óbvio que quis odiar quando joguei próximo do lançamento como qualquer pessoa que se achava pós-normie em 2015, alguém que estava muito além de carinhas memes e que não percebia que o resto da humanidade, principalmente os mais jovens que eu, ainda tinham o direito de falar que as coisas são "épicas". na época achava que era um esforço dos escritores para apelar pra esse público e não uma representação desse público - não ridicularizando, mas afirmando uma existência que conforme se explicita mais tem que ser forçada a lidar com Coisas Do Mundo Real (violência, perigo, exposição) e menos com fofoquinhas e maconha.

e a cidade também vai se desdobrando em espaços levemente surreais (pássaros mortos, baleias encalhadas, duas luas aparecendo em uma noite só, neve) conforme você vai descobrindo que os problemas dela, como os problemas de qualquer cidade, são muito mais acobertados e sérios do que o padrasto chato que não te deixa ouvir música em casa. o jogo te engana nesse começo idílico e com problemas jovens porque todo mundo tem problemas jovens quando é jovem, mas parte desses jovens tem problemas adultos enquanto ainda é jovem também, e não dá tempo de crescer sem perder uns fios de cabelo com a arrancada. me lembrou crepúsculo e filmes similares que são facilmente descartados como "coisa de menininha chata" e acaba perdendo um público grande que apreciaria a estranheza inerente de fãs de twin peaks tentando fazer uma história mais acessível: até a lição de que o maior vilão da cidade é aquele que organiza a festa mais badalada.

Reviewed on Jul 26, 2023


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