Metal Gear Solid carrega a importância de ser o primeiro da sua série e o único a ter enfrentado as limitações de ser um jogo do PlayStation original. Sabendo disso é normal um certo receio que pode até beirar o preconceito na hora de jogar, eu particularmente tinha uma preocupação boba, porém válida de que seria um jogo datado pelo qual eu teria que me arrastar para chegar nos outros títulos, que superariam e muito seu predecessor. Hoje, após ter jogado não só ele como todos os títulos da franquia de PlayStation eu percebo como meus medos não poderiam estar mais errados.

Sim, é verdade que existem muitas limitações da sua época em comparação ao resto da franquia, mas aqui o mesmo primor técnico de todos os outros jogos está presente como sempre esteve, sendo possivelmente o jogo mais polido do seu sistema, com uma gameplay responsiva e cativante (Os pouquíssimos obstáculos que eu encarei foram pela minha própria falta de habilidade e por estar desacostumado com esse tipo de gameplay muito característica dos jogos 3d de PS1, mas logo eu me acostumei e foi como se estivesse jogando um jogo moderno).

Apesar de ter sido extremamente importante nesse aspecto chega a ser ofensivo direcionar uma parte tão grande do meu texto ao bem-fazer técnico do jogo e as minhas expectativas (felizmente) frustradas, então chegou o momento de falar sobre o jogo em si.

Aqui o design é impecável e não fica atrás do restante da franquia em nada, até superando, para minha surpresa, em muitos aspectos. Durante sua carreira Kojima falhou em criar um cenário tão envolvente e icônico para contar sua história quanto Shadow Moses, que apesar de ser apenas um lugar consegue levar o jogador por uma variedade impressionante de cenários e climas memoráveis para tornarem a clássica gameplay stealth variada e divertida, oferecendo suspresas do início ao fim, e aqui a variedade dos momentos que o jogo tem a oferecer me surpreendeu muito, desde uma batalha de sniper em um horizonte cheio de neve a uma batalha contra um helicóptero no topo de um prédio, e evitando spoilers, até o último minuto de jogo o jogador é surpreendido por mais e mais situações empolgantes para se jogar, criando perfeitamente a sensação de se estar jogando um filme de ação dos melhores, que tanto inspiraram Hideo Kojima.

A história aqui também é intocável, Kojima como sempre mescla perfeitamente seu comentário sociopolítico com seus temas lindos que conversam em um nível muito pessoal com qualquer pessoa que abra seu coração pra história linda que ele tem pra contar, como sempre sem limites para as tolices e bobeiras de videogame que a franquia tanto abraça de forma até metalinguística de forma muito inteligente. Aqui se encontram também alguns dos melhores personagens da franquia inteira, contendo com certeza o melhor grupo de vilões da franquia inteira (outro elemento que o Kojima tentou replicar em outros jogos mas não conseguiu chegar perto). A dinâmica dos membros da FoxHound entre eles e a escrita de cada um os torna personagens únicos e interessantissimos, dando também muito mais peso ao combate com cada um deles (todas bossfights ótimas também), com menção especialmente ao Psycho Mantis e a Sniper Wolf. Além deles também aparecem outros nomes como Liquid Snake e Gray Fox que colaboram muito para o caráter único desse título. Fechando a história com chave de ouro Metal Gear Solid apresenta um final emocionante da forma que essa franquia entrega melhor que ninguém, conversando diretamente com o jogador e tocando no coração e na vida de todos que jogaram na pele de Solid Snake.

Em conclusão, Metal Gear Solid é uma entrada maravilhosa para o que viria a ser uma das maiores franquias da história dos videogames, sendo completamente merecedor de sua influência e aclamação e digno de ter se tornado essa obra icônica que hoje é.

Reviewed on Aug 28, 2023


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2 months ago

slay