Veredito: O melhor Novo Jogo +.

O Shovel Knight original segue uma filosofia simples: divertir o jogador. Plague of Shadows é uma expansão que chega e fala "vou fazer isso de novo".

É essencialmente o mesmo jogo - um plataforma 2D sobre passar de fases, matar inimigos e pegar tesouros - com outro personagem, e essa simples mudança faz toda a diferença. Plague Knight controla completamente diferente de Shovel Knight e o resultado é que, mesmo tendo 'exatamente' as mesmas fases que o jogo base, Plague of Shadows é uma delícia de se jogar.

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Sabe aquela sensação que os jogos dão de terem Novo Jogo + só porque 'tem que ter'? Então, Plague of Shadows é o contrário disso. É um dos casos raros que os devs reaproveitam conteúdo antigo de forma super caprichada e nada preguiçosa.

Veredito: E se dois dos meus jogos favoritos tivessem um filho?

Primeira vez com um jogo feito por fãs, e não poderia ter começado melhor. É impossível não recomendar ele pra todos os fãs de Banjo-Kazooie e Zelda Ocarina of Time.

Tirando que a Nintendo jamais licenciaria isso, Jiggies of Time tem tudo pra ser um jogo oficial, por mais que seja só uma romhack. É um novo Banjo-Kazooie para todos os fins, que 'por acaso' é ambientado no mundo de Ocarina. 9 fases, 10 peças de quebra-cabeça e 100 notas musicais por fase. A 1ª é a Floresta Kokiri + Árvore Deku, a 2ª é o Castelo de Hyrule, depois Kakariko e assim por diante.

E tudo convence MUITO bem. As músicas de Ocarina foram refeitas pra parecerem músicas de BK, o visual dos lugares idem, a personalidade de Banjo e de Kazooie estão intocadas e, principalmente, sair caçando colecionáveis é tão divertido quanto sempre foi. É como se os criadores de BK fossem grandes fãs de Ocarina e resolvessem fazer uma enorme homenagem a ele. Infelizmente isso inclui todos os defeitos de BK, principalmente a câmera bosta e a obrigação de ter que pegar numa tacada só todas as notas em cada fase.

Fãservice de extrema qualidade. Toda a equipe do Kurko tá de parabéns.

Veredito: Um experimento científico que deu MUITO certo... mas ninguém gostou.

3D Blast sofre da mesma sina de Sonic Spinball: todo mundo odiou, então acabou não dando em nada. O que é uma pena, pois é o Sonic mais experimental até então, e eu adoraria ver a franquia continuar tentando coisas inusitadas. Mas parece que sou exceção, e todo mundo só quer um Sonic feito do jeito 'certo', e tudo o que foge a esse padrão precisa ser condenado e jogado no lixo porque é 'errado'.

Fazer o quê.

3D Blast é a 1ª tentativa de fazer um Sonic 3D, ainda no Mega Drive! Fazer um jogo de plataforma isométrico é extremamente difícil, e fico feliz de ter gostado tanto do resultado final. Algumas coisas incomodam: não tem Super Sonic e a câmera deveria ficar um pouco mais longe (não sei se ambas as coisas eram possíveis com a tecnologia de 1996), e agora em retrospecto fica óbvio que a mecânica dos flickies é completamente desnecessária.

Mas fora isso... é Sonic em 3D! Loopings, velocidade e sessões de plataforma em 3D, cara! E isso no mesmo console que lançou Sonic 1! Eu era muito criança na época pra saber, mas certeza que isso parecia bruxaria. Mano, aquele vídeo de abertura parece surreal até pra mim agora, que acabei de rezerar Sonic 1 e 2 em pleno 2022. Tecnomancia pura.

O espírito de Sonic foi muito bem traduzido pro 3D isométrico, tanto visual e sonoro (que delicinha as paisagens e músicas!) quanto as mecânicas. É curioso pensar que o caminho seguido pelos Adventure (e pelo que veio depois) poderia ter sido completamente outro se tivessem bebido dessa fonte.

Veredito: O melhor 1º spinoff.

Nunca entendi a treta que os fãs têm com Spinball. "Não é um plataforma de velocidade". Mario Kart e Mario Party também não são jogos de plataforma, ué. E assim como eles foram a "marioficação" dos jogos de corrida e tabuleiro, Spinball é a "sonicficação" de um novo gênero. É um spinoff, cacete.

Não vou mentir que é perfeito. Tu consegue ver bem menos na vertical do que deveria, e o último chefe foi feito especialmente pra te emputecer, fora outros pequenos detalhes de polimento que incomodam.

Mas cara, é Sonic. Tem músicas e direção visual dignas de Sonic, fases bônus escondidas pra quem jogar bem, e uma jogabilidade baseada em exploração, reflexos e domínio da excelente física do jogo, o que combina muito bem com pinball. Por sinal, as mecânicas de pinball são muito bem pensadas e criativas, e o espírito de arcade é uma delicinha.

Pena que ele seja tão odiado. Adoraria ver continuações mais ambiciosas com a tecnologia de hoje. Já pensou se todo fã de Mario tivesse reclamado de Super Mario Kart no SNES? Pois é.

Veredito: A cada passo pra trás, dois pra frente.

Muito difícil não comparar com Sonic 1. É basicamente a mesma ideia só que muito maior e com muito mais gás. Velocidade, loopings, piruetas e saltos enormes em rampas? Bota mais que tava pouco. Fases bônus? Faz em 3D agora. Aproveita e coloca aí um 2º personagem pra te seguir, com direito a coop e versus. Põe também uma técnica nova que te permite ganhar velocidade a qualquer instante! E a recompensa por passar de todas as fases bônus vai ser a estreia do famoso Super Sonic!!! Mais músicas fodas, mais chefes bem feitos, mais fases incríveis. ❤️

Infelizmente nem tudo é flores. Com o escopo maior veio também a famosa falta de polimento da Sega, que era bem mais sutil no 1º jogo. As novas fases bônus trazem ideias legais, mas a dificuldade injusta delas foi feita sob medida pra te foder, especialmente se a máquina estiver controlando o Tails. Inclusive, essa dificuldade injusta já aparece bem cedo nas fases normais, papo de na 2ª ou 3ª zona, enquanto no Sonic 1 era só na última ou penúltima. O jogo tem mais fases e com isso mais chefes, mas certos chefes também são difíceis de um jeito bem escroto - principalmente o chefão final.

No geral Sonic 1 é um jogo bem mais redondo e com bem menos tropeços, mas acho que ainda prefiro Sonic 2. Ele trouxe TANTA coisa nova INCRÍVEL que em retrospecto acaba fazendo o 1 parecer menor do que realmente é. Super Sonic, Tails, modos multi, mais fases legais, spindash... É até difícil ficar zangado com ele por muito tempo.

Sonic 2 é basicamente como se Sonic 1 batesse o pau na mesa e falasse 'mas esta ainda nem é minha forma final, mwahaha!'

Veredito: É um clássico e é por um bom motivo.

Fiquei muito confuso quando vi que vários fãs de Sonic acham este jogo superestimado. "Vai ver envelheceu mal" pensei. Não jogava há eras, então talvez meu carinho por ele fosse pura nostalgia? Afinal, Sonic 1 foi um dos jogos mais importantes da minha infância.

Mas não. Depois de rezerar (pela caralhocentésima vez, mas pela 1ª em muitos anos) percebo que eu tava certo. Sonic 1 continua até hoje um plataforma EXTREMAMENTE SÓLIDO, o que até assusta um pouco considerando que foi o 1º do gênero e que várias das pessoas envolvidas eram inexperientes. Curto, direto, rejogável e divertido para um cacete.

Green Hill Zone já foi discutida até o talo, mas é uma pena que as outras fases não recebam o mesmo carinho da comunidade. Marble Zone é boa sim e tem excelentes seções de plataforma, Star Light e Spring Yard são uma delícia, as fases de esmeralda são fodonas e todos os chefes são bem projetados. A direção visual e sonora são incríveis, e pqp a trilha sonora é perfeita. O único defeito mesmo é o pico de dificuldade injusta nas últimas fases: vá tomar no cu, Scrap Brain.

Quanto a mim, foi muito bom ver que eu não esqueci nenhum segredo. As passagens secretas, os pequenos bugs que podem ser explorados, os melhores caminhos. Até descobri alguns novos!

Veredito: Vai direto pro pódio dos favoritos.

Eu gosto muito de falar sobre jogos, às vezes até mais do que gosto de jogá-los. Foram pouquíssimas as vezes que um jogo me deixou sem palavras, que hesitei em tentar explicar por que gostei dele, com medo de não fazer jus ao tamanho da foderosidade do que tinha acabado de jogar. Mas vou fazer um esforço aqui.

Outer Wilds é um jogo de exploração espacial - você é um astronauta alienígena conhecendo os planetas, luas e tals do seu sistema solar - mas é principalmente um jogo sobre o deslumbre com a descoberta. Sobre ir lá e ver o que tem depois da curva com seus próprios olhos, compreender como as coisas funcionam e ficar maravilhado com a sensação de 'ahá, agora eu entendi!'.

Ao mesmo tempo, é um jogo sobre sair da zona de conforto. Não só porque nunca joguei nada parecido antes, inclusive morrendo várias vezes até me acostumar com a física e controles esquisitos ('para onde fica a frente?' é o tipo de dúvida constante no começo) nem só porque ele jamais te pega pela mão: como disse o Errant Signal o jogo é uma via de mão única e jamais irá em sua direção, você é que tem que ter o trabalho de ir até ele. Mas porque você nunca vai resolver os puzzles e jamais vai entender a trama se não estiver disposto a pisar onde ninguém nunca pisou e ir onde você jamais iria normalmente. Pensar fora da caixa, ser curioso e querer de verdade entender o universo à sua volta são pré-requisitos pra se aproveitar Outer Wilds, tanto os puzzles e mecânicas quanto a história.

Antes da 1ª decolagem vários amigos da sua vizinhança te contam anetodas sobre o sistema solar: uma corrente marítima esquisita e criaturas assustadoras em um planeta, um colega astronauta que desapareceu, uma estátua e uma pedra que agem de um jeito que ninguém entende. Tudo pra te deixar intrigado e curioso pra explorar. Se a exploração pela exploração e a descoberta pela descoberta não te enchem os olhos, se na escola você não gostava daquela sensação de entender algo que não entendia antes, talvez passe algumas horinhas com Outer Wilds, enjoe e resolva ir jogar algo melhor. Mas se te atrai a ideia de descobrir o que aconteceu com povos e espécies extintas, compreender como funcionam tecnologias que antes eram confusas, e principalmente ter um envolvimento emocional com o mundo à sua volta a tal ponto que você vai ousar fazer coisas por ele que jamais ousaria antes... Garanto que a viagem vai ser inesquecível. ❤️

Veredito: Bom, mas nem de longe tanto quanto os melhores Sonics 2D.

Assim como Freedom Planet, Spark ao mesmo tempo se inspira pesado nos Sonics clássicos e tenta ser um jogo próprio. O resultado é fascinante: história engraçada e que não se leva muito a sério, músicas FRENÉTICAS BAGARAI ALGUÉM DÊ UM PRÊMIO AO COMPOSITOR, poderes criativos para passar pelas fases de jeitos diferentes conforme o estilo de cada jogador e, claro, uma sensação de velocidade que deixa bem clara a influência em Sonic. Diversão leve, rápida e sem compromisso.

Ao mesmo tempo, o resultado é... bem defeituoso. Não é nenhum grande defeito em particular, e sim pequenas coisas aqui e ali, que acabam se acumulando. O level design tem VÁRIOS pequenos problemas que me fazem perder o impulso sem sentir que o erro foi meu. As configurações são meio confusas. O desempenho às vezes dá umas tropeçadas bizarras. São pequenos deslizes que acabam tendo um peso enorme no produto final.

Depois de zerar Freedom e Spark, falo tranquilo que fazer um plataforma focado em sensação de velocidade é mais difícil do que parece. Como vários jogos do próprio Sonic já mostraram, não é só 'fazer parecido com Sonic', isso não basta pra ser bom. Spark é bom, mas nem sempre ele supera essas dificuldades.

Veredito: Escolhas variadas, mecânicas fodas, e dilemas morais.

Dishonored tá longe de ser perfeito: a dublagem às vezes é ruim e tem muito rosto mal animado (o que não é bom num jogo fotorrealista focado na história), certas decisões dos devs são muito questionáveis e ele sofre de uma falta considerável de polimento, incluindo bugs. Porra, recomecei o tutorial do zero por erro do jogo. Duas vezes!

Mas... sou forçado a achar ele incrível. Dishonored me fez pensar na maldade e bondade humanas, nos ciclos da sociedade, em ditaduras, nas pessoas horríveis que podemos virar se não tomarmos cuidado, se nos deixarmos levar por covardia, ou não soubermos diferenciar nossas boas intenções daquilo que decidimos fazer de fato. O trailer deixa bem claro: 'a vingança resolve tudo'. O jogo me dá todos os motivos e meios pra aloprar geral, pra matar com sangue e sem dó.

E me deixa decidir, a cada momento, o que fazer. Decidi não matar ninguém, resolver o problema do jeito mais pacífico que pude, e mesmo assim me sinto um merda. Me sinto também um ninja sorrateiro que passou despercebido de todo mundo e que soube aproveitar ao máximo cada arma, poder e caminho alternativo. Joguei um immersive sim fantástico, que botou mais roleplay nas mecânicas de stealth do que muito RPG bota nos atributos e números. Com seu roleplay e mecânicas, Dishonored fez pensar principalmente na minha própria ética, nos limites dela, no que deveria fazer para melhorar ela. E ainda não achei respostas.

Veredito: Ainda tem muito a melhorar, mas está BEM acima da concorrência.

Não sou manjão de jogos pornô, mas os que joguei têm uma verdade absoluta e inquestionável: são todos uma merda. Como produtos eróticos são claramente mirados no estereótipo do adolescente punheteiro/virgem de classe média, cheios dos clichês mais broxantes possíveis, desses que teria num site noventista cheio de vírus. Como jogos são mal dirigidos, mal animados e desenhados, mal programados e mal testados.

É aí que a Love-Joint traz uma proposta... inusitada: pornografia focada na história. As personagens da visual novel não seriam mais um monte de pixels só pro protagonista transar, e sim personagens de fato. Com arcos, personalidades, medos e sonhos, como qualquer slice of life que se preze. A trama não seria um pano de fundo desnecessário só pra justificar a fodelança, mas o grande centro das atenções. Com reviravoltas, comédias e tragédias, na qual a fodelança seria só parte do pacote.

Depois da estreia polêmica e questionável (pra dizer o mínimo) que foi DFD, o 2º jogo do estúdio é o único jogo erótico realmente bom que já joguei, fácil. Double Homework tem uma história bem amarrada e muitos personagens bem convincentes. Não me entenda mal, ainda rolam clichês idiotas e desnecessários, vários plot devices mal feitos, altas transas 'polêmicas' só porque sim, e às vezes o formato de capítulos mensais destrói o ritmo, com alguns que estão lá só preenchendo um buraco no cronograma. Mas DH tem de fato uma trama bem amarrada e personagens bastante empatizáveis. Alguns capítulos (estou olhando pra você, cap. 18) foram genuinamente tocantes, algo que eu JAMAIS esperaria de um jogo desses.

Não quero dar o discurso 'vamos pegar leve com esse jogo só porque o resto é uma merda' mas ao mesmo tempo gosto de aplaudir melhorias, ainda que pequenas. Eu aceito pequenos acertos, nem todo passo na direção certa precisa ser uma revolução. E fico feliz que DH seja um passo bem firme na direção certa, mesmo sendo às vezes um passo tímido demais pro meu gosto.

Veredito: magnífico, atemporal e incomparável.

Sabe quando foi a última vez que traduziram pro 3D uma série clássica dos 8-16 bits de forma tão impecável?

Sabe quando que peguei num jogo de exploração tão caprichado?

Imagina qual foi a última space opera tão opressiva e ao mesmo tempo tão divertida que já joguei?

Faz ideia da última vez que um jogo envelheceu tão bem quase 20 anos depois?!?!

NUNCA!!!!!

A menos que você deteste metroidvanias ou fique tonto com jogos em 1ª pessoa... Vá jogar Metroid Prime. Anda, vai lá. Agora. Tou mandando.

Veredito: Um excelente jogo de detetive.

Trocadilhos à parte, Obra Dinn não tem muito mistério. É um jogo de detetive muito bem feito, em que você tem que pensar para solucionar os mistérios e que te faz se sentir inteligente quando consegue.

São 60 pessoas pra descobrir quem são e que destino aquela alma teve (se morreu, como morreu, quem matou, etc) usando uma mecânica inteligente de flashback, sendo que a grande maioria dessas 60 é opcional. Minha maior reclamação é que, pra quem resolver platinar, precisa de um pouco de tentativa-e-erro pras últimas pessoas. Se você gosta de jogos como Ace Attorney ou de livros como Sherlock Holmes, cai dentro e seja feliz.

Veredito: Igual ao primeiro, só que bem pior.

Pense em Megaman X1. Agora retire o level design genial e o ritmo extremamente bem balanceado, piore a maioria das músicas, deixe a história mais sem graça e os segredos menos intuitivos, e por último transforme o que era um desafio super equilibrado em um monte de tourobosta feita pra você passar raiva. Com pulos praticamente pixel-perfect pra dar e vender, exigência de upgrades super específicos que o jogo nunca sinaliza bem, e chefes que pra tu derrotar não precisa ter habilidade, e sim saco de repetir infinitamente o mesmo padrão arbitrário idiota enquanto a barra de vida deles diminui leeeeeeeentamente. Agora imagine isso feito por fãs incompetentes que adoram o X1 mas não entendem nada do que faz dele um jogo tão incrível e pimba, você já sabe o que esperar de X2.

Pra ser justo, o jogo tem muitos ótimos momentos... que são quando ele se parece com o X1. Mas enquanto no X1 a diversão era garantida como o estado normal das coisas, enquanto lá a serotonina era a CNTP, aqui são momentos espaçados entre as fases. Sei lá, de 1 a 3 momentos desses por fase. E olhe lá.

Veredito: O Banjo 3 que sempre sonhamos, no melhor e no pior.

'Sucessor espiritual' de cu é rola: Yooka-Laylee é continuação direta dos Banjo-Kazooie, até o último detalhe. Não é só a dupla de animais falantes num coletaton feito pelas mesmas pessoas. A personalidade dos personagens é idêntica (Yooka = Banjo, Laylee = Kazooie, sem tirar nem por), boa parte das técnicas é análoga, os mesmos trocadilhos, o hub, colecionáveis, fases... tudo. Tiveram a audácia de deixar até a capa do jogo e a tela de pause iguais às de BK!

Infelizmente isso traz todos os ônus de um plataforma 3D noventista, mesmo depois de vários patches: a câmera é um lixo, a performance tropeça às vezes, algumas missões se repetem demais, e a falta geral de polimento é ridícula. Sim, Banjo-Kazooie e Banjo-Tooie também tinham todos esses problemas em algum grau, você que é nostálgico e não lembra. Mas muitas vezes Yooka consegue ser pior: as músicas são boas mas não tão perfeitas quanto as da época, e COMO DIABOS eles conseguiram destruir a mecânica de voo e o último chefe, coisas que BK já tinha acertado na mosca em 1998... é algo que nunca vou entender.

Dito isso, Yooka-Laylee é um jogo incrível. Os gráficos e sons são lindíssimos e mega charmosos, o humor típico dos jogos anteriores está super presente, os colecionáveis são uma delícia de procurar e pegar, as fases são maravilhosas tanto na estética quanto na mecânica... Enfim, o carinho dos devs pela obra é palpável, em cada detalhe. Sim, ele foi MUITO mal testado, não dá pra negar. Espero de verdade que a Playtonic faça um Tooka-Laylee com o polimento que este aqui deveria ter tido. Mesmo assim, é uma aventura de caças ao tesouro divertidíssima, deslumbrante e gigantesca, com tudo o que tem direito.

Se você é fã de longa data de Banjo como eu e sempre quis um Banjo 3, aqui está ele.

Veredito: É, a ideia tá aí.

Tenho que dar um desconto por estar em early access, mas espero de verdade que o produto final seja bem mais maduro. É um RPG de ação com combate e história bons, mas péssimo ritmo: muita batalha igual até eu me sentir um tiquinho mais forte, e muitas missõezinhas de busca iguais até eu me sentir descobrindo um tiquinho da trama. Dropei. A ambientação pós-apocalíptica misturando visuais nojentos e máquinas é bem bacana, mas se isso fosse um jogo acabado daria a impressão de que os devs acharam que ela sozinha carregaria ele nas costas.

Mas como disse, ainda tá em early access, e parece que muito conteúdo ainda vai ser adicionado, então vamos esperar pra ver. É verdade que não fiquei super pilhado pra jogar depois, mas não dá pra julgar algo que ainda tá em produção com os mesmos critérios que eu faria com um jogo já lançado. E o pouco que vi tem sim muito potencial.