Apesar de já se encontrar disponível desde outubro do ano passado para PC, Warsaw esteve fora do meu radar. No entanto e quando tomei nota da sua existência para efeitos de análise, fiquei um pouco perplexo com a sua construção. Desde o aspeto visual às mecânicas, Warsaw apresenta-se desde o início como se de um derivado de Darkest Dungeon se tratasse. Felizmente não é isso que acontece, a equipa Pixelated Milk consegue distanciar-se da sua paixão e criar um jogo com fortes inspirações mas original.

O jogo tenta então recriar o estado da capital da Polónia em 1944: Varsóvia. O jogador assume o controlo de um grupo chamado Uprising (Insurreição, referente à Insurreição de Varsóvia de 1944, evento histórico em que o jogo se baseia), combatentes da resistência local organizada pelo exército nacional polaco que tentam desesperadamente libertar a sua cidade do controlo nazi durante a Segunda Guerra Mundial. Quem conhece a história no mundo real sabe que esta luta, cruel e aterrorizante, não termina de boa forma para os heróis locais, relembrando os horrores da guerra da mesma forma que títulos como This War of Mine tão bem ilustraram.

A jogabilidade passa por três etapas distintas, assim como Darkest Dungeon tem o seu ímpeto separado em dois lados. Warsaw conjuga as suas mecânicas na base principal, no mapa da cidade e nos combates propriamente ditos. Antes de planear o combate no mapa, o esconderijo da resistência permite melhorar as personagens e o seu equipamento, manusear os recursos limitados e recrutar mais soldados especializados em ataque, defesa ou apoio. Em seguida escolhe-se uma missão. Nenhuma delas é fácil – aliás nada em Warsaw é fácil, se tivermos em conta a sua história perturbadora. Cada zona da capital tem o seu próprio indicador de resistência e quando todos estes chegarem ao fim, a cidade cai.

Depois de um período de preparação segue-se a próxima componente do jogo: o mapa da cidade, que é apresentado numa perspetiva de cima para baixo. O nível de dificuldade elevado começa a sentir-se aqui, onde cada movimento tem de ser planeado com cuidado uma vez que se trata de uma batalha sem esperança e sem vantagens. O mapa está repleto de oportunidades para melhorar uma situação desesperada mas é sempre uma luta contra o relógio e raramente divertida, dado o número muito limitado de pontos de ação, que determinam quantos passos podemos dar. As tonalidades cinzentas do mapa com muito pouco que as distinga também não ajudam. Frequentemente acontece o inevitável e temos de enfrentar um grupo de soldados inimigos.

As primeiras batalhas serão sempre as mais complicadas, é aí que a verdadeira aflição toma as rédeas e nenhuma decisão parece viável mas mesmo com um tutorial fraco, assim que compreendemos as nuances o combate por turnos torna-se recompensador, apesar de extremamente desafiante. Um posicionamento inteligente, a mistura entre classes e a combinação de ataques são os elementos mais importantes para se ser bem sucedido. Ainda assim, todas as mecânicas inerentes ao género parece que lutam contra o nosso esforço e mais frequentemente do que se gostaria, um dos nossos melhores combatentes é abatido. Em Warsaw a morte é para ser levada a sério e nenhum soldado volta à vida, tal como em Darkest Dungeon. Algo que merece menção são alguns momentos, dentro ou fora do combate, onde uma decisão pode ter consequências graves. Estas secções complementam o enredo, que relembra os horrores da guerra enfrentados pela resistência polaca.

Visualmente estamos perante um estilo muito próprio e reminiscente da sua inspiração base. Desde a direção artística das personagens até às animações, tudo grita Darkest Dungeon, com a exceção dos mapas previamente referidos. Infelizmente a interface na Switch é muito pequena, algo mais acentuado numa Switch Lite. Já a banda-sonora ajuda a vender a experiência, repleta de temas e efeitos que acentuam os contronos do mundo do jogo.

CONCLUSÃO

Apesar de não ser para todos os gostos, Warsaw consegue ser uma experiência satisfatória. Mesmo bebendo imenso da sua inspiração do título Darkest Dungeon, consegue ser algo original e diferente. A dificuldade elevada pretende retratar as experiências da época, mas é também um grande obstáculo à entrada no jogo, e pode até afastar jogadores novos. Salva-se pela temática e por um sistema de combate que, quando funciona a nosso favor, é cativante.

Pontos Positivos:
✅ Tematica histórica
✅ Banda-sonora

Pontos Negativos:
❌ Dificuldade elevadíssima
❌ Mapas pouco característicos

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See more @ https://www.starbit.pt/2020/10/26/warsaw-analise/
Review written in European Portuguese
Published on 26/10/2020

Reviewed on Jun 19, 2023


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