Alô Comunidade dos Mods, tá aqui uma oportunidade legal, hein. Castlevania: Circle of the Moon é um bom jogo, com ideias muito interessantes, trilha sonora excepcional (como de costume), gráficos bonitos (ainda que escuros), level design bem feito (até certo ponto), tudo o que daria um belo pacote. Mas tudo isso não foi muito bem executado pela Konami, e os problemas que o jogo apresenta comprometem toda a experiência.

Lá no começo do texto mencionei que o jogo apresenta ideias interessantes. Pois bem, há o sistema DSS, que são cartas que quando equipadas dão atributos especiais, sejam de ataque ou defesa, como um foguinho no chicote ou o boneco se tornar de pedra, logo, mais resistente. Tais cartas são obtidas derrotando certos inimigos, e é meio aleatório quando se consegue tais cartas. Ou seja, o jogo têm uma experiência de replay muito boa, pois uma sessão geralmente será diferente da outra, considerando que as cartas sejam obtidas em ordem diferente. Ótima ideia! Mas como eu disse, a execução não é muito boa.

As cartas são obtidas derrotando certos inimigos, mas isso é totalmente na base da sorte, o que torna necessário ficar entrando e saindo de uma sala e derrotar o mesmo inimigo a esmo pra obter essa bendita carta. Detalhe: há uma enciclopédia dos inimigos, mas ela não informa quais deles cedem tais cartas, e algumas delas são MUITO necessárias pra se progredir, pois a dificuldade é MUITO alta, e aí é que entra outra questão do jogo.

Jogos difíceis não são um problema em si, desde que a dificuldade deles seja construída naturalmente, o que não é o caso desse Castlevania aqui. É comum em Metroidvanias haver um shopinho para adquirir outras armas, itens e afins. Aqui não é o caso. Em relação às armas, nem é tanto um problema, dado o DNS, mas os itens, ah, os itens são um capítulo a parte. Todo e qualquer item é obtido derrotando inimigos, inclusive poções de cura e afins. Algo chato, de fato, mal pensado, mas que em teoria não inviabilizaria a experiência. A questão é que os itens não progridem junto com o jogo. Por exemplo, o personagem evolui, aumentando indicadores como HP e MP, o mesmo se aplica aos inimigos. Mas os itens continuam os mesmos o jogo inteiro. Aquela poção que repõe míseros 20HP's (pouco até mesmo pro começo do jogo) é a única disponível, e detalhe, há uma limitação de inventório. Ainda que os locais de Save reponham HP e MP, é uma baita de uma cretinice lutar contra um Drácula da vida (não finjam surpresa, esse é um evento que fatalmente ocorre em praticamente todo Castlevania). E boa sorte ao trafegar pelo mapa e ficar longe de um ponto de Save. Calha de conseguir uma carta rara, ficar com HP baixo e não ter recursos o bastante pra lidar com isso não por ter jogado mal, mas simplesmente pq quem projetou o jogo não quis.

Agora que entrei no tópico de progressão do mapa, aqui entra outra coisa mal executada. É algo normal em um Metroidvania encontrar um ponto em que não dá pra se progredir sem uma habilidade que será adquirida. Até aqui tudo bem. O problema de Circle of the Moon é que isso acontece muito, muito mesmo. Uma coisa é passar uma falsa sensação de amplitude de um mapa, em que a progressão é basicamente linear e o jogo mascara isso mal, isso quando mascara. Agora esse Castlevania aqui é o extremo oposto, te dando um monte de opções, mas chega na hora H pra te dizer que não, vc não pode prosseguir por aqui. Seria legal se houvesse alguma indicação no mapa de portas fechadas, rochas, barreiras de metal, mas só por ter começado a frase com a palavra "seria" dá pra perceber que não é o caso.

Tenho certeza que alguém tenha feito e disponibilizado na rede mundial de computadores um Mod desse jogo, resolvendo esses problemas. E não precisa de muito. Um mapa com informações. Itens que progridam junto com o jogo. Inventário ilimitado, ou consideravelmente expandido, ao menos. E das cartas, uma boa seria se elas estivessem espalhadas pelo mapa, e pra garantir que cada sessão do jogo seja única, que as cartas nesses locais mudassem a casa Novo Jogo.

Caso Castlevania: Circle of the Moon fosse mais amigável/justo e tornasse a experiência menos propícia a uma aleatoriedade totalmente arbitrária, eu o colocaria entre os melhores da série, junto com Symphony of the Night, pois todo o resto está lá. Mesmo com todos esses problemas, não é um jogo ruim, o material base é muito bom, mas as más decisões tomadas acabam sabotando tudo de bom que o game traz, o quê de certa forma é triste, pois é um trabalho com várias boas ideias, mas que acaba tropeçando nas próprias pernas.

Reviewed on Dec 03, 2022


3 Comments


1 year ago

Também tinha um glitch pra poder usar todas as cartas sem pega-las, inclusive zerei assim.

1 year ago

Não sabia desse glitch, e imagino que isso deva mudar totalmente a experiência do jogo