This review contains spoilers

Pra mim, Muramasa carrega a mensagem que The Last of Us 2 passou pra muita gente, mas que eu não consegui sentir ela de verdade, e talvez não por um demérito de TLoU2, e sim por um mérito asquerosamnete pornografico de Muramasa. O ato de matar é de literalmente destruir uma vida, nada mais que isso e nada menos que isso, e Muramasa às vezes entende que há casos e casos, mas sua mensagem é bem clara: matar é matar, e nada vai mudar isso ou expurgar esses pecados. Muramasa é algo tão conceitualmente perfeito que quando eu terminei o jogo e sem querer vi uma imagem do Superman, eu comecei a ter um transe de ideias que essa VN implantou na minha cabeça. Desde que eu joguei isso, em passos lentos os conflitos e as reflexões ficaram impregnadas em mim sobre qualquer assunto. Eu não consigo mais olhar tudo pelos mesmos olhos, e eu não faço ideia como a maioria das reflexões que eu vivenciei aqui nunca nem sequer tinham passado pela minha cabeça, mesmo sendo tão claras agora.

A justiça de Ichijou é colocada em jogo, pois quando se expurga um mal, mesmo esse mal tem um ser que o ama, e tal qual esse ser também vai buscar justiça através das próprias mãos. Existe então, algo como justiça? Isso talvez não é só uma convenção criada por ela mesmo pra poder justificar o que ela faz, colocando todo o seu ódio em algo metafísico e tão subjetivo quanto o mal? O mal puro e intransgressível realmente existe, ou é imposto através da estética pelo seu observador?

Eu não posso responder isso, é algo tão conceitualmente complicado que mesmo depois de meses e meses refletindo sobre Muramasa essa história ainda não saiu da minha cabeça. Quando eu terminei a Visual Novel, eu achei o final verdadeiro meio esquisito, mas depois de pensar e pensar é um final que fala TANTO com os temas apresentados aqui que chega até ser estúpido que tenha passado na minha cabeça achar o final dele pior que o resto da história, sendo que desde o começo ficou bem claro os temas apresentados: essa não é uma história de heróis.

O final de Muramasa carrega essa verdade imutável da história, enquanto Kageaki aceita seu próprio mal, ele aceita também que não existe redenção pelas coisas que ele cometeu; não é um mal necessário, e sim uma verdade absoluta. Não importa as intenções dele, os meios não justificam os fins se esses meios forem manchados de sangue. Mas então, por que ele continua mesmo sabendo disso? Porque não há redenção pra ele. Minato Kageaki é um ser que se afogou no próprio mal. Não importa o quanto suas intenções fossem boas, o caminho que Muramasa e Kageaki escolheram é definitivo. Muitos morreram e muitos sofreram, então não há redenção para uma pessoa como essa, só resta continuar o que já foi começado e terminar o que foi desejado, não há como desfazer o que já foi feito, só resta aceitar sua índole para assim, ter fé no seu próprio mal.

Reviewed on Jul 26, 2023


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