Provavelmente todo mundo familiarizado com RPGs tem algum específico que se viciou e investiu sabe-se lá quantas mil horas. Nesse caso, Regnum Online, que depois virou Regnum Online Warmasters, e agora Champions of Regnum, sempre marcou uma certa relevância na minha rotina desde 2012, mesmo com níveis de atividade oscilantes ao longo dos anos.

Para mim, o fator mais positivo do jogo é o RvR (Reino vs Reino), principalmente porque nunca fui fã de PvPs estritos. Escolher seu reino, subir de nível e ir pra guerra contra outros jogadores dos outros reinos é um conceito que rende boas horas de diversão, mas também muitas horas de tédio, porque sua atividade no jogo (excluindo o aspecto PvP) depende muito da vontade de outros desejarem iniciar uma guerra em algum lugar. Além disso, você só consegue ter uma participação efetiva na guerra lá pro nível 50+, e haja tempo de grinding para chegar nisso; considerando os limites de paciência e tempo do jogador, pode levar 1 ou 2 meses para conquistar isso. No mais, para aqueles que possam se interessar, o jogo tem algumas histórias que até conseguem ser interessantes, o que pode até ajudar a ultrapassar as centenas de missões necessárias para subir os níveis iniciais (1-30), e que também minimiza bastante o desgaste mental (não garanto nada, eu gosto de lore).

As trilhas sonoras são suficientemente boas e evocam um espírito RPGzão bem aconchegante. O sistema de customização é bem pobre, quase obrigando o jogador a gastar dinheiro com personalização premium para sentir que tem a liberdade para construir seu personagem. Já os gráficos... bom, para mim, são adequados para a experiência que o jogo propõe; ter gráficos estupidamente belos, tipo um Black Desert da vida, não iria acrescentar muita coisa aqui. Para mim, o charme de Regnum é permanecer um RvR relativamente simples, com mecânicas de combate, grinding e aspectos gerais tranquilos de entender e executar quando comparadas a de outros MMORPGs mais atuais, que na minha opinião despertam mais dor de cabeça pela overdose de conteúdo do que qualquer outra coisa.

É inegável o aspecto Pay To Win, mas que uma boa dedicação (principalmente no comércio) até permite que você consiga ter um nível de jogabilidade mediano pra cima — porém, como todo RPG, haja tempo e devoção exclusiva para alcançar isso. Todas as subclasses são unicamente interessantes, realmente dependendo do que o jogador melhor se identifica para jogar. Se existe um desbalanço entre elas, geralmente é uma impressão construída pelo fato de alguém usar itens absurdamente fortes (ou seja, já gastou um bom dinheiro no jogo, principalmente em Lucky Boxes), o que abre margem para outro assunto.

O jogo ainda tem alguns jogadores ativos, e os desenvolvedores PARECEM se mostrar engajados na realização de eventos, atualizações, discussão de ideias, dentre outros. Entretanto, muitas das últimas decisões só serviram justamente para reforçar o Pay To Win, com um belíssimo destaque para a nova opção de pagar por um item personalizável a partir de preços estupidamente altos, porque dinheiro é a única coisa que importa para a NGE. Além disso, como consequência quase inevitável do RvR, um dos maiores problemas é a diferença populacional entre os reinos, e claro que a NGE não tem a menor preocupação em tentar balancear isso; teoricamente existe um sistema para equilibrar as guerras em forts e muralhas, mas ele NÃO funciona. Isso não é exagero ou sentimento de injustiça, ele simplesmente não existe, o que é facilmente perceptível todos os dias quando ele deveria estar em vigor. E claro, mais uma vez, os desenvolvedores também não ligam que ele funcione, pois balancear o conflito entre os três reinos necessariamente vai tornar descontente aquele que tem mostrado dominância na zona de guerra há meses (ou até anos, na verdade), o que representa justamente a maioria da comunidade.

Ou seja, Champions of Regnum aparenta ter um aspecto de abandonado, o que é culpa exclusivamente da incompetência da NGE; não dá para chamá-los de burros ou idiotas, pois eles sabem muito bem o que estão fazendo. Tendo em vista as últimas decisões, não aguarde por atualizações que visam balancear o jogo no que for necessário (principalmente para o balanceamento populacional), pois é muito claro que, enquanto os jogadores continuarem com as microtransações, absolutamente nada será feito. No presente momento, a Nimble Giant evidencia perfeitamente suas tendências: eventos, itens e até balanceamentos são voltados principalmente para aqueles que gastam dinheiro, e pouco importa o abismo cada vez maior que surge entre essas pessoas e jogadores casuais, e muito menos se a zona de guerra está morta em quase todos os horários — e quando está viva, está imensamente desequilibrada, claro.

Eu não tenho como recomendar Regnum para novos jogadores; busquem títulos de empresas que se importam com seus jogadores, que se empenham na entrega e manutenção de conteúdo decente para a experiência de todos, porque você dificilmente encontrará isso por aqui. Se eu permaneço jogando, é porque já tenho uma trajetória construída há quase uma década, onde em grande parte reside uma nostalgia de um tempo onde minha vida era mais simples. Não obstante, o jogo nem sempre foi assim; no passado, o descaso e as técnicas predatórias da NGE (anteriormente NGD) não eram tão evidentes, o que não deve ser atribuído a uma boa capacidade de gestão que existia, mas porque o jogo não necessitava de tantas intervenções, pois ainda era vivo o suficiente e não demonstrava os problemas que possui hoje em dia. Caso esse rumo permaneça do jeito que está, arrisco dizer que provavelmente o último servidor restante (Ra) seja igualmente excluído por conta da dominância de um único reino, seguindo a trajetória dos antigos servidores brasileiro, alemão, francês e inglês.

Reviewed on Dec 05, 2023


Comments