O melhor: O programa Twilight Zone Night Springs
O pior: Quase tudo que envolve o combate, ou seja, uns 80% do jogo
Férias numa choupana no meio do nada: Péssima ideia. Um escritor deveria saber disso.

Control era o único jogo da Remedy que tinha jogado até então. Um jogo muito interessante e que, apesar de um começo meio lento, melhora muito conforme o progresso. Ao jogar os dois primeiros capítulos de Alan Wake (Remastered) e nada me chamar muito a atenção, insisti, pois pensei que o mesmo ocorreria aqui. Infelizmente não foi o caso.

Alan Wake é um escritor bem-sucedido que decide passar férias com sua mulher Alice em uma cidade montanhosa num fim de mundo qualquer. Coisas estranhas acontecem, Alice desaparece e agora Alan precisa lidar com todo tipo de figura excêntrica local enquanto busca por sua amada. Esses momentos de ambientação em Bright Falls e seus moradores provavelmente representam o ponto alto do jogo, onde ele consegue fazer funcionar bem sua óbvia influência de Twin Peaks. Apesar de usar alguns conceitos interessantes narrativamente, como coletar as páginas do que seria a própria história sendo contada pelo Alan Wake, sinto que a história deixa a desejar em como ela desenvolve seus personagens. O protagonista por muitas vezes parece ser apenas um tremendo boçal, seu amigo e agente Barry não vai muito além do alívio cômico e a pobre Alice na verdade mal é uma personagem. Os demais habitantes de Bright Falls também pouco conseguem fugir de serem apenas "peculiares", como o agente do FBI apresentado como um turrão alcoólatra, mas que aparentemente conhece o nome de vários autores e sempre troca o nome do Alan Wake por algum deles nos diálogos.

É bom aproveitar a vista montanhosa nos poucos momentos em que o Sol aparece no jogo, já que sua maior parte se passa em noites enevoadas. A escuridão aqui representa o inimigo, transformando as pessoas, os pássaros e até os objetos de Bright Falls num exército sem fim de homicidas. Alan Wake pode remover a escuridão de uma pessoa com alguma fonte de luz, geralmente sua lanterna, mas infelizmente isso não é o suficiente para fazer o cidadão parar de atacar enquanto repete frases mundanas num tom semi-ameaçador, então é necessário recorrer a medidas mais drásticas. Revólveres, escopetas e rifles estão disponíveis espalhados convenientemente pelo cenário, e como padrão em muitos jogos as armas e munições aparecem em maior abundância antes de algum conflito, o que sempre me fazia lamentar. Isso porque Alan Wake na real é um jogo de ação, onde a ação é a pior parte do jogo. O protagonista tem uma movimentação meio desengonçada, um pulo ridículo e um botão de corrida que dura uns três segundos antes que ele comece a andar como se não tivesse dado tempo de chegar no banheiro. A sensação de atirar não é boa, e pela mecânica principal do jogo, esse sentimento é compartilhado com o uso da lanterna. Há um botão de esquiva que, mesmo nas raras vezes em que ela funciona, não parece muito recompensador, já que mesmo os inimigos mais lentos conseguem te alcançar facilmente. Falando em inimigos, inexiste qualquer variedade entre eles, o jogo vai apresentar os mesmos 3 tipos (padrão, mais rápido, ou mais resistente) durante toda a sua duração, o que tem além disso são objetos possuídos que voam em sua direção e os pássaros daquele filme do Hitchcock. É muita repetição e pouquíssimas situações interessantes de combate. Na terceira vez que o jogo me fez lutar contra um trator possuído, eu só desejava que ele acabasse o quanto antes.

Talvez se eu tivesse jogado o original em 2010 esse sentimento de frustração fosse menor ou nem existisse, apesar de achar que mesmo na época o gênero já havia evoluído em termos de mecânicas e polimento para além do que é feito aqui. Ainda estou curioso sobre a sequência, sendo que já se passou mais de uma década desde o primeiro e o último jogo da Remedy é muito bom. Mas depois de finalmente ver do que se trata esse "clássico cult", Alan Wake 2 vai ser uma obra que vou acompanhar mais de longe.

Reviewed on Jul 15, 2023


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