Jusant propõe um passeio vertical por uma bela casca abandonada. Uma concha vazia cheia de memórias.

O jogo provoca a memória do espaço através de tudo o que foi deixado pra trás, e deixa pro jogador a tarefa de imaginar aqueles espaços enquanto ainda eram populados.
Ao longo da escalada o signo da água é algo que é explicitado como um vetor da vida, e aponta como as cheias e secas eram pivotais para moradores da montanha, e bem como todas as outras forças naturais que se mostram presentes eram eventos conformadores do espaço para eles e definiam seu modo de vida.
O convite a contemplar esse espaço fantástico e apreciar essa narrativa silenciosa sobre uma tribo pretérita não foi algo que me capturou de cara, o plot central não diz muito de início e eu só passei o olho pela maioria das cartas espalhadas pela montanha. Os diálogos mundanos entre os moradores são charmosos mas sinceramente eu não estava minimamente interessado nas conversas entre dona Aninha e seu Francisco sobre o pastar dos bodes. No entanto, em algum momento o enredo apesar de permanecer simples, começa a ganhar embalo, e isso aliado às vistas do alto no final de cada escalada me deixavam até ignorar que o ato de escalar em si não é lá um grande desafio, e sim mais um passatempo divertido entre os cenários.
Dito isso, esse tipo de mecânica a la Death Stranding, mais focada em aspectos granulares do movimento tem algo de muito cativante, me divertiu bastante a subida, mas no final senti que faltou algo. Talvez porquê na minha cabeça a ideia de subir uma montanha era algo mais desafiador do que oque Jusant trouxe.

É um jogo que eu nem me diverti tanto jogando mas que ficou marinando na minha cabeça depois que completei. É engraçado porque eu sinto que é redutivo à experiência eu dar uma nota pra esse jogo ao mesmo tempo que eu acho que esse jogo não é lá essas coisas.

Reviewed on Apr 02, 2024


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