Toda carreira artística carrega um pouco de quem a faz, né?
Como aqueles livros " a vida e obra de fulano" chegam a ser redundantes.
Nossas obras refletem nossas vidas, refletem quem você foi no especifico momento em que deu luz aquela ideia e a executou. Era você ali, apesar de uma versão morta sua.
Sabendo disso, como vai se ver ao olhar nos olhos desses espelho colorido que você criou de si mesme?
A obra se torna viva por essas memórias, por esse pedaço de humanidade que deixamos escapar em cada uma delas (mesmo nas vazias ou industriais), assim sendo como lidamos com ela?
The Hex sabe brincar com camadas do imaginário que acessam essa humanidade nas obras.
Brincar com essa autorreferência é de se esperar do Mullins, mas usar isso para envolver esse conceito de arte viva é convincente e instigante, ainda mais quando lidamos e controlamos (ou vivemos) essas obras e esses personagens, É difícil não sentir que cada um deles tem um pouco da humanidade deixada pelo personagem que os criou no jogo.
Só é uma pena um jogo que em sua camada interna fala tanto dessa humanidade, deixar sua própria humanidade de lado.
Senti falta de uma abertura nesse jogo, de uma conversa próxima, aberta, verdadeira e vulnerável.
No final das contas, uma conversa humana nunca será substituída pela vida e obra de um personagem que nunca viveu.
Fosse esse jogo sincero e real ao seu final em sua humanidade, teria um impacto gigantesco.
Como não é, se torna um jogo hipócrita e que luta para sobreviver nos resquícios de humanidade não intencionais.

Reviewed on Jun 23, 2023


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