É difícil escrever um review de um jogo tão grande quanto Starfield. Mas com 70h de jogo e depois de explorar a maior parte das missões da história e das facções, acredito que consigo fazer um review destacando os pontos negativos e positivos do jogo.

Esse era um jogo que eu tinha muitas expectativas. Em alguns momentos, o jogo não atingiu tudo que eu esperava, mas nem por isso é um jogo ruim. Houveram algumas gratas surpresas, como foi o caso da main quest. Pode não ser a melhor da Bethesda, mas achei uma história sólida e com boas reflexões sobre exploração, humanidade, religião, ciência e consequências. O ritmo pode não ser o ideal em alguns momentos (principalmente no começo), mas da metade para o final a história engrena bem e tem um final bem bonito, dentro do que a história entregou até ali.

Algumas das missões das facções se destacam até mais do que a main quest. Todas elas são bem desenvolvidas, embora algumas pareçam forçar o jogador a tomar decisões em certos momentos. Muitas merecem ser expandidas em DLCs futuras e acredito que aqui está o maior mérito de Starfield para a Bethesda: criar um novo universo, com muitas perguntas e caminhos para se explorar. E o melhor: eu tenho vontade de saber mais sobre esse universo.

Ainda na parte da história, o jogo peca um pouco no desenvolvimento dos companions. Só fiz a missão de um deles e sinto que há pouco incentivo para explorar os outros membros da Constelação, que quase sempre estão parados esperando você falar com eles. Para um grupo de exploradores, eles exploram bem pouco o universo no tempo livre. Seria fácil solucionar isso permitindo que você levasse mais de um companion por vez nas missões.

Falando na exploração, é aqui que o jogo mais derrapa. A ideia de mil planetas exploráveis prejudicou e muito a Bethesda aqui. Explorei bem pouco do jogo, porque logo após 5 ou 6 horas já dava para perceber que muitos lugares se repetiam e muitos mapas eram vazios. Talvez um escopo menor, com 200 planetas, tivesse ajudado mais a equipe de desenvolvimento a tornar a exploração mais interessante.

O combate com naves é bem divertido e em certos momentos bem tenso, principalmente quando ocorrem batalhas com muitas naves. Também gostei dos eventos aleatórios no espaço, alguns foram bem divertidos (como a nave que ficou 200 anos viajando até chegar em um planeta ou da vovô do espaço que te convida para tomar um café com ela). Mas a personalização das naves em si não me agradou muito... Não é um sistema difícil, mas não é para mim.

O que mais gostei do jogo foi o sistema de skills. Gostei muito dos desafios e da decisão de trancar alguns sistemas de jogo atrás de certas skills. Impede a criação de personagens que fazem de tudo um pouco, uma das coisas que me desagradava em Skyrim. Foquei meu personagem em skills sociais e era muito satisfatório resolver algumas situações tensas com persuasão ou suborno.

Infelizmente, os poderes que o personagem desbloqueia a partir de certo momento da história não são tão interessantes. Achei todos bem irrelevantes e nenhum deles era sequer divertido. Desisti de explorar essa parte do jogo depois de conseguir 5 ou 6 poderes, sem nem ter usado nenhum deles até então.

Uma última crítica é quanto aos NPCs. Tirando aqueles que eram essenciais para a história, a maior parte dos NPCs repetem os mesmos 15 rostos, isso quando não são meio deformados e esquisitos. Para um jogo que ficou sendo polido por tanto tempo, isso parece mais uma marca de preguiça da Bethesda do que um problema com bugs.

No geral, é uma ótima experiência, mas saio do jogo com a sensação de que muito potencial foi desperdiçado. Apesar dos problemas de otimização e de algumas escolhas datadas de design, o jogo diverte com um bom roteiro, boas mecânicas e momentos que vão desde o engraçado até o emocionante.

Joguei por quase uma centena de horas e por isso só me resta agradecer a Bethesda por mais um jogo que ainda vai me trazer muitas e muitas horas de diversão pelo espaço.

Reviewed on Oct 04, 2023


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