admito que minhas intenções ao experimentar “baldur’s gate” (1998) pela primeira vez eram puramente vindas de um interesse histórico: já tinha observado de perto o ancião “wasteland” e queria fazer o mesmo com um dos jogos responsáveis por dar nova vida ao gênero crpg, junto do fallout original. pensei que iria jogar por um tempinho, fazer graça com as regras estúpidas da segunda edição de dungeons and dragons (não vou entrar em detalhes aqui mas vai por mim, são estúpidas) e parar logo em seguida. tenho que dar esse mérito para “baldur’s gate”: ele é engajante. a experiência grudou de uma forma que eu não esperava. os cenários rurais pitorescos são deliciosos de explorar, as quests são interessantes e a atmosfera é muito cativante, por mais que muitas vezes os conteúdos são espalhados de forma dispersa em um mapa. eu nunca tinha jogado um jogo do estúdio bioware, mas “baldur’s gate” me deu um interesse pelo catálogo da empresa.

algo na narrativa que me surpreendeu foi o quanto que esse jogo possui um viés político bem específico para a época. assim como “fallout 2" fez críticas bem apontadas à propaganda anticomunista norte-americana, o conflito principal de “baldur’s gate” apresenta em seu antagonista uma figura militarista tentando ganhar poder através de um plano que usa da xenofobia e pânico moral para forjar uma crise de recursos ao mesmo tempo que tenta ao máximo personificar o mito do “grande homem”, algo que todo direita-facistóide eventualmente tenta executar em sua carreira miserável. estou dizendo que bolsonaro é uma cria de bhaal, o deus do assassinato? sim. (gravação vazada de jair bolsonaro após comicamente perder as eleições de 2022.)

esse elemento da narrativa é algo que se mantém relevante mesmo nas duas décadas que se passaram após o lançamento do jogo original, ao ponto de que se fosse lançado hoje em dia seria recebido com ódio fervoroso pelos mesmos supostos fãs da série que fizeram campanhas de assédio aos desenvolvedores após a expansão “siege of dragonspear” (2016) introduzir uma personagem trans. se você for jogar “baldur’s gate” utilizando a “enhanced edition” (que é a única versão disponível na steam hoje em dia), eu te imploro: baixe o mod com as cutscenes originais. não tô nem aí se você não gosta de fmvs antigas: elas são melhores que as versões novas

falando em dragonspear eu dei uma cinta de trocar o sexo pro khalid e depois dela ter virado uma garota trans ela ficou insanamente mais forte. claramente não foi coincidência é isso que aconteceu comigo

Reviewed on Oct 07, 2023


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