69 reviews liked by MaisDiOitoMil


(zerei só a primeira rota, depois eu faço o resto)

depois de finalmente conquistar seu próprio castelo e se aventurar pela awazonia o Wario consegue seu primeiro descanso...

...até que a princesa Syrup chega e invade seu castelo.

Wario acorda e no primeiro contato com o controle eu penso "por que ele anda segurando as calças?" ao invés de "por que a movimentação é tão esquisita em relação aos anteriores?" mas aí eu paro pra pensar e porra, ele acabou de acordar, não tava nem um pouco preparado pra nada, fora que o começo dá a entender que ele nunca mais precisou fazer platforming porque é a primeira vez que o Wario consegue definir um status quo em sua vida.

e é daqui que parte a grande premissa de Wario Land II: definir o que é Wario Land. e isso soa meio estúpido vindo de mim que tá jogando pela primeira vez e não faz ideia de como os jogos posteriores funcionam, mas jogando o primeiro e o spinoff de virtual boy eu senti muito que o começo era a melhor parte do jogo pela sensação inicial de estar jogando "um mario só que com o Wario" e apesar do primeiro funcionar dessa forma e o virtual boy contornar isso com as gimmicks do console, eu nunca senti o Wario sendo caracterizado de uma maneira tão próxima ao game design do jogo quanto eu senti agora no Wario Land II

pela primeira vez, o objetivo do Wario não é mais uma grande jornada em busca de saciar algum desejo em específico e sim uma reação à situação em que ele é colocado: invadiram seu castelo e agora ele precisa recuperar seus tesouros. o primeiro capítulo é só ele consertando as merdas que fizeram no castelo dele (fechar a torneira que usaram pra inundar tudo, desligar o alarme gigante que ele tem e derrotar a cobra gigante que deixaram ali como armadilha) e o resto do jogo consiste em ir atrás da princesa Syrup e sua tropa.

foco no: "ir atrás" -- é basicamente esse o objetivo do jogo, e é basicamente essa a forma em que os desafios são estruturados: enquanto seus antecessores progridem de uma forma padrão de super mario com timer, múltiplas vidas, gameover e num geral, alterando só as mecânicas que diferenciam os personagens, Wario Land II se distancia disso: o Wario não tem "vida" pra perder e não tem "timer" pra se preocupar-- tudo o que ele tem é dinheiro. e gimmicks, MUITAS gimmicks.

eu honestamente considero isso a evolução natural da franquia, já que ele vai cada vez mais abandonando os signos originais de Mario e moldando um foco maior na busca pelo dinheiro (que é o grande ponto do personagem) -- mas e as gimmicks? como que funciona? -- basicamente, já que o Wario não pode perder vida e nem morrer, os inimigos tem dois tipos de ataque nesse jogo: um que faz ele perder moedas (igual as armadilhas) e outro que vai depender do inimigo, mas é um ataque especial que "transforma" o estado físico do Wario e as vezes isso é um malefício e na maioria das vezes é essencial pra progredir na fase. exemplos: um inimigo cospe fogo no Wario, ele sai correndo e você perde parte do controle, e só volta ao estado normal caso entre em contato com a água; ou, um inimigo que te transforma numa mola e você consegue pular pra alturas maiores do que o normal e explorar caminhos diversos pelas fases -- e essa é a gimmick principal do jogo. um kirby ao contrário.

a punição dos desafios na maioria das vezes consiste em "volte três casas" o tempo todo e apesar disso ser meio idiota eu particularmente achei bem divertido ficar raciocinando cada tarefa que eu precisava fazer em cada tela dos mapas e pensar que todas as forças externas do jogo queriam sempre atrapalhar meu passeio, me empurrar com todas as forças pra de volta pro meu castelo e me impedir de retomar o que é meu

Wario Land finalmente virou um jogo para viciados em catar moeda pelo mapa e sair andando por aí, mesmo que muita coisa do jogo faça o Wario de bolinha de ping-pong -- mas acho que, mesmo com os "power-downs" sendo limitados (a maioria serve só pra elevar a verticalidade das fases ou pra fazer você perder o controle do Wario por um tempo) e a IA dos inimigos sendo estúpida (pelo amor de deus, a detecção visual deles é muito psicopata), o level design do jogo é bem construído o suficiente pra ter valido a pena a jornada (e pra me fazer jogar mais horas disso)

Um jogos que de uns tempos para ca tinha começado a me questionar se era só overated, ate eu rejogar e lembrar que não, ele realmente é tudo que falam dele e ate um pouco mais, Fumido Ueda e a sua equipe mais uma vez sendo mestres em utilizar video game como sua propria midia, ico ja fez isso muito bem, SOTC fez tão bem quanto.
Um jogo que todo mundo, assim como ICO, deveria jogar e estudar as decisões por tras de cada escolha de design

many happy songs performed beautifully, though sometimes i think there is a profound sadness in her heart

restos de um mundo marginalizado feitos de templo pra sonhadores rezarem, o palco onde a interatividade 3D estabeleceu uma de suas maiores virtudes de acordo com a lógica e sensibilidade espacial daquele mundo: o tempo

dark souls é uma perda de tempo que encanta com suas diferentes facetas e formas de engolir o jogador para dentro de seu mundo. descer Great Hollow, chegar em Ash Lake e perceber que tudo aquilo era só uma de infinitas árvores expostas naquele ambiente exemplifica bem a magia do jogo

e o tanto que eu passei pelo vale dos dragões (mesmo não gostando da área) por questões de planejamento de rotas e a falta de um fast travel/a inclusão limitada de um... é um grande expoente disso tudo: o tempo é o maior inimigo de dark souls e isso é belo.

(texto no Recanto do Dragão, cliquem por favor, lá tem imagens: https://recantododragao.com.br/dark-souls-ii-e-uma-mentira/)

Dark Souls II é um jogo perdido nos confins do espaço-tempo; tanto na situação em que se encontra dentro da trilogia, quanto no imaginário popular que tenta despedaçar sua reputação até o ponto em que um elogio é considerado “revisionismo”, e até mesmo em seu próprio contexto narrativo. Drangleic é uma terra perdida, a utopia dos mentirosos, um refúgio para os sonhadores.

O caso de Dark Souls II é curioso, porque apesar de não ser um jogo exatamente “odiado”, ele é claramente o patinho feio da série: ridicularizado, é feito de vítima por vários pecadores que acabam jogando-o de má fé. Eu só fui descobrir o quão especial esse jogo é ao rejogá-lo, agora no começo desse ano. É um jogo um tanto esquecido, porque o debate ao redor dele nunca muda. São sempre os mesmos discursos rasos sobre o quão ilógico e “mal feito” é seu level design, sobre as minúcias da funcionalidade do combate (sobre ele ser travado, ter hitboxes ruins, ser muito lento, o sistema de ADP ser uma merda, sobre não ter muitos chefes bons, ser pouco desafiador em relação ao primeiro, ser pouco satisfatório em relação ao terceiro, e por aí vai), ao mesmo tempo que elogiam sua rejogabilidade ao redor de uma fama bem concebida em relação ao seu sistema de builds, seu NG+, sua variedade de conteúdo, e por aí vai.

A maior consequência?

Dark Souls II é conhecido por muitos como um “ótimo jogo, péssimo souls”. É um jogo mal visto como parte da trilogia, é esquecido, desconsiderado, irrelevante, a ponto de que tudo isso aí me influenciou a cair no conto de deixar ele por último na primeira vez que joguei.

Mas será que isso é mesmo um ponto negativo da obra? — resposta rápida: não.

O jogo tá constantemente questionando todo o ponto de partida e de conclusão de seu antecessor e tentando colocar o jogador em situações opostas — ao invés de ser vestido com a falsa profecia de ser “o escolhido”, você só tá tentando achar a cura da maldição undead. O ponto central disso tudo — Drangleic — em oposição à Lordran, é uma terra vista como “a cura de todas as maldições” e os NPCs atuam como viajantes descobrindo o lugar junto com o jogador ao longo do tempo. E por fim, o grande diferencial da narrativa de DSII é que aqui um dos maiores efeitos colaterais da maldição undead é que as pessoas acabam se esquecendo de seus passados e perdendo a perspectiva do futuro — o que dialoga bastante com a proposta de Dark Souls mostrar as consequências de um mundo pós-apocalíptico causadas pela ganância humana e seu sucessor tomando consciência disso, já que muito do jogo é a busca por uma “terceira solução” além das eras do fogo e da escuridão.

Dark Souls II, ao invés de tentar reiterar o que o primeiro jogo fez de bom, aborda seus temas mais metafísicos (como os ciclos da humanidade e as eras do fogo e da escuridão, a maldição undead, os reinos convergindo pelo espaço-tempo, etc). Ele pega signos de seu antecessor para contar algo novo com a justificativa de que as pessoas se esqueceram das coisas que já foram contadas com as múltiplas eras que foram passando e com as maldições se alastrando. É um jogo que o tempo todo tenta se esquecer do que é Dark Souls diretamente (mesmo sendo contextualizado diversas vezes como uma sequência direta dos acontecimentos do primeiro) e acaba criando uma identidade própria com base nessa releitura — mudança repentina na temática de dark fantasy para high fantasy, mecânicas esquisitas e até pouco funcionais pro balanceamento do jogo como um ARPG, conteúdo maximalista com mais de 40 bosses e mais de 30 áreas, etc. É claramente o mais diferente em comparação aos outros dois jogos da trilogia e isso reflete bastante no discurso mencionado anteriormente: o que as pessoas querem dizer com “ótimo jogo, péssimo souls”.

E não só isso, como esse discurso também reflete na noção de que Dark Souls II é um ponto isolado no universo da franquia: esquecer o passado é se desprender de seu antecessor e perder a perspectiva do futuro é não conseguir imaginar o que seria uma sequência ideal para Dark Souls — e é esse o enigma que Dark Souls II tá tentando desvendar.

O Lordvessel quebrado em Majula, Ornstein sem o Smough, gárgulas só que em seis, o rato com o moveset do Sif, as almas dos lordes mencionando os lordes do primeiro jogo… boa parte das referências ao primeiro jogo, quando não são conexões diretas da lore (como por exemplo, os fragmentos de Manus), são extremamente estúpidas e óbvias — o que fortalece todo o ponto de indiferença que DSII tem em relação a seu antecessor.

Mas o que o jogo constrói em cima disso? Dark Souls II é um jogo que se descobre Dark Souls através de suas próprias idiossincrasias ao longo de sua jornada e, com isso, se cria a obra mais aventuresca da trilogia.

Um conto de fadas interativo, com controles que causam estranheza, com um combate mirando a elegância e áreas geograficamente desajustadas, seus caminhos a partir de Majula já configuram uma energia peculiar, que encanta com facilidade — um objetivo um tanto vago, mais de uma opção de rota para seguir e três possíveis chefes iniciais para enfrentar. Muito da exploração desse jogo, mesmo que ludicamente linear em progressão, segue bem os estímulos da curiosidade do jogador — seria melhor seguir em frente para Heide’s Tower e continuar pelo cais dos piratas, ou pegar o caminho da floresta dos gigantes? Diferente do primeiro jogo, onde o jogador tem objetivos fixos mas oportunidades densas para definir sua rota de progressão com diversas mesclas dentro do planejamento, em Dark Souls II é o contrário — a nebulosidade daquela jornada acaba elevando o sentimento de roleplay do jogo, não é mais “por onde eu tenho que ir”, e sim “onde”.

Toda essa confusão fez eu me sentir perdido em certos momentos do jogo, em ocasiões em que eu simplesmente não sabia por onde me aventurar, porque muito da progressão é abstrusa, baseada em itens chave, conversa com NPCs e ordens de rota extremamente desconexas — parece que boa parte daquelas áreas não se encaixam direito na topografia daquele mundo. E é aí que entra parte da magia da interação espacial dentro daquele ambiente: as áreas se assemelham muito à fases individuais de um jogo linear, assim como a estrutura de Demon’s Souls, só que tudo colado em um mapa só. É interessante pensar nisso como um ponto forte de Dark Souls II, um jogo que sacrifica sua lógica espacial e até lúdica (alterando a abordagem de progressão de seu antecessor mesmo seguindo a mesma estrutura) para estimular as sensações causadas através dessa aventura.

E falando sobre sensações, o quão maluco eu iria parecer se eu falasse que pra mim DSII tem o melhor planejamento de áreas de souls? Não necessariamente o level design ou ambientação, mas sim a forma em que a progressão é configurada.

Eu consigo entender a obsessão da From Software com fogo, mas não consigo deixar de achar engraçado — toda área inicial de souls envolve isso. Em Boletaria (1–1) de Demon’s Souls, os inimigos dropam bombas de fogo e turpentina mostrando que são itens úteis contra os falanges (inimigos comuns que se juntam como o chefe da área). Em Dark Souls os inimigos de Undead Burg também dropam bomba de fogo e é super útil contra o Taurus Demon. E chegando na floresta dos gigantes de Dark Souls II… várias armadilhas envolvendo barris explosivos, uma espada imbuída com fogo numa caverna com um lagarto que cospe fogo, uma parede que quebra explodindo, e por aí vai. Eu diria que é uma das áreas mais “convencionais” do jogo junto com a Bastilha no que diz respeito ao level design e progressão, mas gosto muito da mística dela de ser um castelo meio que em ruínas coberto pela floresta.

Heide’s Tower é também uma opção como área inicial proposta pelo jogo, e acho interessante como ela é montada: caminhos super lineares e estreitos que abusam bem da movimentação limitada do jogo, contra golens gigantes tentando te matar a todo custo. É uma área que eu aprendi a gostar com o tempo, porque apesar de ter um layout extremamente simples, é legal pensar na existência dela como uma trilha abaixo do lindo sol de Majula e acima dos mares daquela terra — e também é muito foda ter duas alavancas como recompensa de dois trechos específicos da área, uma para facilitar a luta contra o Dragonrider (o que é bem criativo) e outra pra liberar o Old Dragonslayer. E depois dessa área, chegamos no lugar que eu provavelmente considero a melhor fase do jogo base: o cais dos piratas.

No-Man’s Wharf é a primeira área do jogo em que eu senti a aventura surgindo de uma forma mais mecânica — a progressão da área parte da ideia de uma invasão à um território perturbado e desconhecido. O aggro dos inimigos cobre a área inteira e no começo eu ficava um pouco irritado com isso, mas aí que eu percebi — eles têm alguma culpa de eu estar matando-os e saqueando-os? A forma em que a área é estruturada, de uma forma meio diagonal com casas nos cantos e caminhos envolta, subindo o tempo todo entre as casas até chegar na alavanca com o sino para chamar o navio e descer tudo de volta até o começo da área, assim completando o zig-zag que ela induz você a fazer, é algo que me encanta muito. Tendo como uma ótima opção o uso da mecânica de tochas e iluminação — não só para iluminar o caminho mas também para assustar certos inimigos da área (que têm medo de fogo). É interessante notar também que rolar na água apaga o fogo, o que adiciona um desafio a mais caso você enfrente-os na parte de baixo antes do navio. É uma das minhas áreas favoritas do jogo e também a primeira fase onde ele te estimula a entender um habitat diferente do que já é familiar pro jogador, o que foi uma experiência muito mágica pra mim.

Outra área que se destaca bastante também é Earthen Peak, um moinho estruturado verticalmente cheio de armadilhas e obstáculos que te envenenam — morri MUITO nela e foi muito libertador queimar o moinho pra tirar todo o veneno dele e do pântano que vem antes. Os inimigos batendo e se envenenando com os obstáculos da área me faz pensar o quão idiota é o combate do jogo e suas soluções, e algo que eu aprecio muito dentro disso é o fato dos controles serem lentos, exóticos mas atraentes de certa forma, e as forças externas que te antagonizam serem mais lentas ainda: os mobs do jogo são burros com uma IA simples e um aggro idiota, facilmente loopável e exploitável. E eu gosto bastante disso, porque fortalece a energia simpática do jogo que, de forma verbalizada, é a energia de um jogo que “parece ter sido feito por uma criança” — o combate é lento, pouco desafiador, os inimigos não sabem lutar, a duração dos rolamentos e seus iframes tão presos num atributo que tu precisa upar, as armaduras tão ali pra dano elemental e estilo, os startup frames do parry tem a duração de uma década, e boa parte das builds quebram muito o balanceamento do jogo — mas é aí que tá a graça, mesmo sendo essa bagunça inefável que a jogabilidade é, a união desses fatores resultam em um RPG de ação extremamente divertido e interessante. E voltando pra Earthen Peak, é engraçado como as armadilhas não tão nem perto de serem tão ameaçadoras quanto as de, sei lá, Sen’s Fortress por exemplo, e mesmo assim eu precisei ter um cuidado enorme pra otimizar minhas runs por conta do dano de alguns inimigos (aquelas piromantes imbecis), do dano do VENENO (que é absurdo em comparação aos outros da trilogia) e do posicionamento dos inimigos num geral.

Logo depois da bossfight, você sobe um elevador pra… uma masmorra encima de um… chão de lava? E essa é, por incrivel que pareça, uma das maiores reclamações em certos círculos contra o jogo, e segue justamente o que falei antes: Dark Souls II, em prol de sua fantasia, sacrifica verossimilhança e sentido geográfico de seu mundo para estimular o sensorial. E a chegada em Iron Keep é um dos momentos mais mágicos do jogo — mesmo não sendo o maior fã da área (que por incrível que pareça, é a fase com mais ação no jogo), é absurdo a troca repentina de ambientes e o quanto isso reflete no resto do jogo. Acho que mesmo considerando que DSII talvez não tenha o conjunto de áreas com a maior variedade dentro da trilogia (por questões de consistência), ele definitivamente tem o maior alcance entre as diferenças de configurações delas, principalmente de uma forma temática — começamos pela floresta dos gigantes, fomos até o cais dos piratas e agora estamos falando sobre uma fortaleza de ferro em cima de um piso de lava.

The Gutter, uma das minhas áreas favoritas do jogo, também segue uma progressão bastante criativa: misturando o layout de pisos de madeira mal arranjados que tínhamos em Blighttown + a gimmick da luz apagada similar à de Tomb of the Giants, porque o jogo te força a usar a mecânica das tochas pra iluminar as velas posicionadas pelo caminho e o melhor de tudo é que elas são salvas toda vez que você volta pra bonfire, o que facilita as runbacks e o backtracking da área e deixa a exploração bem mais divertida. Shaded Woods, uma das áreas mais exóticas e subestimadas do jogo, começa com um desafio super interessante: derrotar inimigos invisíveis numa floresta nebulosa — sem lock-on, com pouca visão deles e árvores no meio delimitando seu espaço de combate. A área estimulou muito mais meu cérebro a pensar em diferentes estratégias pra lidar com eles e lootear a área. E logo depois dessa parte, é engraçado pensar que mesmo com um dos inimigos mais fortes do jogo (os leoninos), o maior desafio da área se torna os vasos que amaldiçoam, e eu nunca vou esquecer de quando eu cai no poço de corrosão e quebrei TODO o meu equipamento por ter demorado pra raciocinar o que tava acontecendo. É curioso pensar que você pode pular a área inteira (desde os fantasmas até a parte com os vasos) sem muita dificuldade e ir direto pro boss, porque a forma em que essa área é estruturada é de fato bem esquisita.

Dito tudo isso, minha experiência com cada área do jogo, mesmo que como fases individuais, serve bem para exemplificar o ponto de Dark Souls II ser um jogo com um foco muito maior em aventura do que os outros dois da trilogia, em que a ação é mais presente. Exploração liberada através de dispositivos específicos do mapa, layouts bizarros e pouco intuitivos que atiçam a curiosidade do player de uma forma interessante, formas pouco convencionais de lidar com os desafios que vão além de “matar os inimigos e não morrer”, e por aí vai.

Mas e os chefes? Dark Souls II tem 41 bosses no total e isso é coisa DEMAIS em comparação com os outros dois da trilogia. E mesmo com tudo isso, vários deles seguem alguma mecânica ou quirkzinho específico pra diferenciar a luta, o que deixa as coisas bem mais charmosas na minha cabeça: o Dragonrider podendo ser enfrentado com uma arena maior dependendo da sua progressão na área, o Pursuer que morre com dois tiros de balista (intencionalmente posicionadas pra isso acontecer), a carroça que precisa ser derrotada ou à longa distância ou fechando o portão pra derrubá-la, o Covetous Demon que persegue os undeads dos vasos que você pode quebrar na arena, o Looking Glass Knight que spawna players no meio da luta, e mais um monte de outros detalhes peculiares e criativos que inseriram no meio das lutas.

E tudo isso deixa o jogo não só mais interessante de uma forma lúdica e palpável, mas também sensorial: Dark Souls II não é um jogo de grandes ambições, mas sim de várias ideias e bizarrices que estimulam diversas sensações diferentes. De certa forma, lembra filosofias de RPGs ocidentais passados. Um dos momentos mais memoráveis do jogo pra mim é passar por Shrine of Amana e perceber que só 20% da área é explorável em um caminho extremamente linear e guiado pela canção das Milfanitos, montar estratégias pra lidar com os magos, derrotar o Demon of Song e descobrir que ele tava cantando para atrair humanos e devorá-los — é um dos trechos do jogo que mais brinca com sua fantasia.

É um jogo que não tenta ser grandioso, e até quando tenta ele mantém sua vibe de aventura imaginada por uma criança — como por exemplo, Dragon Eerie, o lar dos dragões.

E é aí que a gente chega nas DLCs. Dungeons grandiosas que são resolvidas através de dispositivos orgânicos dentro do desafio — os “interruptores” de pedra que descem e sobem plataformas em Shulva, o design de progressão lock and key de Brume Tower e o gelo derretido pelas chamas do caos em Eleum Loyce — as três DLCs são monumentos ambiciosos que giram ao redor de puzzles que ajudam a manter o espírito de aventura do jogo.

Se as áreas do jogo base são espaços informais em relação à progressão locais onde são situadas, as DLCs tentam replicar a complexidade de áreas do primeiro Dark Souls com diversos atalhos e trechos detalhados que se interconectam ao longo da progressão — e é na DLC Old Ivory King onde tudo isso se culmina.

Um castelo gigante onde a progressão é baseada num vai e volta extenso através da área, muito de Eleum Loyce me lembra a forma em que as áreas do primeiro jogo são arquitetadas, mas seguindo a própria filosofia de aventura de DSII — você precisa progredir pela área até encontrar o item chave pra conseguir enxergar o Aava, o boss invisível, e derrotar ele descongela metade da área pra tu poder explorar e recrutar os cavaleiros que te ajudam na luta contra o rei de marfim — e a parte mais bizarra disso tudo é que se você for bom o suficiente, pode enfrentar ambos os chefes (o Aava invisível e o Ivory King sem liberar os cavaleiros) e zerar a DLC skippando a área INTEIRA. Eleum Loyce, pra mim, é a melhor área do jogo por ser o melhor exemplo de como a progressão de DSII é estruturada dentro do planejamento das fases.

E aí temos um grande problema: Frigid Outskirts. A área mais única do jogo, e consequentemente… a mais frustrante também. Encontrar um estágio secreto coberto por uma gimmick baseada no clima da área — a tempestade de neve impedindo sua visão, o sol sendo o maior guia para chegar até o boss e os cavalos te perseguindo toda vez que a nevasca chega… é uma das experiências mais únicas que o jogo proporciona. E é engraçado pensar que essa área é um deserto absurdamente grande com pouco loot e poucos inimigos pré-distribuídos, e levando isso em consideração, boa parte do meu apreço pela área tá na sensualidade espacial dela — andar nela com um rumo incerto com seus NPCs como parceiros de jornada enquanto cavalos aparecem do nada dando jumpscare num espaço onde quase nada é visivel, é de fato, uma das coisas mais “Dark Souls II” já feitas.

No fim da DLC, enfrentar o Ivory King é provavelmente meu momento favorito do jogo. É uma luta contra um humanoide onde a experiência se centraliza mais na batalha em equipe, parecendo um xadrez com peças escuras e claras, e aproveitar toda essa cena com a Lucatiel sendo summonável é algo realmente inesquecível.

Com exceção de Eleum Loyce, nada do jogo me “impressiona” exatamente, e muito do que eu aprecio nele é causado por pequenos estímulos ao interagir com a magia dele, com as gracinhas que ele tenta fazer, com o quão patético são certas coisas (um rato gigante que reutiliza o moveset do Sif do primeiro jogo pra causar uma sensação oposta, por exemplo), o quão engraçado o jogo é, o quão humanos e palpáveis são os NPCs, a narrativa, e o quão intimista é essa aventura. É um jogo um tanto infantil, que parece ter sido feito por crianças para impressionar adultos, com suas tentativas imaturas mas charmosas de imaginar algo legal.

Dark Souls II segue sendo uma mentira, um jogo que vive diante à luz de seu antecessor e às sombras de seu sucessor —

“There is no path.

Beyond the scope of light, beyond the reach of Dark…

…what could possibly await us?

And yet, we seek it, insatiably…

Such is our fate.”

e que aborda diversos temas que falam sobre a cronologia dos ciclos da humanidade e de como isso afeta as pessoas na parte ontológica do ser — quem fomos, quem somos e quem seremos. E isso reflete em como o jogo se comporta como sequência de Dark Souls e sua essência dentro da trilogia.

“Sometimes, I feel obsessed… with this insignificant thing called “self”.

But even so, I am compelled to preserve it.

Am I wrong to feel so? Surely you’d do the same, in my shoes?

Maybe we’re all cursed…

From the moment we’re born…”

– Lucatiel of Mirrah

Não terminei o modo historia ainda mas nem preciso pra saber que esse jogo é o peak of fiction

FFXV's a ghost game, a haunting. the immaterial remnants of Versus XIII's blighted development history in conflict with the internal nightmare dialectics that inform modern final fantasy. from the weightless combat and absent storytelling to the lifeless world and characters, this is a game defined by nothing. a game that says nothing. a game that does nothing. a thousand ideas, all equally formless and unsatisfying outside of those brief moments before first contact

it's in the dead landscapes dotted with little more than gas stations and rest stops where nameless, faceless motorists drive endlessly from nowhere to nowhere. it's in the way we're told of rich, meaningful bonds without ever seeing them firsthand. it's in the way virtually every interaction prioritizes presentation over active involvement. enormous vacancy disguised by ostentatious pageantry; simulacrum within simulacrum, every moving part uncanny and ersatz. the plot, the road trip, the party, the relationships, the core mechanics — nothing coheres, nothing is substantiated, and nothing feels real. this software isn't real. it doesn't exist

by the midpoint even the pretense of wholeness or congruency erodes entirely. hours and hours of empty spectacle and collapsing narrative slip away and in the unearned pathos of its closing moments you're left with one final display of pure artifice: an ending to a game that never really occurred

Does anybody else get exhausted of our cultural tendency to immediately lump any given piece of media into concrete categories like "good" or "bad", the latter often attributing a sort of spiritual disposability to said piece of media? Like, in a vacuum, I guess it's not the worst thing we can do, and it's something you shouldn't be ashamed of doing or something you have to stop doing outright if you just really love or really hate something, but it does tend to have this knock on effect where we don't have to engage with media once we've categorized something as either "peak" or "dogshit".

Because of that sort of black-and-white mindset, Gamer Discourse just ended up eviscerating all discussion of Final Fantasy XIII when it came out, and in all honesty probably bled into the potential enjoyment other people may have otherwise received from the game. I'm not a psychologist I can't prove that, but like, it happened to me for a long time until I broke out of that mindset! Not saying people have to suddenly like FF13, or that we have to completely flip the discourse around towards largely positive, but it's pretty cool that Final Fantasy XIII even exists imho!! Like, how many AAA sci-fi fantasy RPG epics were we even getting during that era of gaming? I won't say it's as overall satisfying or as complete feeling of a work when up against most other Final Fantasy titles, and maybe even other RPGs of similar budget and scope, but I enjoyed my time with it despite it kind of having a Wind Waker-ian malaise to it (I mean that in both a good and bad way, but mostly a good way!! btw while we're hanging out in the parentheses dimension misusing basic conventions of punctuation and general formatting, does anybody else want to eat the little spheres in the Crystarium? They look like tasty little candies to me, probably even tastier than materia).

The basic combat system is contentious for a reason, but it's kinda sick as hell in a way I both love and despise. It's like, attempting to replicate the feeling of turn-based combat -- which is a style of gameplay that typically abstracts interactions between entities for the sake of compartmentalizing actions to allow strategy to be coherent for the player -- while ostensibly (and correct me if I'm wrong about how this game actually functions) being an action game that the player only tangentially controls. Even in the event that the player has chosen to manually select abilities, the other two thirds of your party still remain uncontrollable, but they function within the specific physical minutiae of an action game that Square Enix has created but that we are not allowed to play directly. In opposition to similar systems like maybe Chrono Trigger or Dragon Quest IX, characters and enemies move in realtime, collide with other models, and can get hurt by splash damage (a particularly frustrating aspect of the combat system when afaik you cannot change the position of a character without making them perform an action that would require them to move); it's not always an immediately pertinent aspect of the game's combat, but it's something that remained on my mind consistently after I noticed it.

The result, along with its almost proto-Yokai Watch-esque approach to RPG strategy, is combat that can often make you feel like you just coached somebody else into getting a SSS rank in a Devil May Cry game, but equally ends up being probably the closest a video game has ever gotten to replicate the feeling of what it's like to drive a car in a dream? Idk if anybody else has dreams like that where you're in a dream, and you're trying to drive a car, and it is NOT working AT ALL, and you kind of just swerve all the over place and kinda noclip through dream terrain until it gets too scary and you wake up. Maybe that's just me?

Dream logic is also a pretty fuckin' apt way to describe Final Fantasy XIII's plotting and narrative delivery. Final Fantasy XIII is like an obscure OVA of itself that's been spread out across 40 hours? It's feeling abridged in this bizarre but kinda charming way like, damn I shoulda read the manga of this one before buying the VHS, I guess. So much of what happens on screen is just not explained diegetically at all, which I wasn't a huge fan of in Final Fantasy VIII either, but I heard you could go to Selphie's custom GeoCities site in-game to see what the fuck everything is and means. Never did it myself, but I love that there it's at least seemingly diegetic. To be clear, I think in-game encyclopedias are cool as hell and I'm glad it exists in Final Fantasy XIII, every game needs a Piklopedia-esque feature as far I'm concerned, but I kinda like ending up there out of curiosity and not so much obligation. Maybe it's because I have issues with authority? I don't like being told what to do? I dunno. For what it's worth though, I don't think it outright ruined my enjoyment of Final Fantasy XIII.

I probably enjoyed Final Fantasy XIII more than at least three or four other mainline Final Fantasy titles, and I think it's unabashedly one of the most Final Fantasy entries in the series. I love the character designs (Lightning and Fang in particular Appeal to My Interests), I had fun with the combat sometimes, music is sick as hell; the visual concept of Cocoon and Pulse is powerful shit, though it feels underutilized both functionally and thematically. The game overall has this really rad 80s/90s anime vibe but with those sleek 00s sci-fi aesthetic touches; it's almost like Toriyama and team were making a secret AAA Phantasy Star title. The game is way more gorgeous than it has any right to be, which is unfortunately sometimes all the game is.

I wanted to kick down the door and scream "IT'S NOT HALLWAYS IT'S NOT HALLWAYS" so badly, but unfortunately, it is definitely hallways. Which isn't inherently a bad thing, Final Fantasy VII Remake's also hallways! But I think what makes it particularly excruciating in Final Fantasy XIII is that that's kind of all it is, and many environments repeat ad nauseam (that fuckin' forest level was definitely overkill with the same exact environmental structures over and over with only a couple narrative chokepoints to break up the pace), an issue that I don't remember the other Final Fantasy with a similar structure, Final Fantasy X, really having. This isn't something that's necessarily new to Final Fantasy at least, I think my least favorite aspect about going back to the pre-PSX Final Fantasy titles is The Caves. I wanna say Final Fantasy V was probably the best about it, but it got really bad in Final Fantasy VI sometimes and that game manages to be good as hell in spite of that.

Except, Final Fantasy VI does share some other issues with Final Fantasy XIII, like awkward scripts and translation, but I suppose it's a lot more noticeable in Final Fantasy XIII when real people are speaking dialogue that no person would ever say ever. I think my favorite "this translator was maybe being overworked god I hope they paid them enough at least" moment was when a villain told one of the good guys that "the next time you open your eyes will be the last" which like, what does that even fucking mean in the context of English. Like I've taken a decade of Japanese studies so I know it's most likely a direct translation of a vaguely idiomatic expression for "waking up", but it's so fucking funny that it got to the voice actor phase and nobody questioned it. I'm not even like, clowning on it, it's just extremely interesting to me.

Either way, my point isn't to say Final Fantasy VI or any other Final Fantasy is actually the Bad Game, my point is that Final Fantasy XIII is a reflection of the games that came before it both conceptually and logistically and maybe we should give it a break sometimes because it's a decently enjoyable experience when you aren't being cranky about the parts that maybe aren't perfect. And I won't lie, I definitely got cranky a few times; ironically I got the most crankiest at the point of the game that most people claim is "when it gets good". Friend, the game was already good, putting in a Xenoblade level isn't gonna suddenly make the game worth it, you either bought into it by that point, or you didn't, honestly.

One more thing that's sorely missing from Final Fantasy XIII though: minigames or minigame adjacent activities. Like, I think in this game of all games, a little extra would've gone a long way cuz sooooo fucking much of the game is just fighting the same exact guys over and over. I don't even think there's puzzles? I hated the puzzles in Final Fantasy X, but by the end of Final Fantasy XIII I almost missed them. They also find ways to put more of the same enemies in levels that by all means should NOT have those enemies, and like I get it, it's an issue that Final Fantasy X ran into as well, at a high enough fidelity it's probably not possible to make enough unique models/enemy types to fill out an entire 40 hour RPG's worth of content, but the lack of variety is notably pretty rough in XIII. I think the best signifier of that is how early and often you fight behemoths, a mob that's typically reserved for like, the last few dungeons of a given Final Fantasy title if not the final level outright. Plus, battles end up feeling pretty exhausting like, at least in Final Fantasy X the bosses with a bajillion health points are being fought via a fully turn-based system; the battles are strategically more simple in XIII, but they always took a lot more out of me due to the relatively fast pace of the action itself and the amount of moment-to-moment babysitting you're engaging in.

I don't really feel like getting into spoiler territory for this one, not that I think it's even possible to spoil anything about Final Fantasy XIII that aren't things you'd find out in the first few chapters or so anyways, but either way, lemme awkwardly transition to a conclusion where I talk about Lightning. She's probably in my like, top 10 favorite fictional characters designs despite Final Fantasy XIII not even breaching my top 100 favorite games. She's like, if you combined Utena Tenjou with Cloud Strife and Squall Leonhart. She kinda sucks really bad as a person early on, but I like that she grows from her whole "being a cop who punches people for no good reason" phase after getting scolded by a lesbian for being that way. Pretty excited to see how they simultaneously ruin her characterization and make her even cooler in the other two games in the trilogy! Half expecting Lightning Returns to end up as my favorite of the trilogy since it looks like it's the funniest, but we'll see.

Also I originally had this whole bit at the beginning about the tangential relationship being Sonic the Hedgehog (2006) and Final Fantasy XIII, but I dropped it cuz I couldn't really work it into a broader cohesive point, but I think they're cool fucked up 7th gen console zeitgeist siblings, and my brain just associates them with each other cuz of that. Anyways, this discussion is pretty much pointless because we ALL know and have unanimously agreed upon as a culture that Final Fantasy XV is the actual best Final Fantasy.

Olha sinceramente, eu acho muita sacanagem a desfeita que a Atlus faz dessa duologia, já que esses dois entregaram uma história que eu não imaginava ver na franquia persona.
Eu fico surpreso pq essa continuação é muito perfeita, ela melhora tudo em questão de gameplay do anterior e mesmo tendo um cast totalmente diferente ele ainda desenvolve esses personagens de um jeito maravilhoso, isso me deixou muito ansioso pra ver como podem trabalhar eles num possível remake. A espera pra eu jogar essas pedradas valeram a pena.

Quando a gameplay dessa desgraça finalmente clica, esse jogo vira tipo uma das melhores coisas do universo.
MOKUJIN MY BELOVED