This review contains spoilers

𝐒𝐮𝐚 𝐟𝐚𝐥𝐭𝐚 𝐝𝐞 𝐬𝐮𝐭𝐢𝐥𝐞𝐳𝐚 𝐞́ 𝐦𝐨𝐭𝐢𝐯𝐚𝐝𝐨 𝐩𝐨𝐫 𝐮𝐦𝐚 𝐦𝐞𝐧𝐬𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐮𝐫𝐠𝐞𝐧𝐭𝐞.
Ser sutil é irrelativo quando se está desesperado para desabafar; quando há urgência em suas palavras. Uma pessoa depressiva não vive sutilmente, uma pessoa que sofre com males cujo não podemos enxergar vivem em uma constante urgência, um desespero inacabável que parece não ter fim, mas o que estas pessoas podem fazer quando são tratadas como o mal da geração? Quando são diminuídas para uma geração fraca que tornam coisas frívolas como problemas irreparáveis... O que elas podem fazer? Presas, desesperadas, confinadas, estas pessoas só andam para frente até o momento em que perdem forças para resistir. Não há sutileza nisso, apenas dor.
É assim que eu encaro Silent Hill: The Short Message, um jogo que carrega consigo mais do que só uma mensagem, um desabafo que mostra que o mal dos tempos atuais não é a nova geração, mas sim a ignorância coletiva algo que está presente por toda parte, em pessoas novas, velhas, sejam famíliares, amigos, estranhos ou até nós mesmos. E ver pessoas tratando-o como um jogo de drama adolescente, mostra que ele foi certeiro no que ele queria transmitir. Por isso, sua falta de sutileza para mim é a sua maior qualidade, esse jogo é realmente, uma mensagem curta para pessoas que estão sofrendo com algo que não podemos enxergar. E sim, isso me encantou.
Como que um jogo tão curto conseguiu passar uma mensagem tão poderosa escancarando o verdadeiro problema de hoje em dia, simples, essa é a magia dessa franquia. Silent Hill sempre conseguiu passar as maiores impressões das maneiras mais simples, é por isso, que eu o encaro não só como um ótimo jogo, mas sim, um ótimo Silent Hill.

𝘼𝙘𝙚𝙞𝙩𝙖𝙘̧𝙖̃𝙤 𝙚 𝙎𝙪𝙥𝙚𝙧𝙖𝙘̧𝙖̃𝙤: 𝙐𝙢𝙖 𝙙𝙪𝙖𝙡𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙘𝙤𝙢𝙥𝙡𝙚𝙭𝙖 𝙥𝙤́𝙨 𝙖 𝙣𝙚𝙜𝙖𝙘̧𝙖̃𝙤.
A depressão e ansiedade são processos complicados que requerem muita aceitação e por fim, superação. E aqui acompanhamos essa dualidade tanto em Anita quanto na Maya.
"Minha obra no telhado está quase pronta. Pode até ser meu maior feito. Mas quando eu terminar... e aí? Será que tenho talento para pensar em algo ainda maior? Por quanto tempo mais vou poder aproveitar a fama e os elogios que estou recebendo agora? Será que o desespero e a decepção estão só me esperando?" Não pude deixar de refletir nisso quando li em um dos memos mais importantes do jogo, Maya, estava em um conflito interno enorme buscando a dualidade, mas ela não conseguiu encontrar pois estava em constante negação, isso, causado pelo bullyng, causado pela falta de ter alguém para conversar, anteriormente, disse que o jogo possui uma falta de sutileza, mas, os comentários da Maya nos memos eles são sutis, assim, como uma pessoa que está nesse complexo processo mental. Como não percebem o desespero sutil nesta frase? "Pode até ser meu maior feito. Mas quando eu terminar... e aí?", isso é mais complexo do que parece e muitas pessoas fazem vista grossa para isso, deixam passar essas coisas tão importante, ah, isso é frescura... ou não tem importância e é nisso que muitas não percebem o quão importante é prestarmos atenção nos mínimos detalhes, nos comentários sútis que não parecem indicar nada, não sabemos quando vamos perder alguém que não conseguiu superar seus problemas.
A Anita, por sua vez, tinha inveja. Esta inveja fora o motivo deste mal crescer dentro de si. Aqui podemos perceber que ela se via como uma sombra da Maya, talvez, pensando que ela fosse perfeita pelos seus feitos e não vendo que ela também tinha seus problemas interiores. Neste caso a Anita estava fazendo o papel de ignorante, o papel daqueles que veem essas coisas e tratam como uma simples frescura, que acham que problemas de verdade são só aqueles causados por motivos maiores, e isso fez com que ela ignorasse completamente as eticas morais e fosse uma das culpadas pelo o que aconteceu com a Maya, e aí, entra a aceitação. Vemos que ela buscava pela Maya no começo do jogo pensando que ela ainda estava viva, mas, com o passar do tempo, descobrimos que ela já estava naquele delicado processo a mais de um ano, talvez, fugindo sempre da verdade que queria a perseguir, não se sabe se ela estava naquele prédio a todo esse tempo, ou ela já estava sendo afetada muitoa ntes de ir para o prédio, mas fica claro que ela não queria aceitar que Maya tinha morrido, pois estava em negação. E são nos momentos em que temos as perseguições, lemos os memos e sabemos um pouquinho mais do passado complicado da Anita, que estamos passando pelo delicado processo de aceitação, e que por ventura, conseguimos sim aceitar e superar tudo isso, ter coragem de encarar a verdade.
"Talvez, eu deva acabar com tudo enquanto eu estou feliz... Sair ao som de aplausos."

𝗠𝗮𝗶𝘀 𝘂𝗺 𝗦𝗶𝗹𝗲𝗻𝘁 𝗛𝗶𝗹𝗹 𝗾𝘂𝗲 𝗻𝗮̃𝗼 𝘀𝗲 𝗽𝗮𝘀𝘀𝗮 𝗲𝗺 𝗦𝗶𝗹𝗲𝗻𝘁 𝗛𝗶𝗹𝗹?
Pra início de conversa, já vou deixar claro que eu acho a maior burrice de todas aqueles que acham que Silent Hill é só sobre a cidade, não, Silent Hill desde sempre se demonstrou ser uma metafóra para mostrar que o verdadeiro terror está aqui dentro, em nossas mentes, a cidade até então era apenas a metáfora ou o palco para todo esse horror psicológico. E é por isso que é válido outros Silent Hill se passarem em outros lugares, já que a influência não é da cidade propriamente dita mas sim daquela região, pessoas que se quer prestaram atenção no jogo, sabem que desde sempre os nativos que cultuavam os deuses posteriormente roubados pelos colonizadores acreditavam que aquela região tinha algo sagrado, algo que foi fortificado pelos rituais que aconteceram com a Alessa, fazendo com que a influência dessa região escorresse para vários lugares atingindo as mais diversas pessoas, principalmente aquelas fragilizadas.
Então por isso que sim, ele é mais um Silent Hill que não se passa na cidade, tendo apenas uma menção a ela, mas mesmo assim, consegue carregar o peso e a profundidade de um Silent Hill.

𝗔𝘀𝗽𝗲𝗰𝘁𝗼𝘀 𝘁𝗲́𝗰𝗻𝗶𝗰𝗼𝘀/𝗴𝗿𝗮́𝗳𝗶𝗰𝗼𝘀/𝗴𝗮𝗺𝗲𝗽𝗹𝗮𝘆𝘀.
Nas questões técnicas seria covardia criticar o jogo tendo em vista que ele não é uma super produção e é um jogo bastante curto, mas eu gostei do que eu vi. Os gráficos dos cenários são belíssimos e em muitos momentos eu fiquei embasbacado com o nível de detalhes do cenário. Uma das coisas que eu mais admirei é como eles conseguiram trazer de volta aquele aspecto sujo e abandonado dos jogos antigos, principalmente de Silent Hill 2, algo que é muito difícil de ser replicado de uma maneira que não seja apenas jogada mas sim, que você vê que aquilo também carrega consigo uma mensagem. Nesse caso, a sujeira dos apartamentos, corredores estreitos, são uma metafóra clara e óbvia a como a Anita estava se sentindo.
A gameplay é simples demais, é praticamente um walking-simulator, mas qual Silent Hill não é? É um pouco difícil de cobrar por mais mecânicas tendo em vista que é um jogo rápido de 1-2 horas, mas acho que eles poderiam caprichar um pouquinho a mais talvez, pondo mecânicas um pouco mais interessantes no celular.
𝗥𝗲𝘀𝘂𝗺𝗼 𝗱𝗮 𝗼́𝗽𝗲𝗿𝗮, Silent Hill: The Short Message é ótimo e consegue passar uma mensagem urgente sobre um dos maiores problemas da atualidade. Ele tem tudo para ser considerado um ótimo Silent Hill, atmosfera, simbologias e aquela atmosfera pesada e desconfortável da franquia. É estranho dizer, mas me sinto em casa novamente, e fico feliz por isso. Muito feliz...

Reviewed on Feb 04, 2024


Comments