Não sei se dá pra chamar isso de RPG, talvez visual novel, mas é uma experiência completamente literária, com quase toda a sua gameplay e level-design focada em diálogos (até as dungeons), dito isto, como um jogo que pretende jogar tudo fora em favor da escrita, ele é quase perfeito. É o jogo mais bem escrito que já vi, uma mistura de humor com uma lore absurda, cheia de aspectos teológicos e filosóficos para contar uma tragédia, um pouco similar a Silent Hill 2 nesse aspecto, ambos envolvendo romance e condição humana como temas principais. A jornada, os personagens e o mundo de Planescape são muito bons e poucas vezes me vi entediado passando 1 ou 2 horas lendo no computador, desde as situações mais sérias até as mais absurdas (como refutar a existência de alguém e fazê-lo desaparecer) tirando o combate (que é descartável em 90% das situações) que é travado e provavelmente o pior dos jogos da Infinity Engine, não tem muito oque se falar, a trilha sonora também é muito boa. Pra finalizar, esse jogo me impressionou com o seu material simbólico, ele trata muito bem suas referências teológicas e filosóficas, tem algumas coisas ali que quem não tem um conhecimento mínimo de alguns conceitos religiosos realmente não vai pegar, o jogo é denso e não tem vergonha de usá-los como eles realmente são, sem simplificar muito ou ser pretensioso, coisa que acontece com quase qualquer jogo que tenta lidar com algo minimamente religioso por exemplo. Não me impressiona que o game não ficou popular entre os círculos "underground" de jogos, é muito mais fácil falar de Nier ou Persona, que banalizam esse tipo de coisa.

Reviewed on Sep 18, 2022


Comments