A primeira vez que joguei esse game foi no lançamento dele lá no console que me fez me reaproximar dos games, o finado 360 que já comentei em algumas reviews. Esse game veio depois da febre que foi o Far Cry 3 e eu lembro de estar muito empolgado pra ele. Apesar disso, com o tempo acabei esquecendo grande parte da história, lembrava só do Pagan Min e de ter gostado. Mais nada. Resolvi voltar pra ele na intenção de platinar dessa vez e ver se o game era realmente bom ou se eu estava sendo enganado pela memória afetiva.

Far Cry 4 segue a risca a fórmula de sucesso que começou lá no Far Cry, se expandiu no Far Cry 2 e se aperfeiçoou no 3. Sinceramente não lembro se existem muitas mudanças e que pontos diferentes esse tem do anterior, faz muito tempo que joguei o terceiro, pretendo voltar pra ele ainda esse ano. Mas eu devo dizer que nessa aventura, dez anos depois, não só Far Cry 4 se mantém como um puta jogo, mas também como meu favorito da série.

Ainda que a ambientação paradisíaca do Far Cry 3 seja muito mais chamativa pra muita gente, algo nas montanhas de Kyrat me atrai. Não sei se é a fauna e flora extensa, a beleza das montanhas, lagos e florestas no Himalaia, o aconchego que as pequenas vilas Kyratis me trazem ou o misticismo que esse jogo traz ao empregar elementos da cultura Hindu na lore. Pagan Min também segue sendo um grande vilão. Excêntrico, complexo, provocativo. Os personagens também são interessantes e quase nenhum deles presta no fim das contas, tu nunca sabe se tá do lado certo ou errado, já que ambos os lados tem atitudes que não condizem com suas condutas, sejam pro bem ou pro mal.

A gameplay segue muito bem feita, correr, atirar, dominar os postos avançados, libertar as torres de rádio, caminhar até o objetivo e acabar batendo de frente com inimigos, animais selvagens, tudo isso te deixa mergulhado nesse mundo. O tanto de atividades que tu tem, sejam as principais ou as secundárias, são extremamente gostosas de serem feitas. Tanto que os 100% desse jogo não são necessários pra fazer a Platina e mesmo assim tu sente vontade de fazer. Seja descobrindo as cartas perdidas, explorando cavernas atrás das máscaras demoníacas, caçando animais pra pegar peles que tu precisa usar pra melhorar teu inventário.

Outro ponto muito a favor do game pra mim são as missões de Shangri La. Eu simplesmente amo a maneira que usaram o Hinduismo e seus mitos, como os do Rakshasa, para criar uma ambientação com uma aura mística e um clima épico que ao mesmo tempo que é diferente da campanha principal e tenha uma identidade própria, também se encaixa justamente pelas pontuações que o jogo dá na procura das máscaras, nos templos e deuses. Eu gosto tanto que facilmente jogaria um game inteiro ambientado nesse universo explorando heróis e demônios mitológicos Hindus e Indianos.

Como era necessário pra platinar o jogo, também dei uma rápida pincelada no Multiplayer do game e, surpreendentemente, me diverti bastante com ele. Como não é algo que pretendia jogar constantemente, acabei gostando. Com amigos se torna ainda mais divertido, mas acredito que, com o tempo, possa se tornar um tanto repetitivo.

Infelizmente o padrão Ubisoft se encontra aqui em alguns bugs pontuais no cenário, como partes do mapa flutuando ou transparentes. E, em casos mais sérios, um loading infinito que prejudica teu progresso. Tive a sorte de não sofrer durante minha gameplay com isso, mas vi acontecendo em gameplays de amigos e o quanto isso acabava prejudicando a jogatina deles, fazendo com que missões, objetivos e coletáveis fossem perdidos e necessitassem de uma repetição do que tinham acabado de fazer. Outro ponto que eu acho que necessitava de uma atenção são as mecânicas de dirigibilidade, que conta com uma gameplay e uma câmera desajeitada. As vezes a câmera vira pra um lado, mas como o corpo do personagem está pra outro tu acaba se perdendo e isso pode te custar uma morte ou uma capotada. Também lamento que, apesar de Pagan, Amita e Sabal serem personagens bem desenvolvidos, mais ninguém é. Principalmente o protagonista. Ele é o cara que tem que levar as cinzas da mãe pra Kyrat. E só. Acho que podia trazer algo mais interessante, agregar uma complexidade no cara. Nem as decisões que tu toma durante o jogo parecem ter peso na narrativa. E todas elas podem resultar em acontecimentos muito anticlimáticos.

No fim das contas, o saldo que Far Cry 4 me deixa é muito positivo. Foi um game que adorei revisitar, redescobrir e reaproveitar. A sensação de nostalgia me dominou o tempo inteiro e também a sensação de estar desbravando um território novo também. Uma pena a Ubisoft ter relaxado e nunca mais ter tentado sequer dar uma repaginada na franquia, achando que elementos pontuais aqui e ali impediriam a franquia de se tornar cansativa e estagnar. Mas Far Cry 4 definitivamente é um dos títulos da era de ouro da franquia e vale a pena ser revisitado e conhecido por quem nunca encostou nele.

Reviewed on Feb 26, 2024


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