Por algum caralhos de motivo tenho um tesão absurdo por RPGs com temática contemporânea; sei lá, talvez seja porque é muito mais foda ver um Salaryman com um terno estiloso carregando uma fodenda Katana do que ver um maluco entupido de alumínio dos pés à cabeça portando uma pica metálica de 5 metros de comprimento. Undernauts é um desses jogos. Pegando como temática Japão ultracapitalista final dos anos 1970, Undernauts retrata a luta e a paixão de todo empregado em se tornar um executivo só para poder encher o todo de cocaína. Este pequeno proletariado sonhador vagueia pelo labirinto chamado Yomi, uma estrutura massiva que surgiu em Tokyo, em busca de um minério chamado Argen, uma valiosa fonte de energia que foi capaz de trazer uma série de avanços tecnológicos ao período. O problema, bem, tem uma fodenda horda de bichos querendo comer (literalmente) o seu cu. E a solução foi relativamente simples: sheipar o empregado de Whey para ser a caralha de um super-homem, e fazer ele lançar uns poderzinhos picas. Chamados de Undernauts, esses empregados possuem um único objetivo: minerar o máximo de Argen possível para obter um lucro altíssimo. Dessa merda toda surgem as corporações, que terceirizadas ou não, são responsáveis pela exploração e pelos Undernauts. Com o contexto preestabelecido, assumimos a função de um Undernauts customizável a sua maneira, que trabalha sob a corporação Cassandra. É a primeira vez que a empresa explora por conta própria Yomi, tendo a partilha do Distrito 99 para eles. Mas claro, a primeira vez sempre vai ser uma merda, e no final acabamos ficando preso em Yomi após um dos acampamentos de uma outra corporação ter sido massacrado por uma criança de traje vermelho comunista. Em síntese, é Strange Journey de novo, e você, como jogador, se fodeu novamente.

Eu não estou zoando com a parte do Strange Journey, esse jogo é estupidamente inspirado nele. Só para ter uma noção, todas as vezes que me viram jogando esse jogo me perguntaram: “É SMT?”. A resposta era: “Não, mas a gostosa da sua mãe é minha”. E é compreensível essa pergunta; a estética, a trilha sonora, a atmosfera, são muito, mais muito, SMT-like – ou melhor Strange-Journey-like. A princípio parece ser um aspecto ruim: um jogo se inspirar fortemente em um outro geralmente é um sinal de falta de originalidade, no sentido de ter aspectos que o tornem um jogo único – algo que o torna ele mesmo - mesmo se inspirando em uma outra obra. Entretanto, surpreendentemente Undernauts é estupidamente original. Mesmo tendo aquela vibe Strange Journey, Undernauts consegue perpassar uma sensação de singularidade, de ser uma obra única dentre os diversos JRPGs do mercado. O melhor exemplo disso está em sua trilha sonora, que possui uma pegada orquestral e uma filosofia similar ao de Strange Journey – o de construir uma sensação de solidão, e de que você está explorando algo além de sua compreensão -, porém ao mesmo tempo consegue ser absurdamente original, e construir uma personalidade própria. O que quero dizer é: Undernauts, mesmo sendo extremamente baseado em Strange Journey, é um jogo único.

Aproveito esse momento para masturbar um dos aspectos da história que mais gosto da obra: a pegada séria que tem. Não sou aquele tipo de pessoa que fica argumentando sobre a maturidade de uma obra, no sentido de que: “Ah, minha obra é muito séria pq tem diálogos muito sérios, e violências muito sérias”. Particulamente, se você é uma dessas pessoas, busque ajuda, sério mano bagulho, que retardado do caralho. Sempre vejo uma obra sob um contexto singular; não busco menosprezar só por ter uma história menos séria, ou por ser mais bobo. E do mesmo modo não subestimo nenhuma obra, tento analisa-las na mesma prorporção, buscando sempre compreender as suas peculiaridades. Porém, sempre há um ou outro aspecto-singular-peculiar-e-os-caralhos-a-quatro que gosto (LOL, imagina tentar ser imparcial). Dentre eles gosto bastante de obras que tentam ser sérias, sem forçar um edgeness fodido. FF Tactics e Triangle Strategy são exemplo de obras assim, e Undernauts também é uma delas. Fico surpreso de ver essa pegada séria sem ser edge, porque o último jogo que joguei da Experience – developer do jogo – tinha fanservice pra caralho, então meio que criei essa expectativa de undernauts ser meio Edge forçado.

Entretanto, puta merda, tem uns momentos que esse jogo tenta, MAS TENTA, dialogar com o jogador. São momentos de Player Expression muito vazios, que tentam agregar algo para a experiência, mas no final só passa uma sensação de “cringei com esse jogo”. É umas paradas tipo: “Oh, você prefere sacrificar a si mesmo por alguém, ou pela pessoa que você ama” e eu sempre escolhia a resposta com cara e coroa porque simplesmente era algo insignificante. Isso foi um exemplo bem a grosso modo, mas quero que você me entenda como eu cringei em certos momentos do jogo. Felizmente não foi toda hora, e tem alguns momentos que até funciona; mas puta que pariu como essa merda me incomoda.

Claro, não posso me esquecer, a caralha da gameplay. Undernauts, em questão de mecânicas de RPG, é um jogo bem consistente e bem elaborado. É interessante ver uma boa abordagem do sistema looter em um jogo, bem como ver um combate aleatório articulado de forma a trazer uma experiência mais prazerosa e divertida. O combate foi uma surpresa e tanto; não esperava um sistema tão impactante como o Switch Boost. A primeira vista, Switch Boost parece ser um sistema bem fodase; algo que simplesmente só existe. Porém, supreendentemente este é um sistema que agrega pra caralho à experiência, já que consegue tornar os combates bem fluídos, e consegue criar um ritmo de exploração menos maçante graças a maneira como ele otimiza os encontros. Foi uma sacada brilhante, e é algo que torna Undernauts divertido pra caralho.

Para além desses sistemas, Undernauts possui uma exploração única baseada numa filosofia “você é quem cria o seu caminho”. Tá, você não exatamente CRIA o seu caminho, mas dá aquela sensação de maleabilidade. Constantemente o jogo nos impõem caminhos que devem ser abridos ou por uma porta, ou por uma escada, ou por uma ponte. É algo aparentemente simples, basicamente é só craftar uma dessas budegas e pronto. Todavia, a maneira como o Level Design é articulado para isso é absurda. Constantemente nos vemos abrindo novos caminhos, e explorando novas áreas; é uma exploração bem gostosa e recompensadora. Indo além, Undernauts também nos dá a possibilidade de modificar aspectos do Level Design, como adicionar um encontro contra um inimigo em certa área, ou até mesmo apagar um encontro. Sabe aquele chão chato que te dá dano caso passe? Relaxa, você tem como eliminar o dano dele um item. Essa maleabilidade do cenário provavelmente é a cereja do bolo da obra; principalmente se você ama exploração Undernauts é um puta jogo para você colega.

Apesar disso, o sistema de progressão não é tão interessante. Eu AMO sistema de classes, ainda mais quando envolve promoção, e nesse jogo é uma parada bem broxante; a promoção em nenhum momento te dá a sensação de progressão. Não só isso, mas a falta de itens de ressureição é de foder. Porém, são fatores que você vai se acostumando, e vão deixando de serem uma pedra no caminho.

Sendo bem honesto, Undernauts é um jogo perfeito para quem quer começar a jogar a fundo Dungeon Crawlers; é uma experiência bem tranquila e bem divertida a ponto de engajar o jogador a explorar esse universo de Dungeon Crawlers japoneses em primeira pessoa.

Em conclusão, Undernauts é um excelente Dungeon Crawler. Uma coisa que posso falar que me senti decepcionado é com o tema dele. Essa pegada anti-capitalista é interessante, tem umas ideias maneiras, mas poderia ter sido melhor articulada. Mas sem dúvida o ápice da experiência de Undernauts está em sua exploração. Para concluir com chave de outro:

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6/10

Reviewed on Jun 14, 2022


1 Comment


1 year ago

maravilhoso