Ghostbusters: The Video Game é um jogo que, na época do lançamento original, lembro de ter ficado super animado pra jogar no meu PlayStation 2. Sempre fui muito fã dos filmes e o game me parecia que ia ser a experiência definitiva da franquia no mundo dos games. Apesar de poucas memórias, lembro de ter adorado ele, mas acabei não terminando.

Deixei passar em branco na época do meu X360 e, agora, 15 anos depois do lançamento original do jogo, finalmente dei a chance que o game merecia com a versão remasterizada. E vos digo, amigos: Ghostbusters é tranquilamente uma das melhores traduções de filmes pra jogos que temos.

O game tem uma história do que, supostamente, seria o roteiro inicial para um Caça-Fantasmas 3, que nunca aconteceu. Todo o roteiro e ideias tanto das criaturas quanto de toda a estrutura da história foram supervisionadas e reescritas pelos próprios Dan Aykroyd e Harold Ramis, que não só fazem parte do grupo de protagonistas, como também escreveram os filmes originais.

Tudo que se espera de um filme da franquia tá aqui: o humor, a pegada sobrenatural cômica, a atmosfera, o fator nostalgia, toda a tecnologia maluca do Egon e companhia. A história tem um tom épico e surpreendentemente tem alguns momentos bem dark, numa pegada bem mais Terror mesmo. Fiquei imaginando como seria um filme do Caça-Fantasmas com essa pegada mais dark, bem um Black comedy horror mesmo. Serve não só como uma história de continuação que perfeitamente encerraria a trilogia, mas também como uma grande homenagem à franquia. Homenagem essa que ganha um sentido ainda maior, visto que o game foi a última vez que o Harold Ramis representou o personagem antes da sua morte em 2014.

O game tem uma jogabilidade fácil de pegar, as mecânicas são básicas de um game de tiro em terceira pessoa, mas em vezes de armas você tem uma Mochila de Prótons que, ao longo da aventura, vai ganhando novos tipos de munição e habilidades. A exploração é bem gostosa e os coletáveis são cheios de referências e easter eggs que enchem o coração de qualquer fã. A dublagem é fenomenal, já que todo o elenco principal original de protagonistas retorna, acompanhados de outros bons atores que cumprem bem seu papel. E os modelos dos Caça Fantasmas estão muito bem feitos.

Não é um game perfeito. Apesar dos gráficos ok, ele é bem datado nesse quesito, lugares em que, em algum game atual, te custariam uma morte por descuido, aqui tu é amparado por paredes invisíveis que não te deixam cair em armadilhas, por exemplo. Apesar de você conseguir explorar alguns pontos pra pegar coletáveis, o game é bem linear e não te dá muita margem pra erro. E mais uma coisa: não subestimem esse jogo. Mesmo na dificuldade mais baixa se tu não prestar atenção, tu pode acabar morrendo facilmente. Um exemplo é na fase da Times Square que o Stay Puft manda um monte de criaturinhas de Marshmallow e elas vem em grandes números. Um descuido e elas te dominam e tu acaba caindo. Mesmo os fantasmas se tu não te cuidar te dão charging attacks, jogam projéteis. Claro que no Amador é bem tranquilo e tu só morre por descuido. Mas pra quem quer fazer a Platina, como eu fiz, vocês tem que jogar o game no Hard (que aqui é o Profissional) e pode render alguns momentos bem treta durante a gameplay. Mesmo usando um exploit que me permitia fazer basicamente uma boss rush em vez de jogar o game inteiro, alguns chefes me deram muito trabalho. Em especial o Colecionador na Biblioteca Pública e a Mulher Aranha no Hotel. Então tenham isso em mente.

O game tem uma única falha grande, pra mim, que é o personagem que tu usa. Aqui, em vez de usar algum dos personagens do filme tu controla o Rookie, um protagonista mudo que só reage ao que acontece na história. Nessa versão, que pega de base as de PS3 e X360, ele é um carinha genérico e no PS2 tu podia escolher entre um homem e uma mulher para ser o Rookie, o que me faz questionar o motivo de essa opção tão básica não estar presente numa versão feita pra consoles mais avançados.

O teu personagem tá ali mais pra cumprir tabela, na época a ideia era fazer com que "o jogador se sentisse um Caça-Fantasma". A questão é: o boneco não fala, não interage e não acrescenta NADA na história. Inclusive, em diversas cutscenes, o personagem nem aparece, o foco é somente nos personagens dos filmes (o que não só faz sentido como é o que a gente quer). Então, pra que ele tá ali?

Já que no PS2 tu escolhia entre um modelo masculino e um feminino já prontos, por que nas versões de consoles mais avançados não incluir uma customização, por mais básica que fosse? Sexo, cabelo, barba, olhos, nariz, essas coisas bem simples mesmo, assim ao menos dava pra tentar te criar no game. E colocasse nem que fosse uma única faixa de voz pra cada sexo e dessem pro teu bonequinho alguma fala, alguma justificativa, ou alguma habilidade pra ele. É um ponto bem fraco no game.

Fora isso, Ghostbusters: The Video Game é um jogo engraçado, que evoca perfeitamente todos os aspectos de seu material base. Que oferece uma gameplay divertida com momentos desafiadores e diversos que vão te render boas risadas. Perfeito não só pra quem é fã, mas que gostaria de conhecer ou que conhece só os filmes atuais. Não é uma obra-prima, mas é um game muito maneiro. Facilmente uma das melhores adaptações de filmes pra game.

Reviewed on Apr 07, 2024


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