Nunca é um bom sinal quando eu me percebo jogando Minecraft novamente. Minecraft volta para a minha vida somente quando tem algo de muito errado com ela. Isso porque não é um jogo, para mim, sobre liberdade, criatividade e aventura, mas sim um jogo sobre organização, compulsão e controle.

Não é a toa ele ter sido um dos jogos mais jogados quando eu estava recém formado, desempregado, sem perspectiva de arranjar qualquer emprego. Minha vida estava um caos e tudo o que eu queria era ter certeza sobre alguma coisa, eu queria me sentir no controle do meu destino.

No jogo, eu passava horas colecionando e categorizando blocos, automatizando drops, acumulando recursos, construindo edifícios, tentando juntar as migalhas de qualquer sensação de agência e controle para me sentir vivo.

Não jogo mais Minecraft hoje, mas ele sempre volta em algum momento. Ele fica na espreita, como um urubu olhando o animal moribundo esperando para tirar uma lasca de carniça. O que me resta é esperar que, cada vez mais cedo, eu consiga entender o que realmente significa em cada momento aquela vontade de começar um mundo novo e criar o primeiro workbench.

Reviewed on Sep 08, 2021


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