Tive sentimentos mistos com The Last of Us: Parte II. Seu gameplay envolvendo TPS é funcional e satisfatório com um level design amplo e que extrai o máximo de suas capacidades, com uma exploração recompensadora graças ao sistema de upgrades, IA boa na medida do possível, algumas vezes cega, mas os inimigos são espertos e sempre procuram te flanquear se estão em maior número assim que te veem. Porém, o gameplay tem seus problemas. A escassez de recursos é inexistente, são fáceis de encontrar e vc quase sempre está cheio deles, não é pq a quantidade de munição e items craftáveis é baixa que existe falta deles, é meramente uma ilusão. A ideia de locais mais amplos pra se explorar cria uma falsa sensação de liberdade, muitas áreas que deveriam ser de fácil acesso, não funcionam, como um simples pulo ou até mesmo descer um degrau que não foi programado pra responder sua ação, mas isso não torna seu gameplay ruim, apenas são pontos válidos.

Em relação aos gráficos, sem dúvidas é o jogo mais lindo que já joguei dentro da proposta de ser realista. As expressões são perfeitas, como os personagens reagem a cada ação ou ao ambiente, até mesmo suas próprias ações corporais. O sangue dos inimigos espirrando, a chuva batendo, os passos, a grama, tudo é extremamente detalhado, mas, tem suas falhas. É absurda a quantidade de NPCs repetidos, da pra encontrar mais de 5 iguais na mesma sessão. Essa deficiência está presente no momento que vc abre o jogo até sua conclusão, é uma falta de variedade inacreditável.

Depois dos elogios, vem meu principalmente problema com o jogo, seu plot e personagens. A quantidade de conveniências de roteiro absurdas incomoda, desde o começo até o fim, são inúmeras, o que torna várias situações ilógicas, por falar em ilógicas, as decisões tomadas por alguns personagens fogem totalmente de sua própria caracterização, apenas pra servir ao plot, prejudicando demais seu roteiro em prol da mensagem. Já citando-os, 80% do elenco de personagens secundários são plot devices, onde apenas servem ao roteiro ou as protagonistas, com profundidade nula, personalidades genéricas, conflitos rasos e mal explorados, as relações românticas são patéticas e melodramáticas e a "amizade" entre os personagens não é genuína, com diálogos pobres durantes quase todas as sessões que intercalam o gameplay, sobrando apenas Abby, Ellie e Lev como os únicos personagens de verdade do jogo, com jornadas e conclusões interessantes, claro que tenho ressalvas até quando a isso, mas não irei spoilar. Já seu sub-plot envolvendo os Serafitas e a WLF é mal usado, cuja única função é introduzir uma temática envolvendo preconceito, que é bem executada, mas a guerra e o ódio entre essas duas facções não é natural, e pra completar, ainda tem a introdução de uma terceira facção totalmente descartável. World-building estranho e sem sentido, muitas vezes nem parece um mundo pós-apocalíptico de tantos recursos que os dois grupos principais têm, é contraditório para com a proposta do próprio mundo.

As cartas e documentos encontrados que deveriam enriquecer a lore, na maioria das vezes dão informações que os próprios personagens passaram/passarão em algum diálogo, em outras ocasiões, são cartas genéricas de dor e sofrimento num apocalipse. Dentro disso tudo, ainda tem o óbvio apelo emocional forçado pela narrativa, com diversos momentos onde tanto a violência, quanto o drama, são meramente pra manipular o jogador em prol de envolve-lo na narrativa. Não vou me isentar de comentar no que o plot acerta, no entanto. Tem diversas cenas bem dirigidas, principalmente quando envolve a Abby e suas motivações, o que a tornam a melhor personagem do jogo facilmente. A direção tbm entrega bons momentos pra Ellie e, apesar do pesares, o final condiz com o que foi trabalhado entre as duas personagens durante todo o jogo e é o menor dos problemas no meio de um monte deles.

Em conclusão, The Last of Us: Parte II não foi o lixo que eu imaginava, tive momentos proveitosos graças a direção, gameplay, level design, partes especificas do roteiro e temática, mas, ta longe de ser uma obra-prima como pintam por ai.

Reviewed on Nov 08, 2021


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