Após ter jogado Her Story é claro que eu viria com grandes expectativas para Telling Lies. Felizmente as minhas expectativas não passaram longe de serem atendidas e me vi aqui experienciando uma obra tão bem trabalhada quanto o jogo anterior de seu autor, com apenas alguns pequenos tropeços, mas que acredito não arruinarem a obra como um todo.

Seguindo a mesma lógica que Her Story, temos aqui um sistema que resgata vídeos de um banco de dados através de palavras chaves pesquisadas pelo próprio jogador. É através dele que vamos mergulhando mais e mais nos diversos vídeos que parecem ter sido tirados em sua maioria das webcams dos personagens, geralmente durante suas “calls”. Não consumimos esses clipes em ordem cronológica mas como já era de se esperar, além dessa maneira render boas teorias, também nos confere uma série de descobertas e indagações imprevisíveis e que clamam por mais contexto, principalmente se levarmos em consideração que, por serem clipes tirados de ligações, existem mais de um verso daquela conversa. Isso adiciona ao jogo uma dinâmica de caçar o outro lado daquele diálogo.

Telling Lies conta uma história maior em escopo e que aborda assuntos grandes em escala, e ao começar a entender a trama é impossível não enxergar as semelhanças com a nossa realidade, com o caso de Edward Snowden, o ex-contratado da NSA responsável de por volta de 2013 ter vazado informações sobre os vários programas de vigilância global usados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, só com essas informações, já dá para entender (sem muitos spoilers) os artifícios usados pelo enredo para o desenvolver de sua narrativa.

No fim, o único ponto que acho não ter casado tão bem assim foram as atuações de dois dos quatro personagens principais. De um lado temos Logan Marshall-Green que exagera em suas reações, com expressões faciais um tanto forçadas, e do outro temos a Angela Sarafyan que parece não entregar tanta vida e verdade em sua atuação, honestamente não sei até isso culpa dela ou da escrita. Em contrapartida vale mencionar o quão sensacional é a atuação das atrizes Alexandra Shipp e Kerry Bishé que brilham e cativam com as outras duas personagens de destaque.

Foi muito agradável acompanhar toda a trama e, ao seu fim, me vi ainda interessado ao ponto de voltar e procurar por mais algumas informações que pudessem saciar o meu eu investigador (ou fofoqueiro).

Reviewed on Sep 14, 2023


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