Estou há 8 dias sem conseguir escrever esse texto. Não que eu precise, eu quero, mas não consigo organizar o que dizer. Peço perdão se tudo parecer completamente desconexo.

Acho que o que mais me assusta é que Bayonetta foi um jogo muito formador de estética em 2010 quando joguei pela primeira vez. Só que eu nunca, jamais, havia percebido isso. Foi um jogo que me deu sinais que preferi ignorar.

Meu alinhamento nunca foi gostar do jogo só porque a Bayonetta é gostosa (mesmo eu sabendo quem eu sou hoje em dia isso ainda não é o motivador). Imagino também que esse não é o alinhamento de muita gente que gosta dele também, porque a Bayonetta é sensual, é sexual, mas não é... erótica? Nada do que ela faz é para o jogador, é só uma demonstração de poder e de autoestima, algo que Bayonetta nunca deixa de esbanjar. A própria nudez que ela apresenta ao invocar demônios não é algo particularmente erótico. Usando outro exemplo da Platinum, acho Nier: Automata muito mais apelativo nesse quesito.

Me sinto indigna de falar o que ela representa pra mim, mas isso é um problema que percorreu minha vida toda e que me impediu de seguir em frente por muito tempo. Bayonetta apesar de se resumir a femme fatale por talvez 1 hora de jogo, logo começa a ficar mais humana em sua interação com os outros. E é nesse aspecto que ela é tão forte, pois ela não deixa de ser confiante, nem forte e nem vira dependente, mas sim mais compreensível. Eu demorei 10 anos pra entender porque o pensamento "queria ser que nem ela" não era esquisito.

Lembro com certo carinho de um conhecido meu falando que dava graças a deus que podia mudar a trilha sonora do jogo, pois não aguentava a musica de menina. Indiferente do quão boba é essa afirmação, Bayonetta de fato me abriu os olhos pra quantidade de coisas que eu tenho capacidade de gostar, e seu ecleticismo entre pop e musicas épicas com corais cria uma diferença tonal que adoro até hoje.

Bayonetta é joguinho de boneco e combo, possívelmente o que mais gosto de todos que joguei, e é divertido estiloso e charmoso. A estética é extravagante, quando não chique, o que só potencializa todos os personagens humanos terem proporção de desenho de moda, algo que não é muito comum no âmbito dos jogos. Mari Shimazaki não teve medo algum de impor seu estilo. Eu sempre lembro da história do Kamiya pedindo uma rebolada perfeita enquanto a Bayonetta andava, mas tudo que esse jogo passa é um extrema feminilidade que não é feita só pra agradar o tal do male gaze.

Uma sensibilidade grande em equipe pra que esse jogo não virasse só mais Um Jogo De Gostosa, e sim Um Jogo Para Gostosas (Todas)

Reviewed on Jul 27, 2023


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