Harmony of Dissonance conserta várias falhas do seu antecessor, Circle of the Moon, porém acrescenta novas que, no saldo geral, ainda o deixam em uma posição melhor que o jogo anterior.

A equipe de desenvolvimento elaborou um level design melhor, com um mapas mais horizontais, em contraposição às áreas mais verticais de Circle of the Moon. Essa característica dos mapas aproveita bem a presença de botões de dash, o que torna a exploração mais dinâmica. Assim com no pioneiro da série no GBA, o mapa aqui também é bem aberto, fazendo com que muitas áreas do castelo sejam acessíveis relativamente cedo. Isso causa momentos em que se chega a áreas que não deveriam ser acessadas naquela etapa, mas aqui é menos frequente, mas ainda enerva um cadinho. Uma coisa que cabe salientar é que aquele típico começo devagar de Metroidvanias aqui é um pouco mais arrastado. Da metade em diante o ritmo melhora consideravelmente, e a presença de portais que ligam diferentes partes do castelo ajudam a tornar a exploração mais dinâmica.

Outro acerto foi na dificuldade, mais em par com Symphony of the Night, mas um pouco mais difícil pelo espaçamento dos save points, que creio eu é devido ao jogo ser portátil, permitindo que o jogador salve a qualquer instante. E os controles colaboram positivamente em tornar o desafio agradável, sendo fluídos e contato com um sistema bem legal de magias, que incentiva a experimentação das mais variadas combinações. Também há um shoppinho para adquirir itens, uma mudança bem vinda em comparação com CotM, mas mesmo em se tratando de algo simples, a Konami consegui complicar as coisas de um jeito absurdo, estabelecendo critérios para a lojinha aparecer nos locais designados, tais como ter um número X de corações ou estar num nível de número par ou ímpar. Além de ser desnecessário, em momento algum o jogo deixa essa informação clara, muito pelo contrário, pois os indícios dessa funcionalidade são extremamente crípticos. Só fiquei sabendo depois que terminei o jogo, quando consultei um FAQ por curiosidade.

Da parte gráfica, o jogo é bonito, com gráficos claros, ao contrário dos tons escuros do episódio anterior. Os sprites dos protagonistas e dos inimigos são bem feitos, e a variedade desses últimos é impressionante, considerando o armazenamento no cartucho do GBA. O mesmo se aplica aos os cenários, que além de bonitos graficamente possuem uma direção de arte que os distinguem entre si.

Agora, das coisas não muito boas, a primeira que será notada é a trilha sonora. Não que as músicas não sejam boas composições, mas a escolha em priorizar os gráficos fez com que a qualidade do som ficasse bem ruim. Outra coisa que vai demorar um pouco mais para dar as caras mas que também gerará aborrecimento é o fato de haver dois mapas. Isso já foi feito em SotN, e bem feito, coisa que não acontece aqui. Na obra de Psone, o segundo castelo era de ponta cabeça, o que alterava significativamente a paisagem e como o jogo se desenrolava. Mas em Harmony of Dissonance o segundo mapa é rigorosamente o mesmo, só com umas alterações aqui e acolá. Verdade seja dita, a ambientação muda consideravelmente, mas isso não torna as coisas melhores nem mascara que foi uma tentativa de colocar mais água no feijão.

Após terminar o jogo com o final verdadeiro, dois modos são liberados: uma nova campanha com o outro personagem, semelhante à vista com Richter no jogo de Psone (e que acho melhor executada aqui, pois os atributos do personagem progridem) e um Boss Rush que conta com um pequeno extra: inserindo o código Konami na tela em que o logo da empresa aparece, é possível jogar com a versão de Simon Belmont do Castlevania II, com sprite de época e tudo.

Harmony of Dissonance não é o melhor Castlevania já visto, mas é mais competente que o jogo anterior, mas isso não é o bastante para colocá-lo entre os melhores Metroidvanias vistos, até mesmo no próprio GBA. Vale a recomendação para quem é fã da série, do gênero ou simplesmente está curioso.

Reviewed on Mar 03, 2023


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