O melhor: Os excelentes desafios de plataforma espalhados pelo mapa
O pior: A música é quase imperceptível durante a maior parte do jogo
Mecânica que espero que seja copiada por outros jogos do gênero: Tirar uma foto de qualquer ponto do cenário para lembrar um lugar interessante de revisitar

Depois de mais de uma década após o último jogo (e do filme), Prince of Persia finalmente tem um novo lançamento, dessa vez com uma jogabilidade 2D, mas não necessariamente retornando as origens "cinematic platformer" do jogo original, feito por Jordan Mechner. The Lost Crown é um metroidvania (mais "metroid" do que "vania") com bastante foco em combate melee e também, principalmente, em plataforma.

A história também tem destaque aqui, com várias cutscenes e itens que explicam o lore do mundo do jogo. Ao invés do tradicional Príncipe, em The Lost Crown jogamos com Sargon, um dos guerreiros do reino persa intitulado como "Imortal", cuja missão é justamente salvar Ghassan, o atual príncipe. Apesar de Sargon não ser lá o sujeito dos mais carismáticos, a dinâmica entre ele e os demais Imortais é bacana, mesmo que o jogo explore pouco disso. Aliás, apesar de bem apresentada, a história em geral raramente empolga, e muito disso vem justamente de como os personagens são pouco explorados. Alguns tomam ações sem ter muito um porque, enquanto outros simplesmente somem da narrativa. O final em especial parece algo um tanto apressado, muita coisa fica sem explicação mesmo para uma história que envolve viagem no tempo... Parece que há um potencial aqui que não foi totalmente aproveitado.

A jogabilidade, por sua vez, está sublime. Sargon é ágil e preciso de controlar, e o jogo flui muito bem. Cada nova habilidade adquirida tem sua utilidade tanto para o combate quanto para a navegação pelas fases. Há diversos combos possíveis com os poderes que o jogo te dá, mas sinto que o combate não dá tanta liberdade para explorar todas essas possibilidades, o foco maior é mais na precisão de esquiva e parry. Não raro há inimigos preparando alguma emboscada, ou flechas disparadas por arqueiros que ainda não estão visíveis na tela, o que pode incomodar um pouco quem só quer focar mais na exploração dos cenários. Felizmente há várias opções para quem quer se preocupar mais ou menos com o combate, podendo alterar coisas como o dano causado/sofrido ou mesmo a janela de tempo para executar um parry. Há também amuletos que podem ser comprados ou encontrados durante o jogo, que garantem habilidades como congelar os inimigos após um parry bem sucedido, por exemplo. The Lost Crown conta também com várias boss battles, todas com várias animações únicas e seus próprios momentos especiais.

Mas onde o jogo de fato brilha é na exploração dos cenários e nos desafios de plataforma. O mapa de Mount Qaf, onde a história se passa, é gigantesco, e cada local diferente tem sua estética própria. Eu sei que o estilo dos gráficos não agrada todo mundo, mas eu particularmente gosto muito da escala dos cenários, por várias vezes eles realmente parecem os cenários gigantes de Sands of Time adaptados para uma jogabilidade 2D. Um lugar em específico, representando uma batalha marítima congelada no tempo, é bastante memorável. E a navegação por esses lugares é muito satisfatória. Por diversas vezes chegar do ponto A ao ponto B, ou explorar um local opcional, envolve passar por uma série de obstáculos e armadilhas, e cada nova habilidade adquirida no decorrer do jogo aumenta mais o leque de acrobacias que Sargon pode realizar, e isso é brilhantemente exigido nos diversos desafios espalhados pelo mapa. Há inclusive vários puzzles, muitos deles opcionais, que, se não trazem exatamente as recompensas mais interessantes, são ótimas sessões de gameplay para quem gosta desse tipo de jogo.

Prince of Persia: The Lost Crown é um dos raros jogos recentes da Ubisoft que me chamaram a atenção, e o resultado é muito satisfatório. A franquia estava merecendo um jogo de qualidade assim após tanto tempo (e o conturbado desenvolvimento do remake de Sands of Time) e todo fã de metroidvania vai ter muito o que gostar nesse jogo. Há inclusive um bom potencial para uma sequência aqui, coisa que a publisher francesa adora.

Reviewed on Feb 23, 2024


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