Ultrakill é um dos daqueles jogos que eu acho que recomendaria para todo mundo, independentemente se ela não for fã de FPS, como eu também não sou tão apegado, já que, acima de tudo, é uma obra muito diferenciada e singular para ser deixado de escanteio.

Partindo pela apresentação, Ultrakill conta sobre um mundo hipercaótico aonde a humanidade jaz no solo da terra, desprovida totalmente de sua presença. Restando apenas máquinas, essas movidas e reabastecidas com sangue, decidem partir para uma longa descida ao inferno, você sendo um deles, armado com nada além de sua sede por morte.

O inferno de Ultrakill é uma figura misteriosa, perigosa, mas, acima de tudo, sedutora. Sendo a primeira camada um prelúdio do que estar por vir, você se depara com um inferno industrial, ainda que místico, certamente é uma imaginação mais incomum do que a imagética católica que construimos ao longo do sentido ocidental da coisa. Nesse ponto, realmente lembra bastante Doom clássica, um dos jogos que Ultrakill se inspirou, já que tem toda essa coisa mais Scifi combinado com simbolos de rituais, etc.

E assim, Ultrakill, ao menos, em sua maior parte do tempo, surpreende e muito pela apresentação de seu mundo, ou pelo menos, pelas camadas de seu submundo, apostando em um horror surrealista muito criativo e se atrelando de diversos símbolos e referências, como as mais diversas iconografias católicas ou a outros jogos como Castlevania e Devil May Cry. Afundamos num inferno industrial, num simulacro de um paraíso, de uma cidade neon de cores distorcidas, um labirinto de carne viva e isso porque estou falando somente do ato 1. Ultrakill é super variado em seus cenários e todos entrarão em sua mente como um ponto de fascínio.

As faixas de Ultrakill também complementam a atmosfera de puro caos. Quase sempre un breakcore estourando, você se verá muitas vezes ritmando com as batidas violentas da trilha enquanto você pinta o chão de vermelho. As músicas de Ultrakill são um show a parte que eleva a experiência, e é ainda mais legal que a música é levemente adaptativa, tendo uma versão de momentos calmos e de ação dependendo de como você se encontra na fase.

Eu estava deixando a gameplay de Ultrakill para falar no final, porque eu não sou muito entusiasta de FPS para minhas palavras valerem de algo, mas, sinceramente, a parte mecânica de Ultrakill é simplesmente perfeita para mim. O jogo não enjoa de forma nenhuma, sendo uma injeção de andrenalina constante em minhas veias e me prendendo mesmo nos momentos frustrantes.

Falando em frustrante, eu, de verdade, amei o primeiro ato de Ultrakill. Acho simplesmente perfeito em level design, desafios, tudo. Acontece que meu saldo foi tão positivo logo de início que eu acho que eu tenha me decepcionado um pouco em relação ao que vem depois. A primeira metade do ato 2 eu acho bem fraca, onde o Level design bem inteligente e visceral de anteriormente se torna um spam de projéteis e inimigos com padrões chatos e gimmicks de fases muito bobas e que quebram toda a frenesi que o jogo estava se propondo até o momento (e visualmente não curto o cenário do Egito... é só o Egito). Melhora bastante depois e o ato 3 até agora me parece um balanço melhor do que o ato 1 foi e o ato 2 tentou, ainda que tenha uns maus momentos.

Infelizmente não foi o jogo perfeito para mim, pois eu realmente queria ter terminado amando Ultrakill como comecei, mas, também não serei injusto, o jogo é realmente MUITO bom e divertido a beça. Mal posso esperar pelo final desse massacre.

Reviewed on Jan 14, 2024


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