Sempre gostei de dizer que nossos maiores tesouros são desenterrados ao acaso, nada com expectativa tem um bom final (pelo menos para essa pessoa que escreve) e acho que assim como aconteceu com Syberia, Scarlet Hollow é mais um exemplo disso.

Enquanto vagava pelas intermináveis páginas de jogos no steam, acabei encontrando um pequeno evento de um gênero que raramente jogo: Visual Novel. Existe toda uma história do que me motivou a evitar esse estilo, porém como estou totalmente livre para explorar novos rumos, acabei dando uma outra chance e ainda bem que desta vez minha impulsividade falou alto.

Scarlet Hollow foi um dos poucos jogos que comprei de maneira instantânea e isso me deixa com muito orgulho e felicidade, pois eu estava sem ninguém para comentar ou me mandar spoiler (igual aconteceu com Immortality). Era como encontrar um daqueles títulos que mudam toda a sua percepção sobre jogos e todo esse ciclo se tornou uma redoma de muita animação e interesse, posso considerar que foi uma sensação parecida com a do lançamento de Syberia: The World Before e sendo esse meu jogo favorito já fica perceptível o tanto que Scarlet me conquistou.

Antes de falar sobre o enredo, é necessário elogiar o trabalho artístico feito a mão em combinação com a forte produção musical. A representação psicodélica, o ambiente frio e sem cor e as diferenças físicas e até emocionais de cada personagem são demonstrados com extremo cuidado, isso simboliza o ótimo trabalho de imersão que os desenvolvedores estão tendo.

Scarlet ainda está em desenvolvimento e, por isso, não é possível falar que teremos uma qualidade mantida até o final. Porém, posso afirmar com tranquilidade que estou amando cada pequeno pedaço da narrativa, sejam os diálogos de complemento ou principal, os comentários de escolha, TUDO no jogo me cativou e isso vindo de uma pessoa extremamente chata em relação ao enredo é algo estranho.

A ideia de entrar em uma cidade pacata com um estranho mistério ao redor da família da protagonista é algo bem intrigante, porém conforme avançamos tudo fica ainda mais confuso e em pouco tempo estamos com um mundo que mistura lendas urbanas, uma prima estranhamente instável, uma pug , dois gatos, uma família de gambás e um bando de gente com sérios problemas psicológicos, o que me fez questionar a existência de psicólogos na região.

Cada escolha, por mais idiota que pareça, pode resultar em algo completamente diferente e por diversas vezes me encontrei voltando para observar as estranhas mudanças que me deixaram estática por minutos. Se eu cheguei a considerar jogos como Mass Effect e Divinity impactantes em questão de escolhas é porque nunca tinha encontrado algo como Scarlet Hollow.

Os personagens também não ficam atrás e mesmo tendo um ar de clichê em certos momentos, a forma como cada um reage ao próprio enredo ou à suas escolhas quebra a falta de expectativa. Inclusive, podemos resumir o grupo como um bando de gente estranha escondendo segredos ainda mais estranhos e desconfortáveis de se lidar, mas atire a primeira pedra quem nunca teve um segredo ruim na vida.

Mesmo em desenvolvimento, Scarlet Hollow mostra que tem todas as características para ser um grande sucesso e com sua construção ao redor dos preciosos temos de terror, horror, mistério e muita investigação, fica óbvio que é uma recomendação obrigatória tanto para quem gosta do gênero quanto para quem tem interesse ou não gosta. Porém, recomendo fortemente esperarem o lançamento dos três capítulos finais, pois a sensação de querer consumir tudo do universo aqui disposto é gigante.

Reviewed on Apr 02, 2023


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