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Callisto Protocol é provavelmente a experiência mais miserável que tive com um jogo AAA, deixa eu explicar:

Sinceramente eu não sabia exatamente o que esperar de Callisto Protocol, ele tem envolvimento do criador de Dead Space o trailer de anuncio dele era intrigante e isso era tudo que eu tinha de informação desse jogo até esse presente momento. Antes dele, eu tive vontade de jogar Dead Space e caso você queira saber o que eu achei, bem, mediocre, tenho meus motivos, comentei aqui no site também e ok, vamo virar essa pagina.

Mas fato é que enquanto eu jogava Dead Space eu me perguntava como transpor aquele jogo, para as convenções de hoje, o que seria Dead Space hoje? Eu inocente acreditei que essa miséria tecnológica seria um interessante ponto de partida pra sanar a minha duvida.

Mas e ai, e qual é o problema então? Tudo, desde as polemicas pelo crunch que ocorreu na produção, questões de filosofia de game design até o espancamento que foi pro currículo da Karen Fukuhara (Kimiko de The Boys) aparecer nesse jogo. Agora mais sobre o jogo, na primeira meia hora você já entende muito de como vai funcionar o loop de gameplay, é apresentada a mecânica de punch out da shopee, aonde você consegue desviar dos golpes melee dos inimigos apenas colocando o direcional para um dos lados antes de ser atingido, mas o que acontecer é que não importa o lado, você sempre desvia (isso quando o jogo não entende que você tá puxando o seu direcional com toda a força do mundo e ele simplesmente não desvia nem defende pois o jogo tá de lua), aqui também volta o desmembramento, claro né, estamos falando de um jogo inspirado nesse colosso da indústria não é mesmo? o problema é que ela não é uma grande coisa aqui, ela tá lá, mas pode não estar também, o jogo tem um grande foco em melee e vez ou outra tem muitos inimigos na tela, o jogo até tem habilidades que visam controle de área, mas elas só na funcionam porque O COMBATE NÃO PERMITE ISSO. Resumindo, muito das coisas que o jogo se propõem mecanicamente não funcionam, ou você pode simplesmente não usar.

Mas o que me deu mais desgosto é uma parada além disso, visto que, videogames estão na era da reprodutibilidade técnica, obras vão ser feitas reproduzindo tendências que deram certo num passado recente, e Callisto Protocol é um sintoma disso. Tendo uma linguagem audiovisual muito semelhante a de um exclusivo da Sony, o jogo tem o rosto pensa como Dead space, mas age como, sei lá, The Last of Us? God Of War? É apenas uma amalgama de referencias, vazias e sem alma, o jogo que Glen Schofield quer replicar não se aplica em nenhum nível as convenções de um jogo mais "cinematográfico".

Eu não sei o que Callisto Protocol queria ser, mas ele tá longe de ser um bom jogo, é uma afronta pro seu tempo, pra sua pessoa e pra indústria (essa ultima tem que se fuder mesmo) é um símbolo de tudo que há de errado com os videogames nos últimos 10 anos, é o tipo de jogo que se alguém me fala que só sai jogo ruim nos dias de hoje e me aponta ele, eu concordo, se me fala que os jogos não são divertidos e mencionam ele, eu confirmo, a pessoa passar a odiar videogames após ele, eu não vou estranhar.

De todo modo, foi horrível, pretendo falar mais detalhadamente no futuro, de forma mais estruturada em que eu não pareça um maluco, mas esse jogo mexeu comigo, eu to muito triste, mandem ajuda.

"Vamos deixar que o vento decida o nosso proximo destino"

Pra quem acompanhou minha jornada até aqui, pode ser um susto ver um 10 pra Sonic 3D, mas acho que essa é a epitome da consciência vinda da Sonic Team como dev e pra Sonic como franquia. Se sempre digo que Sonic internaliza pra si todas as tendências de mercado de maneira que consegue sempre traduzir Sonic pra tal, e jogos como Black Knight, Unleashed e Colors corroboram para a materialidade de meu argumento.

Por vezes saem jogos desastrosos, ou grandes jogos (Sim, Sonic Adventure 2) mas sempre tentando emplacar Sonic com algo diferente, isso faz parte do DNA da franquia. Com Frontiers não seria diferente, aonde o ouriço vai ser transportado por mundo aberto (ou seria os Hub World dando certo?) que tinha tudo pra ser entediante, né?

Mas Frontiers acerta em cheio, um jogo que seu objetivo principal é a exploração, o mundo aberto toma sua atenção de assalto, com elementos de collectathon, o jogo se segura principalmente no seu ímpeto em explorar cara canto do mapa pra conseguir um numero X de itens pra avançar na historia, o titulo se mostra competente em tudo que tenta executar.

É um jogo cheio de tropeços, de fases repetitivas até o numero obsceno de itens necessários para avançar no jogo, mas existem contornos e compensações: As sessões no cyberespaço usa o setting de cenários anteriores? Elas são curtas o suficiente pra não serem problemas. Você precisa de 150 item pra completar as historia secundarias? você pode comprar tudo nos portais de pesca.

Então assim se dá o loop de gameplay de Frontiers, um jogo de zona aberta super satisfatório e mesmo que a exploração não seja tua praia, o jogo te estende a mão e facilita as coisas. Mas é engraçado pensar que Sonic realmente internaliza tendências de mercado e no caso de Frontiers, ele não só pega coisas como o mundo aberto, mas também é um jogo com uma narrativa sóbria e principalmente vem trabalhar os personagens e o próprio Sonic de forma que eu ainda não tinha visto na franquia: Persistência? Amor? Síndrome de impostor? tem tudo isso e mais um pouco, todos os bonecos são humanizados em algum nível.

E falar sobre humanidade é me fazer lembrar da boss fight final desse jogo, que além de ser algo totalmente fora de tom pra Sonic, é super corajosa em está presa na dificuldade difícil, o que... talvez tenha me surpreendido, tanto na sua apresentação quanto na execução, e nesse tópico eu não me prologarei, pois é o tipo de coisa que é especial o quanto menos você saber.

"Abandone a vida que você conhecia antes
Veja um novo mundo pelo qual vale a pena lutar
E ache a verdade de quem você deve se tornar
Um outro caminho que deve trilhar"

Em I'm Here, talvez tenhamos o que mais resume Sonic como franquia e Frontiers como jogo. Tendo em mente que Sonic se perde em sua essência no que vem se chamar de Meta Era (jogos que saíram de 2010 pra frente) que principalmente vinha com a ideia de emular outros jogos no mercado (vide Lost Worlds soar muito como Mario Galaxy) acabam saindo jogos ruins ou medíocres, e o problema não mora ai, mas em que Sonic ainda não tinha se encontrado. Se Frontiers é aonde Sonic quer ficar, eu estou totalmente vendido, eu aceito o que vier, em uma possível continuação dessa formula sendo melhor polida, teremos então um grande jogo em si (não apenas um bom Sonic).

No mais, é o jogo mais ambicioso da Sonic Team, aonde ela aposta as fichas e acerta em cheio, e por mais que seja um jogo que não se venda bem em trailers ou na primeira hora de jogo, vale a pena dar uma chance, é um jogo cheio de alma, e isso é o que faz Sonic especial.