This review contains spoilers

Simulador de gaúcho me surpreendeu

Breve introdução & enrolação desnecessária (no jogo):
Por muito tempo eu enrolei e subestimei esse jogo. Quase fui crucificado pelos meus brother por criticar, mas isso se deve ao fato de que a primeira metade do jogo (fora o epílogo), isto é, até metade fo terceiro capítulo, Red Dead Redemption 2 é o jogo mais chato do mundo. Ele tenta ter muitos elementos que o aproximem da realidade, mas só torna o jogo chato.
Por que eu não posso correr no acampamento?
Por que eu tenho que comprar tônico pra barba crescer? Não da pra ser igual era no GTA V?
Por que, MEU DEUS, tem toda uma animação pra tirar o rifle do cavalo ao em vez dele só spawnar nas minhas costas?
São pequenas coisas que parecem bobas, mas irritam. O jogo já é lento, todas essas questões aproximam sim o jogo da realidade, mas eu não quero realidade, se eu quisesse eu pagava uma aula de equitação em vez de comprar o jogo.
O tutorial é desnecessariamente maçante, longo, pouca ação, pouco tiro. É só andar. Só andar. Legitimamente não existe justificativa, não existe algo interessante, é só diálogo e caminhada a cavalo.
"Ah, mas a história..." - a gente tá em 2023, eu não vou explicar que história em videogame é algo descartável sendo que John Karmack e John Romero já fizeram isso nos anos 90 - "O level design é a lei."
As primeiras missões pós tutoriais também tinham pouca ação. Se resumia em pegar cover em algum lugar e ficar atirando na cabeça dos inimigos até limpar o mapa, a primeira missão interessante é quando precisamos salvar o Micah da cadeia. É tiro pra todos os lados, perseguição a cavalo, guerra sangue violência. Tudo que eu esperava que tivesse do início ao fim.
Depois de um tempo o jogo aprende a fazer missão. Sempre tem tiro, sempre tem adrenalina.
Deixando claro: o que falta no início do jogo não é dificuldade. É inimigo por todos os lados, é perseguição, é tiro! E não simplesmente pegar cover e limpar o mapa com um rifle.

Missões secundárias - ideias intrigantes:
O jogo casa bem as missões principais com o resto do jogo. Porque enquanto tu tá trocando tiro e roubando estabelecimentos nas missões principais, no resto do jogo você pode cuidar do seu cavalo com algumas mecânicas bobas que apesar de simples te fazem criar muito amor pelo teu bixinho (o que é importante de se ter pra um momento específico da história no fim do jogo). E mesmo que tu não se importe tanto com o seu equino pixelado, você também pode focar em comprar ou procurar cavalos rápidos e lendários, é um mercado grande e legal desse jogo (particularmente eu ignorei essa parte, foquei só em cuidar da minha Égua Cusco que eu amo do fundo de minh'alma). Outra coisa divertida dessa parte mais "simulador de faroeste" é a modificação das armas. Minha escopeta de dois canos e meu revólver de vaqueiro, meu deus, eram uma iguaria única do mundo dos pistoleiros! Consigo imaginar elas sendo vendidas no Trato Feito por uma grana braba.
Algumas missões secundárias são desbloqueadas com o decorrer da história, o que é bem legal. Fiz questão de completa-las.
Uma missão secundária que me chamou atenção é a missão em que você precisa caçar alguns pistoleiros soltos pelo mapa, e roubar a pistola lendária deles. Isso é muito legal, gostaria que tivesse mais disso no resto do jogo.
Caçar é bem legal, acho as caças a animais lendários bem mais básicas do que eu esperava, mas são divertidas.

Menos GTA e mais Gun!
A Rockstar precisa lembrar como é não fazer GTA. Nem todos os jogos precisam ser um mundo aberto realista, Red Dead Redemption tem mais a ganhar focando em algo mais arcade como Gun e suas boss fights do que tentando ser esse pseudo-simulador broxa igual GTA (com todo respeito à franquia principal da empresa). Também senti muita falta dos duelos... Tem uma secundária que foca nisso, mas vi ser pouco utilizado nas missões principais.

História cativante e funcional, mas não é um primor.
Eu gostei muito da história do jogo. Ela é cativante, interessante, te instiga a continuar, te emociona, mas não é perfeita como muitos dizem. Carece de desenvolvimento de personagem, PRINCIPALMENTE dos personagens que traem o Arthur e principalmente o John. O Javier mal aparece, o Bill é só grosso, o Micah não é surpresa nenhuma ser um traidor. O Lenny tem um bom desenvolvimento como amigo, que te deixa triste na sua morte, mas o Sean só morre e whatever, sei nem quem é.
O Charles eu só fui ver que existia na reta final do jogo e a Sadie muito legal minha personagem favorita.
O John é outro que só foi ter relevância no fim do jogo e no epílogo, mas de resto... Eu esperava mais, eu queria ver mais dessa relação de irmandade entre ele e o Arthur, mas ela só vem a nascer no fim do jogo. E o Arthur só se importa tanto assim com ele mais por John ter mulher e filho do que de fato uma amizade (embora o jogo deixe claro que eles gostam muito um do outro e que há uma amizade ali, o meu ponto é que essa relação de irmandade é mal desenvolvida).
Outro ponto curioso é a subtrama dos indígenas e de Guarma. Meu pai, como isso é simplesmente jogado na narrativa, né? A subtrama dos indígenas eu sinto ela meio mal amarrada na história, mas tem função, é cativante (principalmente pelo Chuva Caindo que é um ótimo personagem, e a história dele com o Águia Voando é legitimamente emocionante). Agora, Guarma? KKKKKKKKKKKK ELES SÓ TOCARAM ESSE ARCO NO JOGO VSF, PRA QUE? E aquele início, meu deus, 10 minutos ANDANDO. APENAS. Pelo amor, pra que?! Pra encher o saco?

Conclusão!
É um bom jogo, chorei jogando. Ele tem seus erros, mas é um ótimo jogo, vale a pena ser jogado se tu tiver paciência pra jogar a primeira metade. Se não fosse isso, eu teria dado um 4/5.
Recomendo que espere uma boa promoção, não vale a preço cheio. Aliás, nenhum jogo vale. Lutemos por um preço justo aos jogos e aos videogames! 5mil reais é um absurdo, fim a elitização dos jogos!

Reviewed on Aug 11, 2023


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