Max Payne 2 - O tesão morreu

Max Payne 2 é uma evolução muito autoconsciente em praticamente tudo em sua estréia em 2000. A gameplay está ainda mais refinada, Max encarna de vez uma força imparável contra as inúmeras organizações de criminosos, o Bullet time está mais poderoso do que nunca e a movimentação ainda mais versátil - inclusive, adicionaram uma habilidade nova para o Bullet time, que francamente, eu não entendi sua utilidade prática. Aparentemente é uma pirueta para desviar de balas? No fim achei mais um flavour ao tiroteio do que útil.

Da mesma forma, o design das fases também é mais seguro em sua estrutura - sem mais aquelas boss fights esponja de dano ou fases com muita setpieces. O jogo segue uma estrutura linear de tiroteio contra inúmeros inimigos do início ao fim, e no geral faz bem. Com essas melhorias, por consequência, o jogo ficou bem mais fácil. Apenas momentos muito sacanas são capazes de te matar nesse jogo, já que Max (e Mona) é imparável agora, enquanto os inimigos funcionam numa lógica parecida do primeiro título, inclusive com menos variedades de inimigos e mais nerfados, ao menos na dificuldade base que te liberam.
Mas, acima da boa gameplay de Max Payne de sempre, há sua típica história noir. É uma trama bem contida em suas loucuras, sem nada de uma corporação farmacéutica do mal querendo dominar a cidade, e sim, uma tragédia criminal sob uma trilha de cadáveres e uma melancolia contagiante. Há a continuação de assuntos pendentes do anterior em adição a novidade do romance entre Max Payne e Mona Sax, que é a mureta principal da história e das motivações de Max, totalmente tomado por um tesão sadista; enquanto na teoria os dois tentam resolver um caso de briga de gangues, que, francamente, não é a parte mais interessante da história.

A trama realmente tem consciência dessa sua narrativa hipermelodramática e introspectiva, e, mesmo com uma trama mais centrada, todos os elementos evidentes do jogo são levados a tona para complementar as confusões que Max passa por toda história. Seja pela melhoria significativa das sessões de alucinações do Max, ou como as séries que passam na televisão, de fato, tem uma coerência temática com a atmosfera do jogo. Max Payne 2 varia bastante entre as graphic novel para as cutscenes ingame, deixando toda a história mais envolvente. A comédia do jogo, da mesma forma, é algo mais zombação da própria construção da atmosfera acompanhado de um humor mórbido do que a tosqueira talvez não intencional do primeiro jogo - o primeiro para mim é mais engraçado, mas há momentos cômicos como o cara que está preso com bombas no cosplay do capitão bastão de baseball.
Algo curioso desse jogo é que, ele parece menor em vários pontos do primeiro Max Payne. A maior parte dos capítulos do 2 são revisitações do mesmo lugar. Eu só lembro de ter escutado umas quatro músicas o jogo inteiro e o jogo é bem menor, esse ponto sendo para mim o maior acerto. Max Payne 2 acaba na hora certa.

No geral, não sei decidir exatamente qual eu prefiro entre os 2 jogos. Quero ver o resultado da queda de nosso talvez herói quando finalmente começar a jogar o terceiro jogo, mas enquanto não faço isso, meu veredito é que Max Payne 2 é um jogão!

Reviewed on Oct 20, 2023


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