A maior estrada da terra é a vida?

Em meio a ansiedade de querer jogar tudo ao mesmo tempo — e uma wishlist que já passa dos 100 jogos — para aproveitar 200% das férias de fim de ano, esse jogo foi um respiro, um convite a contemplar o momento e refletir sobre a vida. Neste game, acompanhamos o cotidiano de diferentes pessoas, com diferentes aspirações. Aspirações essas construídas pelo jogador, já que o game não tem diálogos e a narrativa é construída entre você, o estúdio e os personagens dessa história.

A harmonia entre o que você enxerga e o que ouve é transcendental, diversas vezes me peguei, ou fechando os olhos para apreciar a música, ou estasiado com o visual. O mais interessante nisso, é saber que as todas as sensações e reflexões partiram da observação de cotidianos triviais e mundanos, como os nossos. Por que não temos essa mesma habilidade de ter consciência do nosso derredor?

A obra nos convida a viver o que os personagens vivem, a refletir sobre o que eles estão pensando, para onde estão indo, e, mesmo que inconscientemente, nos incentiva a explorar nossas referências e nos dizer que, o que esses seres estão sentindo, pode ser apensar projeção de nossa parte.

Nossas interpretações são fruto do que temos como bagagem. Em uma review aqui no Steam, uma pessoa disse “A vida é triste”, eu, por outro lado, consegui extrair que, a vida, mesmo que com dificuldades, monotonia e luta, pode, sim, ter sua beleza. Look around.

A gameplay é ultra simplificada e os acontecimentos são bem lentos. É um jogo contemplativo. Não espere uma experiência de gameplay inesquecível, mas sim uma história irretocável. Até esperar numa fila tem seu valor aqui no jogo.

A magia da direção e da arte é a maestria em nos manipular, no bom sentido, é claro. Apesar da interpretação ser livre, a música e o cenário te sugerem o que sentir.

Esse jogo consegue trazer uma nostalgia que talvez nunca tenha existido, te faz resgatar sentimentos e construir novas memórias, mas com gostinho de passado. Acredito que esse jogo é 50% música e 50% visual, não consigo imaginar um sem o outro e nem mesmo uma execução diferente.

Se o momento é a única coisa que temos, por que não aproveitá-lo? We’re running out of time.

Reviewed on Dec 28, 2023


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