Resident Evil, só que tiraram o Sam Raimi e trocaram pelo Michael Bay.

Ao contrário do que muita gente da fanbase de Resident Evil diz, a franquia segue um viés mais reativo desde o segundo título da série. Claro, o gerenciamento de recursos, a atmosfera macabra, zumbis resistentes que podem te pegar desprevinido a qualquer momento ainda são presentes no RE2, mas com certeza, sendo mais ação que o jogo original.

Resident Evil 2 tem diversos momentos em que é necessário despejar munição em inimigos de cenário que o level design os coloca propositalmente para te deixar sem saída, assim como boss fights obrigatórias. A variedade de armas é maior, assim como há aumento na quantidade de inimigos e maneiras de lidar com eles. Raccon City virou de cabeça para baixo e aquele ambiente de caos traduz perfeitamente o nível da aventura que você terá.

Inclusive, os personagens da vez, Leon e Claire, são uma ótima adição a série. Não são os policiais de alta patente das S.T.A.R.S lidando com um perigo, são pessoas comuns lidando com uma ameaça a qual não estavam preparados, o que incrementa ainda mais para o horror da coisa. A história no geral acaba sendo bem legal. Não acho tão interessante acompanhar os mistérios dela como no RE1, mas certamente é uma boa expansão do universo acompanhado de personagens carismáticos.

O jogo em geral é bem mais difícil que RE1 com ambos os personagens. Quer dizer, pelo menos em sua primeira metade. No Resident Evil 1, se havia 3 zumbis numa mesma sala era muito. No 2, não é tão incomum de se encontrar 6 zumbis no mesmo cômodo, alguns colados na porta de onde você entrou já para ir te morder. A delegacia de RE2 também sofre de eventos constantes. Zumbis podem adentrar pelas janelas se não forem devidamente protegidas, assim, deixando seu progresso durante o jogo mais lento. Os quebra-cabeças são um pouquinho mais complexos (apesar de ter um que resolvi duas vezes seguidas e sinceramente eu sequer li o que era pra fazer), e o reposicionamento dos inimigos é algo comum, especialmente dos Lickers, que dá para dizer que são os Hunters da vez, só que melhor posicionados e não tão inconvenientes assim, pois dá para passar deles com uma certa tranquilidade por se orientarem só pelos sons. Cada personagem tem sua facilidades em atravessar o mapa, encontro com inimigos ou como realizar os quebra cabeças, não sendo aquela dificuldade artificial pra nenhum dos lados. A segunda metade indo para reta final, no entanto, é bem de boa, já que a esse ponto o jogo só te dá um caminhão de munição que você não terá mais tanta necessidade de guardar, além de que é mais fácil de driblar alguns inimigos do que na delegacia.

E não menos importante, a ambientação e atmosfera do RE2 é bem legal. A trilha continua sendo um ponto chave para a criação da tensão tanto no 1 quanto no 2, assim como o jogo de câmera e a gameplay travada típica de um survival horror mais clássico. Mas eu vou dizer que... a delegacia é legal... e só? Francamente, eu tenho alguns problemas com a largura do mapa desse jogo, apesar dos Backtracking bem encaixados, eu me pergunto se o jogo precisava de tanta sala onde você absolutamente só anda pra frente ou desvia dos bichos, até quando você já tá se despedindo da delegacia e indo para segunda metade, que costuma sempre ser mais linear, é comum que você ainda tenha que andar em corredores e isso acaba sendo meio chatão. Mas, o que realmente não me deixa tão encantado com RE2 é a atmosfera da delegacia. Não é um lugar que me transmite o tom intimidador e fantasmagórico que a mansão do RE1 traz. A graça do mistério na história do RE1 não se trata somente da situação, mas sobre como aquela mansão é um elemento a ser investigado. Seus enigmas, criaturas, salas escondidas e a estética gótica é como se revirássemos uma presença fora de seu tempo, claramente inspirado na mais direta fonte da literatura de terror clássica. A mansão é o maior charme de RE1 e mesmo se trocassem zumbis por vampiros ou qualquer coisa do tipo, o jogo ainda teria uma atmosfera singular que transcende gerações de jogos. Isso, infelizmente, eu não sinto com RE2, e talvez seja por isso que eu levei mais tempo para zerar que o RE1, já que eu realmente não me engajei tanto quanto o original.

Ainda um ótimo jogo e uma sequência digna de seu antecessor, mas quanto mais jogava Resident Evil 2, mais saudades eu sentia daquele embarque ao terror na mansão, e depois que zerei, eu só abri RE1 de novo para reviver aquele mundo.

Reviewed on Mar 06, 2023


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