA já que a Sega of America gosta de fazer merda) que eu já não tenha falado do 1.

Mas, de verdade, não tem muita coisa. Isto aqui está pro Sonic & Tails 1 assim como Mario Galaxy 2 está pro 1. Se você gostou do 1, ele é mais daquilo. Se não, ele também é mais daquilo. Mesma estrutura, mesma lógica por trás de tudo. Tira umas mecânicas, bota outras, cria fases e chefes novos e pimba.

Gostei muito do jogo, mas não curto ficar me repetindo. 100% da minha outra review vale pra este jogo também. Inclusive o maldito lag.

Veredito: Delicinha de coletaton.

Tinykin é daqueles que te fazem lembrar por que você gosta de videogame, ele traz aquela alegria boba e descompromissada de só pegar e se divertir. Tudo é uma delícia de fazer: as sessões de plataforma, a mecânica dos tinykins, explorar o cenário, caçar colecionáveis... tudo. É um coletaton típico, com duas novidades: a direção visual e a influência de Pikmin.

Tu tem o tamanho de um inseto, todo mundo menos você são insetos (inclusive não tem inimigos) e o jogo todo rola numa casa, sendo que refuncionalizaram os cômodos: a 1ª fase é a sala mas os percevejos construíram um templo religioso, as traças fazem festas no banheiro que os besouros limpam depois, e por aí vai. Aí você tem que explorar armários, camas, dispensas, e tudo parece um desenho animado - inclusive apesar do mundo ser 3D, o visual dos personagens é 2D. Tudo é bem aconchegante. Dá um sentimento muito grande de Toy Story.

Aí vêm os tinykins. Sabe como em outros coletatons você vai ganhando poderes ao longo do jogo (as técnicas em Banjo-Kazooie e os chapéus em A Hat in Time) pra acessar lugares novos? Aqui, quase tudo usa dezenas de criaturinhas ainda menores que você, cada tipo com uma habilidade diferente. Quer levar um bolo pro forno? Os tinykins carregam. Abrir uma passagem? Eles explodem ela pra você. Subir ali? Viram uma escada. Tudo funciona bem redondo, e eles são super fofos.

Algumas análises me deram a impressão de que Tinykin era PUTA QUE PARIU QUE JOGO FODAAAA mas, no duro, comigo foi só um jogo normal e gostosinho de jogar. Muito, MUITO gostosinho de jogar. ❤️ E sinceramente, acho que prefiro assim. Às vezes eu não quero algo incrível e fenomenal. Só quero ser feliz com um joguinho gostoso. E nisso Tinykin acertou em cheio.

Veredito: A comida deliciosa e perfeita da vovó.

Minha avó paterna foi a melhor mestre-cuca de todas as galáxias. Ela não cozinhava nada extraordinário, nada que você veria num restaurante chique. Era feijão, arroz, bife, salada e purê de batata, tudo bem básico. Mas puta que pariu, NINGUÉM faz um feijão com arroz tão delicioso quanto o dela!

Chrono Trigger é o feijão com arroz dos JRPGs. Quase tudo nele já foi feito mil vezes em outros jogos: batalhas em turno, protagonistas adolescentes, fantasia medieval, magitecnologia, enredo de salvar o mundo. Mesmo os tropos dele que não são sempre associados a JRPGs, como viagens no tempo e parasitas malignos, são clichês de alguma forma.

Mas nenhum, NENHUM jogo faz o básico tão bem feito quanto ele. Cada mínimo detalhe foi projetado e executado com tal maestria que hoje, quase 30 anos depois, ele ainda reina como o melhor do gênero.

Tem nem competição.

História? A mais emocionante, bem amarrada e com melhor ritmo que um jogo do tipo já teve.

Sistema de batalha? Impecável, e te mantém engajado da primeira luta até o chefão final.

Personagens? Todos são excelentes, nas batalhas e nos diálogos. Porra, até a maioria dos NPCs parecem mais reais e desenvolvidos que muito protagonista por aí.

Sidequests? Todas são de alguma forma importantes pra trama e pro desenvolvimento interpessoal da equipe.

Não tem muito o que eu falar dele que já não tenha sido dito e repetido ao infinito na internet afora. Do mesmo jeito que nunca vou conseguir falar nada de novo sobre um bife. Um bife pode ser mega suculento, bem temperado, macio, delicioso, mas ainda é só o bom e velho bife.

Chrono Trigger ainda é um jogo super básico. Mas assim como o bife que vó Lourdes fazia, ninguém nunca conseguiu criar um JRPG tão perfeito quanto ele.
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PS: joguei a versão de DS, mas registrei aqui no site como a versão de Super Nintendo por burrice, hahaha! XD

Veredito: Um Sonic portátil perfeito, se não fosse o lag.

Quase um mês atrás, joguei 2 minutinhos pra testar o emulador, e fiquei com MEDO de quando jogasse ele a sério. Tudo levava a crer que seria um jogo bem merda. E não é que... o jogo é bom?

É o 1º Sonic portátil, e foi muito bem pensado pra isso. As fases são extremamente curtas, os chefes são super rápidos, o jogo tem pouquíssimas fases. Tudo bem direto, pá-pum, e cada detalhe é muito bem feito, resultando num jogo até que bastante divertido e rejogável. Não vou mentir: qualquer coisa no Game Gear é feia pra dedéu e não é com Sonic que vai ser diferente. Mas do ponto de vista das mecânicas e da direção sonora/visual, só tenho elogios. O jogo inclusive traz umas gimmicks muito doidas mas que funcionam muito bem, como o foguete e a mola nos pés, e fico triste delas não terem sido melhor aproveitadas em jogos futuros.

MAS O LAG, MEU PAI AMADO!!!! Este jogo tem lag, MUITO lag, uma quantidade OBSCENA de lag. Você nunca viu tanto lag na sua vida, meu deus do céu, nem Banjo-Tooie e Perfect Dark no N64 tinham tanto lag assim.

Normalmente isso não seria problema, mas num jogo do Sonic? É a morte.

No fim, o quanto ele vai conseguir te divertir depende da sua tolerância a isso. Meu notebook foi uma torradeira quase a vida toda, daí meio que já me acostumei a jogos com lag - platinei Bioshock 1 com tudo no mínimo e a 10 quadros por segundo - então este Sonic foi bem suportável, ainda mais por ser super curtinho. Mas se aturar o lag for pedir demais pra você... sinceramente, ninguém pode te julgar.

Veredito: Como esse jogo pode ser tão imaculado, cara????

Quando comecei a versão 8-bits de Sonic 2, imaginei algo tipo Sonic 1: bacaninha e divertido, mas obviamente limitado pelas fraquezas do Master System e incapaz de chegar no nível dos jogos de Mega Drive.

EU NÃO SABIA DE NADA, INOCENTE!!!!!

Sendo curto e grosso, Sonic 2 é lindo, gostoso e isento de falhas. É nível Sonic Mania de jogo perfeito.

Vocês podem tentar me convencer o quanto quiserem que esse jogo pegava num Master System real, EU NÃO ACREDITO! Isso é cientificamente impossível, porra! Certeza que ele só roda bonitasso e lisinho assim por causa das tecnologias da emulação.

Se comparar com, digamos, Sonic 1 de Mega Drive, este jogo aqui tem MAIS VELOCIDADE que ele, tem MELHOR DIREÇÃO SONORA e também tem CHEFES MAIS BEM FEITOS. Dificuldade injusta nas últimas fases? Nunca nem vi, que dia foi isso?

E fica mais bizarro ainda quando a gente lembra que ele lançou ANTES do Sonic 2 de Mega Drive. MAQPORRA, BICHO????

Sério, mano, como é possível terem feito um jogo desses logo depois do Sonic 1 de 8-bit?

2020

Veredito: Um começo bom, um final magnífico e um tédio no meio.

É fácil ver por que Omori é tão querido, mesmo não sendo um jogo pra quem tem coração fraco. Seus tópicos de trauma, morte, luto, medos, culpas, depressão, suicídio, crises de ansiedade, perda e superação, negação e aceitação, amizades construídas, despedaçadas e reatadas... são todos trabalhados com muita maturidade e seriedade, por devs que sabem a importância desses temas.

É um jRPG padrão bem sólido, com batalhas em turno simples e intuitivas que qualquer um aprende fácil, mas elaboradas o bastante pra se manterem envolventes até o final. O visual simulando rabiscos com lápis de cor é LINDO DE MORRER PQP, criando um contraste brilhante entre a temática pesada da trama e o fato de ela estar sendo vivida por crianças, com todo um ar infantil. A história começa promissora e te dá motivos suficientes pra querer avançar nela, os personagens todos são muito bem feitos (ESPECIALMENTE o protagonista, que mesmo sendo o tropo do avatar-mudo-pro-jogador-se-espelhar é um personagem super completinho e bem escrito pra cacete), e o último ato do jogo está entre os mais bem feitos e tocantes de toda a história gamística.

Mas o meio do jogo, ai meu caralho de asas, é um SACO. A introdução é excelente e quando você recebe um objetivo concreto - procurar X - se sente de fato envolvido nele... por um tempo. "Procurar X" é uma constante absolutamente imutável e monótona do começo ao fim da jornada. É ficar preso num ciclo infinito de "fomos em tal lugar e não encontramos X, e fizemos um desvio de rota sem motivo pra uma dungeon, vamos tentar agora naquele outro lugar porque sim" de novo, e de novo, e de novo... e de novo. É uma temporada de caça ao pato que nunca termina, nunca vai a lugar nenhum e nunca muda até você ter feito todas as dungeons do jogo. Sabe como em Chrono Trigger e Final Fantasy 6 você tem uma única meta o jogo inteiro que é derrotar Lavos/o império, e percorre várias etapas - pegar a Masamune ou entender a origem dos Espers - até conseguir? Imagine isso porém sem essas etapas, sem uma progressão na trama, sem uma sensação MÍNIMA de avanço, sem nada além de "estamos correndo atrás, confia". Isso é Omori desde o fim da introdução até o começo do último ato, salvo pequenos (e EXCELENTES) interlúdios. A apresentação top de linha e o combate bem estruturado seguram as pontas por um tempo, e o mundo ser criativo pacas (muito mais imaginativo do que os clichês medieval/futurista) não atrapalha, mas MEU DEUS DO CÉU, tudo tem limite.

Ah sim, e têm um porrilhão de sidequests. Todas uma bosta, não recomendo nenhuma. (mas fikdik: se não quiser ter retrabalho, pegue as letras sempre que passar por elas)

Dito tudo isso, repito que o último ato (pelo menos o da minha rota) é genial. Imaculado, emocionante, perfeito. Dá todo um significado novo pra um milhão de coisas que eu só achava que tinha entendido. Várias decisões que tomei ao longo da jornada e que nem sabia que eram decisões (sim, o jogo tem rotas) se encontraram aqui e concluíram com maestria o arco do protagonista e das pessoas que ele amava. Quase faz valer a pena os vários nadas que eu tive que aturar antes de ver os créditos.

Veredito: Divertido pra caralho. Por quê? Porque sim.

Como todo mundo que começou a jogar videogame muito criança, na época eu não ligava pra game design: arquitetura das fases, ritmo do jogo, variedade de inimigos, isso tudo fui aprender já adulto. Eu não tinha necessidade de explicar por que gostava de jogar. Eu gostava porque gostava, oras. Gostava porque me divertia.

Não que seja ruim entender por que um jogo é bom. Eu adoro esse conhecimento, e adoro falar sobre jogos com todos os detalhes. E gosto de outras coisas além de diversão: da história, da dificuldade e sentimento de superação, do envolvimento emocional.

Mas Mario sempre vai ser uma volta à minha infância. Ao sentimento de que estou jogando videogame na sua forma mais pura, na sua essência, que me fisgou quando eu tinha 4 anos. Com Mario eu fico só com a diversão. Fico só com aquela alegria que sentia quando era criança, a alegria pura e simples de jogar um jogo porque... porque sim, oras. Porque ele é gostoso de se jogar e só por isso.

Eu não preciso de outros motivos.

Veredito: O irmão caçula do primeiro Sonic.

Se tu acha que ele é só uma versão piorada de Sonic 1 pro Mega Drive... pra ser sincero, você não tá errado, mas também não tá exatamente certo. O Mega Drive era um dos videogames mais potentes em 1991, e Sonic 1 tirou muito proveito disso. O Master System era BEM mais fraquinho e não tinha nenhuma condição de rodar um jogo daquele calibre.

A solução foi refazer tudo "do zero", um remake pra trás, e as limitações do console com certeza pesaram em cima. Mas se por um lado o jogo parece "Sonic 1 de camelô" (joga no YouTube e compara as duas versões, sério, é bizarro) por outro é fascinante como conseguiram traduzir pro Master System o espírito do original. Saltos enormes em rampas depois de sessões de velocidade, segredos que você acha vasculhando as fases, sessões de plataforma bem feitas... Tudo como você lembra, só que muito mais na humildade.

Até a dificuldade escrota e mal feita das últimas fases tá aqui, e já aviso logo que Labyrinth Zone ficou PIOR do que no Mega Drive. =P

Não é meu caso, mas tem gente que prefere Sonic 1 de Master System do que o original, e entendo perfeitamente. Embora tenham o mesmo nome e sigam a mesma receita, são jogos completamente diferentes. E vale a pena jogar os dois.