Donut County é daqueles tipos de jogo que não possuem dificuldade, feitos somente para ter interatividade enquanto se conta uma história ou se desenvolve a mecânica principal.

Na época do PS2, um jogo chamado Katamari trouxe o conceito de rolar uma bolinha que aglutinava coisas que você passava por cima, se tornando cada vez mais maior, permitindo agregar ao bolo objetos cada vez maiores.

Aqui em Donut, quem vai se tornando cada vez maior é o buraco que você usa para ir engolindo as coisas. Esse design cria uma espécie de quebra-cabeças suave e similar a Katamari onde você precisa pegar as coisas menores primeiros e só depois consegue pegar as maiores.

Assim se cria um confortável loop onde estranhamente a sensação de derrubar coisas dentro de um buraco toma forma, entrecortado com cenas de diálogos entre os personagens que protagonizam a trama. Não há incentivo a recorde, seja em pontuação ou tempo de execução, tudo pra garantir o aspecto de conforto e tranquilidade do jogo.

O roteiro é super simples, recheado de humor bobinho e sem muita pretensão, contribuindo ainda mais pra deixar toda a experiência leve. As cenas são curtas e adotam uma estrutura não-linear de narrativa, de forma a recontar como a situação da cidade chegou ao ponto que chegou.

Cada morador conta sua história, compreendendo cada fase, e por fim há um desfecho que utiliza todas as submecânicas que serão adicionadas ao longo do jogo, que é curtinho.

Eu gostaria que tivesse inclusive mais quebra-cabeças com o uso da catapulta, por exemplo, mas entendo que aumentaria a complexidade do jogo e diminuiria seu caráter superleve de diversão descompromissada.

Até um comentário mais ácido anticapitalista passa quase que despercebido por conta do tom superficial e leve do jogo. Fica tão somente como um comentário solto, que podemos entender como uma sutil contribuição temática para quem deseja extrair mais do jogo, filosoficamente falando.

Reviewed on Jan 27, 2023


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