Esse é um caso em que quase tudo foi feito certo, mas uns poucos erros causaram um estrago que torna a experiência pouco agradável.

Das coisas que foram bem feitas, o Metal Slug Advance é uma proeza técnica, com gráficos e som que mimetizam muito bem a arte conhecida da série. Começando pelo som, é um bom aspecto do jogo, tanto no campo artístico como no técnico, com uma trilha sonora adequada e efeitos de tiros, explosões e as já conhecidas vozez sendo bem reproduzidas no GBA. Não dá pra esperar a qualidade cristalina dos jogos anteriores, mas esse não é um fator para ficar decepcionado.

Os gráficos são um capítulo à parte dada a qualidade deles. Mesmo sem uma animação tão fluída como nos consoles de mesa e arcades, os sprites dos personagens são bem feitos e bonitos. Os cenários não ficam atrás, ainda que seja perceptível que muita coisa foi reaproveitada de jogos anteriores, não no sentido de prestar uma homenagem ao histórico da série, mas sim por escolha técnica, o que tira um pouco do brilho do jogo e acaba reverberando no próprio game design.

Metal Slug sempre foi reconhecido por ter um level design marcante, não se limitando a serem horizontais, e frequentemente fazendo uso de mecânicas (veículos, transformações, interação com o cenário, etc) para tornar a experiência ainda mais dinâmica. Por sua vez, Metal Slug Advance fica atrás de todos os antecessores, mesmo aqueles que vieram no período em que a SNK passava por crise financeira e administrativa (no caso Metal Slug IV e V).

Um level design pouco inspirado tornariam o jogo no mínimo insípido, mas a execução dele é que o torna irritante. O índice de respawn dos inimigos é dos piores já visto, estando a par com o primeiro Ninja Gaiden do NES. É comum derrotar um inimigo, ter de recuar poucos passos e logo depois ele reaparecer do nada e atirando prontamente. E isso ocorre com qualquer inimigo, não importando se são soldados, tanques, helicópteros, monstros ou o que valha. Ter de ficar medindo o quanto se pode avançar ou recuar é extremamente frustrante. Por conta do tamanho diminuto da tela e o tamanho dos sprites, o tempo de reação já não seria dos mais altos, mas com inimigos aparecendo a torto e a direito com o reforço dos que reaparecem depois de terem sido abatidos, a coisa fica perto do insuportável.

Uma coisa que poderia ser um mérito é o fator de replay, pois o jogo coloca uma série de segredos nas fases, rendendo "cartas" sobre vários aspectos da série, como comidas, armas e até mesmo personagens, e eles são obtidos ao se resgatar os já conhecidos prisioneiros, alguns deles estando em lugares pouco óbvios. Boa ideia, péssima execução: para efetivamente obter esses itens é necessário concluir uma fase sem morrer. O sistema de vida aqui é diferente: ao invés do personagem ter múltiplas vidas aqui há uma barra de HP. Quando essa barra chega ao fim, Game Over. Há a possibilidade de usar Continues, mas eles só permitem concluir a fase, os itens e prisioneiros só são obtidos ao terminar a fase sem morrer, uma tarefa ingrata. Caso MSA disponibilizasse mais de uma vida (ainda com a barra de HP) ou um determinado número de Continues disponível por fase, esses problemas seriam mitigados.

Metal Slug Advance é um caso em que as coisas bem feitas acabam se perdendo no meio de falhas cruciais, o que não apenas não aproveita o potencial que o conceito tinha, mas o anula completamente por conta de uma experiência de jogo irritante e frustrante.

Reviewed on Jul 21, 2023


Comments