A maior descoberta dos últimos anos em videogames -- ou a maior inovação, se você é desses -- é como passar livremente pela membrana entre o arbitrário e o fortuito. As regras são absolutas! Mas também não importam, ou importam só até o ponto em que você as apreende. Quando você joga poker sozinho, não tem ninguém vendo você rabiscar as cartas -- mudando regras dentro da cabeça; desenhando cabelo longo em um valete para transformá-lo em rainha; descartando uma carta porque ela não faz parte da historinha que você está construindo. Mas, ainda assim, absolutamente jogando poker. Esse poder irrestrito sobre nada em particular é a chave para uma experiência de brincar profundamente contemplativa, profundamente intuitiva, profundamente racional. É uma prece para todo fim de tarde após a escola, quando a criança tinha que encontrar sozinha o que fazer e, a partir disso, criava mundos inteiros que se encerravam no jantar.

Reviewed on Feb 21, 2024


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