Sem dúvidas, há valores espalhados aqui e ali. Tem uma boa ambientação, que se aproveita bastante da câmera fixa, e mecânicas curiosas pro estilo de narrativa. Me chamou a atenção ideias tipo a dos totens, ou o uso do sensor de movimento do controle, que gera situações bem interessantes, como a fuga no final.

E, de longe, a melhor coisa deste jogo é as sessões com o Dr Hill. Embora não tão bem aproveitadas no fim das contas, são muito intrigantes as divisões de capítulos apresentadas pelos discursos confusos e metalinguísticos dele, que se intensificam e se tornam mais agressivos naquele cenário abstrato. Bem legal.

Agora, uma coisa que realmente não tem, é sutileza e naturalidade. Não apenas no aspecto textual, com personagens caricatos e diálogos ridículos, como no âmbito da direção das cenas mesmo. É visível o jogo encaixando os ocorridos e moldando as rotas, esse modelo de narrativa ramificada foi pouco polido e nota-se os personagens tomando ações forçadas só para ligar a próxima parte. Num geral, tudo é muito duro, até mesmo como a gameplay interage com a mudança dos sentimentos de cada situação.

E, por fim, a história em si que é conduzida através de tudo isso. Eu sei que eles estão simulando um terror americano genérico, mas não consigo ver a vantagem disso. Realmente não apetece o paladar reger uma atmosfera tensa com decisões cuidadosas, pra gerar uma imersão genuína, em um roteiro tão estúpido. É tudo tão caricato e forçado que simplesmente não dá pra levar muito a sério. "Clichê" e "cringe" são duas palavras muito eficientes em descrever grande parte do roteiro.

Com uma boa história e personagens, e polindo a construção da narrativa de rotas, teríamos um ótimo jogo, mas acabamos num terror pastelão e robótico. Até diverte e distrai, mas não passa muito disso.

Reviewed on May 11, 2023


1 Comment


10 months ago

Como que os personagens tomam ações forçadas, sendo que quem escolhe é o jogador???