Esse jogo é uma das memórias mais antigas que eu tenho e muito provávelmente foi um dos primeiros contatos que eu tive com um vídeo game, por isso farei essa review com todo amor e carinho do mundo.

Começando com o básico: a arte, as músicas e as ideias desse jogo são bem legais, principalmente as dos poderes. A ideia de juntar os elementos coletados dos inimigos e ir descobrindo aos poucos o que a mistura de cada um faz é linda. Essa mecânica intriga o jogador logo de cara a descobrir os elementos por conta própria, sem ser maçante ou tediosa, de maneira que uma criança conseguiria facilmente ficar entretida. A maioria dos poderes são bem divertidos e criativos, além de serem muitos. Existem tantas misturas de elementos nesse game que alguns deles eu só fui descobrir que existiam já quase zerando o jogo.

Já na parte da história eu devo dizer que fiquei um pouco decepcionado. A ideia daqueles olhos bizarros do inicio possuindo os amigos do Kirby é tão legal que poderia ter sido mantida o jogo inteiro. Eu adoro esse balanço que alguns jogos/desenhos fazem de misturar algo infantil com bizarro, pena que aqui os devs resolveram descartar essa ideia e usá-la só no primeiro mundo. Definitivamente uma boa ideia que foi mal aproveitada (até porquê o resto dos chefes são bem genéricos e esquecíveis).

A decisão de ter feito o Kirby conhecer todos os amiguinhos dele no primeiro mundo logo de cara também é bem mal pensada. Seria muito mais interessante se ele encontrasse esses personagens ao longo dos mundos e que seus minigames aparecessem só depois que ele salvasse eles. A real é que os desenvolvedores colocaram todas as melhores ideias no primeiro mundo e fizeram com que os outros 5 ficassem bem mais genéricos e repetitivos.

Algo que também me deixou meio indignado é como o game design desse jogo não aproveitou do jeito certo sua principal mecânica: os poderes. Colocar momentos em que você é obrigado a estar com uma mistura de elementos específica para pegar um cristal é ridícula. O jogo deveria recompensar o player por descobrir cada mistura de poderes do seu próprio jeito e ritmo e não puni-lo por não estar com uma mistura completamente random num momento extremamente aleatório.

Anyway, é muito louco estar fazendo uma review com 18 anos de um jogo que eu joguei quando eu tinha 4. Kirby 64: The Crystal Shards marcou minha infância e por isso eu guardo ele com muito carinho no coração. Toda vez que meu pai colocava esse game no emulador de nintendo que tinha num PC velho lá em casa, eu brilhava meus olhos e ficava encantado com a possibilidade de poder misturar vários poderes diferentes e usá-los. Eu era tão novinho quando eu joguei isso que eu nem sabia o que era Kirby e me referia a ele como "o jogo da bolinha rosa". Mesmo assim, as lembranças de eu jogando esse game ficaram tatuadas na minha mente pra sempre. Hoje, depois de 14 anos eu pude rejogá-lo inteiro e me aproximar daquele lado mais infantil e inocente que eu tinha deixado pra trás através das memórias que antes estavam soterradas. Reatar fases da vida através de uma experiência com um jogo, isso sim é arte, e Kirby fez isso com excelência na minha vida.

Nota: 6/10

Reviewed on Mar 03, 2023


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