Tunic é um jogo que pode ser dividido em duas partes: A primeira baseada nos Zeldas 2ds, especialmente Zelda I do nintendinho, com elementos souls-like. A segunda, em puzzles, ARGs e sofrimento. Ele apresenta uma mecânica de manual em que você encontra páginas pelo mapa e cada página tem uma informação num formato muito semelhante aos manuais antigos num alfabeto inteiramente próprio, evocando uma nostalgia dessa sensação de desconhecimento da lingua presente no manual e exigindo do jogador certa intuição para entender as informações do jogo.

Em questões gráficas e sonoras, Tunic apresenta uma direção artística primorosa, utilizando de gráficos low poly de forma incrível e musicas e efeitos sonoros que transmitem suas emoções e intenções muito bem, indicando até coisas futuras, como por exemplo o som e animação das celulas de energia que o jogador ativa durante a jogatina que evoca o sentimento de que algo ali não está certo, se provando verdade no futuro da historia.

Falando em história, a desse game também busca muitos elementos de inspiração na narrativa dos jogos da from software com uma historia de narrativa não intrusiva mas ainda assim apresentando diversas subversões nos conceitos pre estabelecidos e tropos famosos dos games.

A jogabilidade é bem semelhante a de jogos de aventura 2d com câmera aérea/isométrica com trava de câmera, novamente remetendo a suas inspirações e apresentando uma diversidade de itens interessante, porém pequena ao meu gosto. Outro fator interessante é a forma que o mapa é construído, existindo diversos caminhos secretos, atalhos e segredo.

Mesmo tendo diversos elementos que adoro e sua execução ser extremamente bem feita e bem polida, a segunda parte do game, mais focada em puzzles, acabou sendo desapontante. A segunda metade do jogo se baseia fortemente em elementos de puzzle que, a primeira vista são extremamente divertidos e a cada momento que o jogador descobre uma nova mecânica, que já estava disponível desde o inicio do jogo mas em determinado momento, seja por uma página do manual ou compartilhando informações com algum amigo, garante uma emoção de descoberta muito grande. Contudo, chega em determinado momento que os puzzles se tornam extremamente complexos, dando um tom de jogo muito mais voltado aos elementos de resolução de enigmas. Isso não seria um problema normalmente, mas vejo que isso cria uma dissonância entre os estilos de jogo, pois a resolução desses enigmas são somente pelo prazer de resolve-los, não garantindo nada que reflita na gameplay vantagens, poderes ou novas mecânicas para diferenciar ou aprimorar a jogabilidade. Todos elementos que refletem a jogabilidade não estão escondidos atrás desses enigmas mais trabalhosos, tornando-os, em minha opinião, de menor valor. Claro, aqueles que gostam desse tipo de ciclo de gameplay de resolução de mistérios pela resolução de mistérios, vai ter disponível centenas de horas de diversão, mas do contrário será extremamente frustrante pela relação de dificuldade x recompensa que esses elementos trazem.

Em resumo diria que é um grande game para amantes de puzzles, mas pode não agradar aqueles que preferem que isso tenha recompensas que refletem no jogo em si.

Reviewed on Nov 05, 2023


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