O ano de 2023 está sendo recheado de grandes lançamentos, e entre eles está Starfield, o mais novo RPG de ficção científica da Bethesda Game Studios, responsável por algumas das franquias mais conhecidas dos games - The Elder Scrolls e Fallout -, lançado em setembro desse ano para Xbox Series e PC. Por que estou fazendo tanta questão de dizer isso? Starfield é praticamente o primeiro jogo deles fora do universo dessas franquias em toda a sua existência, e esse é um marco importante para o estúdio.
Depois de praticamente um mês e meio, passando praticamente 90% do meu tempo no xbox jogando ele, eu terminei a minha jornada com quase 60 horas, igual a quase 2 dias e meio. Fiz a história principal e várias missões secundárias, sejam missões de facções ou missões normais, além da exploração à parte dos sistemas solares e planetas. Pode parecer muito, mas ainda tem muita coisa que falta explorar no jogo, seja missões, facções etc.
O jogo foi um dos mais esperados do ano e, sem sombra de dúvidas, o mais esperado para mim. Mas será que toda a expectativa foi alcançada e o hype valeu a pena?
Antes de tudo, quero algumas coisas claras:
- Caso você não queira ver tudo porque ficou bem grande, mais pra baixo eu fiz um resumo dessa review com alguns pontos principais.
- Se você estava esperando um simulador espacial, como No Man’s Sky ou um Star Citizen, pode tirar seu cavalinho da chuva. Starfield é essencialmente um RPG, que nem os outros jogos da Bethesda, com foco em diálogos, missões e história, sendo a exploração e toda a “simulação” um ponto secundário.
- Na minha opinião, o jogo claramente não é nenhum dos dois extremos vistos nas redes sociais. Ele não é nem o “jogo da geração”, mas também não merecia o nível do hate que recebeu. Claro, críticas são aceitáveis e totalmente existentes, inclusive farei várias críticas sobre o jogo. O jogo foi hateado injustamente, já que não é “medíocre” do jeito que estavam falando.
- Irei tentar trazer o mínimo de spoiler possível sobre o jogo e a história.
- Esse é praticamente o meu primeiro jogo da Bethesda. Já joguei Skyrim uma vez e não foi muito meu tipo – mas vi algumas gameplays a mais de Skyrim e Fallout 4. Quero deixar claro pois a minha experiência pode ter sido/ser completamente diferente da sua (OBS: Pretendo jogar Fallout 4, mas tenho uma pendências antes hehehe)
- O que eu falar aqui é a MINHA OPINIÃO sobre o jogo pelo que eu joguei, se você não concordar, ter gostado mais do que eu ou ter odiado mais do que eu, tá tudo bem! Nenhum jogo é para todo mundo! :)

Tenho deixado tudo claro então, vamos para a review!

ENREDO PRINCIPAL/SINOPSE/PERSONAGENS PRINCIPAIS/CONSTELAÇÃO
O jogo se passa em 2330, onde começamos nossa jornada, com diversos acontecimentos importantes acontecendo antes disso, como a Guerra das Colônias (e o fim delas), a colonização de Marte e da Lua, a Terra se tornando inabitável, além da formação da Constelação – a principal organização do jogo – como conhecemos. No site de Starfield, a cronologia está mais detalhada. A humanidade se estabeleceu em diversos sistemas e planetas, literalmente se tornando “espacial”.
Começamos a sua jornada como um minerador da Argos Extractor contratada pela Constelação em um planeta distante, em que, depois de alguns acontecimentos extremamente relevantes, você se torna parte dela. Você vai ter que passar por algumas situações rápidas até chegar em New Atlantis, a principal cidade do jogo e falar com a líder da Constelação, Sarah Morgan. A história é praticamente centrada na Constelação e seus membros.
A Constelação é nada mais nada menos que a principal organização do jogo, fundada por um explorador alguns anos antes da nossa jornada, e está estabelecida na Guarita (sede da facção em New Atlantis) e no Olho (estação espacial aos redores de Jemison, planeta onde está situada New Atlantis) , com o objetivo de descobrir os mistérios da humanidade e se definem como os últimos exploradores do Universo.
No contexto da nossa jornada, o foco atual da Constelação é descobrir mais sobre os Artefatos, um conjunto de fragmentos criados por espécies alienígenas até então “desconhecidas” que vão sendo explicadas mais pra frente, sejam as origens, onde estão e suas consequências.
Os personagens principais são no geral bem construídos e simpáticos, estando praticamente ligados à Constelação em diversas funções, como a Sarah Morgan (líder da Constelação), Barrett (aventureiro), Sam Coe (explorador), o adorável robô Vasco, entre outros. Existem algumas exceções, mas que ainda sim também são bem construídos. Uma curiosidade até que interessante é que é possível se casar com alguns personagens principais, função que é “desbloqueada” ao passar das missões.
A história/missões principais é realmente muito boa, sendo um dos principais pontos positivos do jogo para mim. O início é bem chato e cansativo, mas assim como Red Dead Redemption 2, a coisa vai ficando cada vez mais interessante e legal com o passar do tempo. Outra coisa importante é que em alguns momentos será necessário escolher entre duas opções, e que terão consequências futuras na história (Olho ou Guarita, Caçador ou Arauto) – calma, isso fará sentido conforme você vai avançando se você jogar.

PERSONALIZAÇÃO DO PERSONAGEM e ATRIBUTOS
Bem no começo do jogo, é dada a opção de personalização do personagem, um ponto muito importante por se tratar de um RPG. No meu ver, essa função é bem variada, tanto nos estilos de rosto, cabelo, sobrancelhas, até nos tipos de arcadas/dentes e mandíbula, piercings e tatuagens – dá para ficar um bom tempinho lá. Mas calma, se você se arrependeu do que fez ou quer mudar alguma coisa dele, existe uma “loja” chamada Enhanced nas cidades que permite você personalizar o seu personagem “de novo” e quantas vezes quiser, mas dessa vez com uma taxa kkkk.
Além disso, você pode escolher os atributos do seu personagem, que são muitos, em que cada um deles tem suas vantagens (e desvantagens) – e se eu não me engano, estes não são possíveis de serem mudados.

MISSÕES SECUNDÁRIAS/FACÇÕES
As missões secundárias são ótimas. Eu joguei várias delas e achei muito bem-feitas e organizadas, principalmente as de facções. Só para ter uma ideia, eu comecei a história principal com 40 horas de jogo de tão entretido que estava com elas. Aqui vão um pouco das secundárias que eu joguei e mais gostei:
- Vanguarda: nessa missão, você entra para a Vanguarda (UC Vanguard), braço de recrutamento da United Colonies (UC), uma das principais facções, que comanda alguns dos sistemas colonizados. Literalmente você é mandado para alguns testes de nave e uma missão que teoricamente era para ser simples, mas TUDO muda. Eu não vou contar mais sobre, mas essa missão é uma das melhores do jogo, seja pelo planejamento, personagens e momentos de ação com uma “pitada” de terror.
- UC Defysis x Frota Escarlate: em uma das primeiras vezes que você for preso, ou em alguma outra situação, você será chamado pelo comandante responsável pela UC Defysis, a divisão de espionagem da United Colonies (UC), para se infiltrar na Frota Escarlate, um grupo de piratas fora-da-lei que roubam a galáxia e cometem diversos crimes, e destruí-la. Isso pode parecer simples, mas sem dúvidas é a missão mais longa dentre as secundárias que eu joguei, além de ser uma das melhores também, com um bom desenrolar da história, mistérios, personagens e variados momentos de ação com animais, humanos e entre naves, onde alguém terá que ser traído...
- Mantis: essa aqui é bem mais curta com as outras, tem bastante ação e tem uma história legal por trás, e tem recompensas bacanas – senti inspiração de um super-herói pra essa aqui (entendedores entenderão)
O jogo ainda possui outras facções e missões que eu não fiz tantas ou nenhuma missão sobre, como a Freestar Collective, responsável por diversos sistemas e planetas, sendo bem inspirada no velho-oeste, e a Ryujin Industries - sim, eu não joguei tudo o que o jogo tem a oferecer.

EXPLORAÇÃO, ENTREPOSTOS e NAVES
A exploração presente no jogo é boa, mas poderia ser bem melhor trabalhada visto a ambição e o escopo do jogo, eu esperava mais. Cada planeta possui poucas estruturas, algumas poucas faunas e floras, e recursos.
Outro ponto negativo que está entrelaçado com a exploração é a falta de veículos para locomoção. Eu senti falta da presença de veículos futuristas temáticos no jogo, principalmente na exploração de planetas que possuem estações abandonadas, fauna e flora. É cansativo ficar andando por muito tempo sem parar, além de trazer cansaço e gasto de oxigênio para o personagem, sem contar que, dependendo da distância, os propulsores não aliviam tanto esse problema. Apesar do diretor do jogo, Todd Howard, ter avisado que isso não estaria presente no jogo, ainda sim senti muita falta disso.
O sistema de entrepostos é bem da hora, em que você pode construir diversas estruturas para coletar e guardar recursos, construir habitações, áreas de pousos de diversas magnitudes, entre outras estruturas. O único ponto negativo é que achei bem complexo, precisando coletar diversos recursos que não são achados no mesmo planeta ou em planetas próximos, tendo que ir de lá pra cá para conseguir tudo.
As naves são bem legais e bem estruturadas também, existindo de diversos tamanhos pré-existentes, ou você mesmo pode montar a sua própria nave, mas junte bastante créditos para isso kkkkkkkk. Um ponto negativo para mim é na hora de pousar nos planetas, em que poderia ter alguma cutscene para “driblar” os loadings.

PLANETAS e CIDADES
O jogo tem muitos, mas muitos planetas mesmo – mais de 1000. Dessa vez o Todd Howard não exagerou nem mentiu kkkkkkk, em que 100 deles possuem vida (fauna e flora).
Eu particularmente preferiria menos (bem menos) planetas – uns 50, 100 planetas, mas com bem mais vida, fauna e flora, recursos por planeta e estruturas – sendo “várias coisas em um só lugar kkkkkkkk”. Mas no geral é bom e organizado. A variedade de recursos, fauna e flora contando tudo é bem legal.

No jogo estão disponíveis algumas cidades, como New Atlantis (a maior do jogo), Neon (uma cidade bem cyberpunk-like e bonita pra caramba), Akila (à la velha oeste), Cydonia (construída debaixo da superfície de Marte) e Gagarin. Elas são bem construídas e estruturadas no geral. Uma coisa que eu gostei muito é que, na maior parte dos prédios e estruturas delas, é possível entrar e interagir, seja com as lojas, centros administrativos, entre outras coisas. Elas são variadas e tem várias lojas, principalmente New Atlantis, que é enorme, sendo dividida por partes (distrito comercial, residencial, administrativo e espaçoporto), com diversas conversas entre NPCs acontecendo e informações.
Como existem diversos problemas, preciso falar desses NPCs que vivem nela: na minha opinião, são horríveis. As animações faciais e a face são péssimas, eles não possuem reação a praticamente nada, apenas ao “conversar” com uma fala pronta: seja com uma 4rm4 ou com um empurrão, eles não reagem, são “sem-vida”. Além disso, New Atlantis é um pouco estranha no quesito de gráficos, mas isso deixo para falar mais pra frente. As partes da cidade tem uma ligação meio estranha e cansativa.
Por incrível que pareça, acabei gostando muito mais de Neon em diversos aspectos que New Atlantis, que é a maior cidade do jogo.

GRÁFICO/DESEMPENHO
Eu sou muito leigo pra falar de gráficos, então aqui vai minha opinião de leigo mesmo. No geral, o jogo tem bons gráficos e uma direção de arte boa, mas nada muito extravagante e que afirma a “nova geração” de consoles. Falando de um modo mais “profundo” isso é variado. Em algumas situações os gráficos são maravilhosos, como em vistas de diversos planetas e em Neon, que é belíssima, e em outros, como na cidade de New Atlantis e em planetas secos, são extremamente borrados, o que acontece mais em áreas externas, sendo perceptível nas folhas, nas árvores e no chão dela.
Mas aqui preciso fazer um elogio: os detalhes das pequenas coisas dentro das naves, dos ambientes, dos objetos e principalmente dos alimentos são muito bons, capricharam demais aqui no meu ver.
Todavia, entretanto, porém, achei a iluminação em muitos momentos bem esquisita mesmo. Em ambientes que deveriam ser mais escuros, como no O Poço (lugar mais afastado e esquecido de New Atlantis) ou na entrada da nave, elas são bem claras – não teve um grande controle sobre isso.

Agora falando de desempenho, vou falar apenas sobre o Series S, que foi onde joguei o jogo. O jogo no geral tem um desempenho ok. Por um lado, ele está com 30 fps estáveis e fluidos. Como um exemplo dessa fluidez, a gunplay é bem fluida, as vezes nem parecendo que o jogo está com a taxa de quadros que está. Em contrapartida, faço bastantes críticas a loadings e crashes. Em diversas vezes que eu estava jogando e ia abrir o menu, o jogo crashava, tendo que fechar e abrir de novo o jogo. Além disso, os loadings são extremamente irritantes, e quando eu digo isso, eu não estou exagerando, estando presentes em praticamente tudo, desde sair de um sistema a outro e de um planeta a outro até entrar e sair da sala de um prédio em uma cidade. No começo pode nem parecer tão problemático, mas depois de um tempo jogando, isso definitivamente vira um problema, e só vai piorando com o passar do tempo. Uma coisa são poucos loadings entre os sistemas e planetas, outra coisa são loadings em praticamente tudo.

PONTOS QUE NÃO ME INCOMODARAM
Vi diversos comentários negativos a respeito de algumas funções do jogo que incomodaram várias pessoas, mas que não me incomodaram em nenhum momento:
- Viagem por fast-travel: diferentemente de No Man’s Sky, onde você pousa sua nave entrando diretamente no planeta, em Starfield, você chega a outros sistemas solares e planetas por meio do fast-travel, ou “viagem rápida”, escolhendo o sistema solar e os planetas por meio de menus. Isso incomodou várias pessoas, que pensavam e queriam que você realmente pudesse pousar apenas indo com a nave até o planeta onde você quer. Sinceramente, isso não me incomodou nem um pouco, aliás até agradeço a Bethesda por ter feito o jogo desse jeito. Imagina o quanto que demoraria para chegar de um sistema solar até outro? Literalmente horas! E eu não tenho tanto tempo e paciência para esperar tanto assim.
- Limite de peso: vi algumas pessoas reclamando a respeito disso, mas isso não incomodou por se tratar de um RPG. Se você jogar The Outer Worlds, um outro RPG espacial, é possível ver que ele também possui limite de peso, é uma característica desses tipos de jogos.
- Menu: sim, coloquei o menu do jogo nesse tópico porque vi gente reclamando no X/Twitter incomodado com o MENU do jogo. Eu penso justamente o contrário – o menu é lindíssimo, ainda mais com a trilha sonora do jogo, que é maravilhosa.

RESUMO/CONCLUSÃO
Starfield é um RPG enorme com ótimas missões e diálogos, personagens muito bons, cidades e planetas no geral bem feitas e uma grande liberdade para o jogador, além de ambientes e naves bem detalhadas por dentro e uma gunplay fluida, bem diferente dos jogos anteriores da desenvolvedora. Todavia, o jogo apresenta diversos defeitos, como gráficos variados dependendo do ambiente (bons em alguns lugares e péssimos em outros), muito loadings, desempenho meio instável nas grandes cidades com vários crashes, NPCs horríveis e animações faciais com avanços no padrão Bethesda, mas ultrapassadas no geral.
Conclusão: Starfield é um jogo muito bom, com diversas qualidades e muita coisa pra fazer, mas que possuem várias falhas que acabam incomodando, sendo meio ultrapassado até, ficando em um meio-termo: nem um jogo “excelente, obra prima, 10/10”, nem um jogo medíocre e horrível.
A nota que eu dou? [4/5], o que equivale a um [8/10].


A MINHA EXPECTATIVA FOI ALCANÇADA E O HYPE VALEU A PENA?
Como eu disse antes, Starfield era um dos jogos mais esperados do ano, juntamente com Resident Evil 4, The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, Spider-Man 2, entre outros, e com isso, a expectativa e o hype aumenta.
A respeito da minha expectativa, sempre vi o jogo como um RPG espacial e que teria problemas. No geral, o jogo atendeu de forma “mista” a essas expectativas e ao meu hype. Em partes como nas missões e na história principal, foi mais do que eu esperava. No que foi mostrado no Starfield Direct (que tudo o que mostraram está no jogo) e em pontos como nos gráficos era o esperado pra mim. Todavia, os loadings e crashes frequentes, iluminação distoante e animações faciais feias e ultrapassaas, por exemplo, eram algo que eu realmente não esperava tanto.

RECOMENDA O JOGO?
Sim, eu recomendo o jogo, principalmente se você gostar de jogos espaciais, RPGs e jogos da Bethesda. Apesar de tudo, o jogo é bem divertido, com uma ótima escrita e missões, com bons personagens e uma boa liberdade. Mas vá em mente que o jogo tem vários problemas e que não é um simulador espacial.
Não acho que vale a pena pagar R$ 350, não necessariamente por conta do jogo, mas sim porque acho que nenhum jogo vale tudo isso, inclusive os melhores.
Se for jogar por meio do Game Pass, então eu digo o seguinte: antes de tudo EXPERIMENTE O JOGO! Não deixe de jogar o jogo apenas pela minha review ou pela dos outros... Nada é melhor do que a própria experiência!

Reviewed on Oct 21, 2023


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