Eu lembro em 2016, quando o jogo Her Story ganhou vários prêmios na GDC, de ficar animado como algo com um grande significado para mim estava sendo reconhecido em uma premiação. Tinha jogado anteriormente e fiquei fascinado com o modo que o jogo contou a sua história e como me conduziu naquela experiência única que eu nunca tinha vivido antes.

Também lembro sobre os debates que surgiram, se Her Story poderia ser considerado realmente um jogo. Uma interface, um sistema de busca e vídeos formam um jogo? E é claro que como sempre, essa é uma discussão que seria muito interessante de se fazer, não fosse o intuito de gamers™️ de desqualificar qualquer coisa que não tivesse skill tree, micro transações e gráficos ultrarrealistas.

No final, essa discussão serviu mais para engrandecer os grandes feitos dessa obra, que é um marco importante para mim, que me ajudou a abrir a minha mente para o que pode ser um jogo e o que podemos alcançar quando certas barreiras são quebradas e certas premissas são questionadas.

A Little to the Left não é Her Story. Não é exatamente inovador, não me impactou, não me fez repensar a maneira como em encaro jogos. É uma experiência tranquila e descompromissada para quem quer jogar algo simples sem grandes surpresas.

No entanto, acho que ao terminar, me fez pensar que eu fico contente de estar vivendo em uma época que, por diversos fatores, traz essa diversidade de experiências possível. Ficar arrumando objetos em gavetas, alinhando desenhos, ordenando coisas, é um jogo? Esse talvez fosse um questionamento, não fosse hoje esse tipo de jogo não ser mais algo tão único. Unpacked ou Assemble with Care são dois jogos com uma pegada parecida descompromissada de transformar tarefas mundanas em jogos despretensiosos.

E que bom que jogos como esse possam existir sem precisarem se tornar um grande argumento sobre o que é um jogo. Que época boa para jogar.