Impressionante que a Ubisoft tá tão mal que qualquer jogo bom que eles fazem é motivo de farra…

Como um novato na franquia, não entrarei nos méritos do retorno ao 2D e do abraço ao metroidvania; o que importa é o quão bem ele realiza isso. E sim, ele é muito competente.

De certa forma, The Lost Crown é um grande frankenstein de diversos outros jogos. As inspirações são palpáveis; o combate fluido e com ênfase em combos aéreos lembra muito algo que se encontra em um hack and slash, e encaixa bem com o excelente protagonista, Sargon. O sistema de amuletos é portado diretamente de Hollow Knight, assim como o de checkpoints. Os diálogos são apresentados com artes estilizadas dos personagens, lembrando muito o que a Supergiant faz. O jogo é um grande fluxo de ideias, um que não é dos mais coesos; mas funciona.

A direção de arte é estranha. O character design é interessantíssimo, e os cenários, além de lindos e variados, abraçam a temática do tempo instável (o que é refletido na gameplay). Porém, o estilo de arte me incomoda. Inicialmente não era o caso, mas quanto mais eu fui jogando, mais fui percebendo o desserviço que ele faz às suas qualidades artísticas, muitos momentos que deveriam ser lindos ou emocionantes acabam se tornando estranhos ou até cômicos por conta dos modelos e das animações. Sinto que se tivessem abraçado as lindas artes 2D dos diálogos eu teria ficado bem mais satisfeito. Além disso, existem efeitos 2D que são inseridos em certas animações, como nas habilidades especiais ou em introduções de chefes; a ideia é interessante, mas me tirou do jogo em vários momentos; entendo que a ideia era imitar a estética de Simurgh, o Deus principal da história, mas isso não adianta se não encaixa com a direção ou com a temática do jogo… Às vezes senti como se tivessem enchido o jogo de ideias legais sem pensar se fazem sentido ou não com o que queriam.

Não ajuda que, ao menos no mês do lançamento, o jogo está cheio de bugs. Bugs menores visuais afetam várias cenas e momentos visualmente, enquanto maiores me fizeram ter que reiniciar o jogo mais de uma vez. Vale destacar que esqueceram de dublar uma personagem, sendo largada com uma voz de text-to-speech genérica do Google.

A narrativa é funcional. No início, pareceu que seria algo grandioso, mas no fim é apenas uma desculpa pro jogo existir, o que não é problema. O elenco é legal, serve bem e conversar com a maioria dos personagens encontrados ao redor do mapa vale a pena. Só teve uma personagem que parecia intrigante mas a história esqueceu dela? Porra…
A lore é mais rica do que eu imaginava, é um mundo bem realizado, com vários detalhezinhos espalhados recompensando a exploração.

A gameplay é muito gostosa e satisfatória, gosto do impacto e das diferentes opções fornecidas, basicamente todas as habilidades desbloqueadas servem podem ser inseridas no combate, e o sistema de amuletos fornece um aspecto de customização bem legal. Dá pra fazer builds focadas em parry, outras em arco e flecha, ou até em teletransporte.

Os inimigos são interessantes e fornecem diferentes desafios; alguns não podem ser arremessados, outros revidam se derrubados; e o mesmo vale para os bombásticos chefes.

Mesmo com seus tropeços, Prince of Persia: The Lost Crown é um acerto, e um que vale a pena uma chance. Talvez tivesse sido melhor esperar uma promoção, principalmente para dar tempo de consertarem os problemas que mencionei, mas no fim ainda saí satisfeito, e espero que a Ubi aprenda com isso.

Reviewed on Jan 20, 2024


1 Comment


4 months ago

Aliás, uma coisa que eu esqueci de mencionar mas que me agradou muito foi as secções de plataforma. A movimentação é fluida e precisa, e tem vários momentos em que o jogo não te deixa sair do ar. Me lembra muito Hollow Knight também, faltou só os pogos

Mas não dava pra esperar algo diferente de um time de mestres de plataforma né…