Diablo 2, continuação de Diablo 1, conta a história direta após os acontecimentos do primeiro jogo, o herói de tristam que parte para o leste tendo seu corpo controlado pelo Diablo, e esse pretende libertar os outros dois males que os horadrim aprisionaram, Mephisto e Baal, a jornada se dá pelo jogador como um novo herói seguindo os passos do primeiro herói que derrotara Diablo, porém dessa vez cabe a ele derrotar todos os 3 males.

A obra propõe um ARPG no estilo hack n’ slash, onde o foco principal é enfrentar as hordas de inimigos e utilizar as mecânicas de RPG para customizar a build, o grind é presente durante grande parte do jogo. Mesmo com esse foco claro nas mecânicas e na jogabilidade, Diablo 2 não abre mão de contar uma história intrigante e heróica.

Como qualquer jogo lançado no começo dos anos 2000, Diablo 2 conta sua história em grande parte pelos diálogos com os npc’s, é necessário ler os diálogos para que todo o enredo da obra faça sentido, o Diablo 2: Resurrected, um remaster da obra original, conta com cinematics fantásticas que ajudam na construção de uma narrativa e dá mais vida ao mundo do Diablo contando a história através da perspectiva de um indivíduo a parte do grande embate entre o jogador e os demônios, utilizando esse personagem a blizzard mostra que as pessoas que vivem no mundo de Diablo são influenciadas e influenciam nos acontecimentos, o mundo é vivo e não algo obsoleto feito para o jogador se deleitar com a morte do demônios.

A história é linear sem grandes plot’s, o trabalho empregado nela não é profundo, porém isso não se torna um problema pois ela é complementar nesse tipo de obra, e mesmo sendo complementar os desenvolvedores tem um cuidado em criar algo interessante de se ver e interagir, o que passa facilmente o nível médio das histórias dos ARPG. Ainda falando da história, ela consegue fazer uma ponte entre os acontecimentos do primeiro jogo e um prelúdio do jogo 3 sempre abrindo espaço para mais conteúdo, o que agrada grande parte do público, assim como a mim.

Os problemas que estão presentes no jogo, são problemas comuns à época nos jogos em geral, principalmente os 2.5D, a diagonal ainda é problema gigantesco, seja para movimentar ou para utilizar skill shot, é complicado acertar a trajetória e geralmente ela não segue o esperado pelo jogador. Ainda há alguns bugs tanto visuais quanto de algumas skills que ficaram sem tratamento mas que foram corrigidas no remaster do jogo lançado pela blizzard no ano de 2021.

A sensação de chilling é presente em grande parte do jogo e o desafio também percorre outra parte importante da obra, mas o mais comum é a sensação de satisfação ao conseguir atingir os objetivos, a dopamina liberada é gigantesca ao matar certos bosses ou conseguir certos equipamentos, esse tipo de sensação domina grande parte do gênero de ARPG no geral.

Um ponto na jogabilidade que é comum de jogos desta época é a falta de indicativos de quest, onde ir para completar determinada quest, obrigando assim o jogador a ler as quests, pensar nos locais que ele esteve e se inteirar mesmo que minimamente sobre a história do jogo, acho isso um ponto positivo que talvez falte nos jogos atuais que focam demais na gameplay e pouco na construção de uma história.

O jogo apresenta 7 classes se contar a dlc, isso abre o jogo para diversas possibilidades de estilos de jogo diferentes para se explorar. Ainda falando da jogabilidade, a ideia inovadora do Diablo 2 é a necessidade de repetir a história do jogo 3 vezes para realmente zerar o game, é fazendo o progresso do normal, pesadelo e infernal que o jogador é capaz de atingir o nível máximo e conseguir os melhores itens do jogo, porém ainda é necessário um grind de monstros, matando várias vezes os mesmos bosses e limpando os mesmos mapas para conseguir atingir o nível necessário para enfrentar os desafios.

A variedade de habilidades é gigante com 3 árvores de skills cada classe, dando uma variabilidade gigante para os jogadores, permitindo que se explore a mesma classe de diferentes formas. Ainda é adicionado a possibilidade de se jogar no multiplayer podendo fazer combos de classes para tornar todo o progresso mais divertido e diferenciado.

Esteticamente o jogo conta com um realismo, porém ele é prejudicado pelo gráfico da época que era limitado, mas nem por isso a obra deixa de explorar os aspectos sombrios característicos da franquia, com corpos estirados em estacas e sangue espalhados em poças por quase todos os cenários.

Concluindo, se Diablo 1 abre as portas para a franquia e apresenta um novo gênero, Diablo 2 refina esse gênero com parâmetros de jogabilidade que delimitam o gênero e o torna um clássico. Marcando gerações e apresentando a ideia de grind em um jogo multiplayer, Diablo 2 revoluciona o que se entende por ARPG Hack n’ Slash e dita as principais características que seriam no futuro considerado o “mínimo” desse tipo de jogo.

Reviewed on Jul 05, 2023


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