Tocante, dramático e perfeito. To the Moon acerta em tudo que ele se propõem a ser.

Atenção: essa review possui leves spoilers da trama.

Primeiramente, a forma como a história é contada é simplesmente genial. Acompanhamos a vida de John, começando das suas memórias mais novas (de quando ele já está idoso) até as mais velhas (de sua infância). O que brilha aqui, é que o jogo vai aos poucos entregando fragmentos da história da vida do personagem, pra só depois encontrarmos as respostas desses fragmentos em suas memórias mais antigas, apresentando todo o drama para o jogador começando do final e terminando no início.

Também somos guiados pelas memórias do idoso por dois protagonistas com uma presença muito forte e, principalmente, muito humanos. A personalidade, o carisma, a interação entre eles e os defeitos de cada um são muito identificáveis e reais. É como se eles realmente fossem pessoas no meio daquela situação que veem as memórias do John de fora, junto do jogador, por mais que eles participem ativamente da história.

Mas o que de longe mais me surpreendeu em To the Moon é como os sentimentos, expressões e pequenos gestos dos personagens são tão bem representados dentro de um jogo pixelado. As leves pausas nas falas, mudanças de animação e ações dos personagens entregam muito de cada um deles, representando seus trejeitos e comportamentos. Essa ferramenta que a história utiliza não é só um detalhe bem feito, como também algo que se torna essencial pra desenvolver alguns personagens, como a River, por exemplo, que possui Síndrome de Asperger e tem sua condição muito bem retratada por essa ferramenta de roteiro.

Não só toda a história do jogo é incrível como também as outras coisas que complementam ela, como a arte e a trilha sonora maravilhosas que o jogo possui.

A única coisa que eu queria que fosse melhor nesse jogo é a construção dos personagens secundários que poderiam ter sido mais explorados. Somos apresentados a alguns coadjuvantes ao longo da história com muito carisma mas que poderiam ter tido mais tempo de tela e participação no enredo. Isso nem é necessariamente um defeito, é só uma observação de algo que eu queria que fosse melhor.

To the Moon não é só lindo, como também é uma aula de como se contar uma história e criar detalhes que a deixam ainda mais incrível. Obra de arte.

Nota: 9/10

Reviewed on Jan 14, 2023


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