Entende-se o quanto um jogo é juicy, ou suculento, pela quantidade e a qualidade da respostas sensoriais que o jogador recebe a cada input comandado, quanto mais se faz sentir os impacto de suas ações no mundo virtual, maior a imersão e melhor a experiência em termos de sensorialidade, e é disso que se trata DOOM (2016). O cataclisma de sensações ativadas quando experienciamos as diversas camadas de sons, movimento, peso, musica, violência plástica e cores quentes, remete a um lugar selvagem, uma selva profana onde despachamos nossos piores impulsos, a profanação da carne se encontra a cada corredor da estação espacial, cada corpo que se despedaça é um gozo único. Outrossim, Doom é também sobre encarnar, a experiência última da mídia, o jogador, a imagem, a representação, dissolvem-se no império dos sentidos, cada aspecto nesse universo é pensado para garantir que o jogador não desencarne, acima de tudo, existe o imperativo de ser, enquanto o protagonista-carne existe nesse inferno em busca de seu objetivo, o jogador existe em busca do prazer do confronto, o impulso hedonista de desfrutar da sensualidade de cada um dos inimigos, estes, emanadores de texturas, sons, gostos, fluídos, totalmente únicos, promovem uma orgia a cada cenário a ser conquistado. Os sentidos se excedem e se projetam sobre o jogador, condenando-o a um frenesi hipnótico que só o pode levar à danação, um apocalipse de suculência, uma solução de sangue e semên que arde no sétimo círculo do inferno. Doom é um jogo extremamente sexual.

Reviewed on Aug 08, 2023


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