Bem interessante, apesar de não muito bem sucedido no que quer ser. É uma mistura de ficção interativa, estratégia em turnos e roguelike. Eu sei nenhuma dessas palavras está na Bíblia. Na teoria, essa mistureba herética criaria uma experiência com alta rejogabilidade e variedade narrativa. Na prática, nenhuma dessas duas coisas.

Pra ficar claro, Pendragon é legal! É bem escrito, bonito e com a princípio combate competente. Como uma experiência curtinha de no máximo um par de horas funciona muito bem. Só que claramente essa não é a intenção do jogo. Com nove personagens, sete níveis de dificuldade de um montão de eventos aleatórios e conteúdo gerado proceduralmente, Pendragon quer ser um simulador da queda de Camelot que pode ser jogado e rejogado várias e várias vezes. Mas depois da minha terceira partida já estava me sentindo mais do que satisfeito, e a quarta e quinta só me deixaram com gosto amargo na boca.

O grande problema é que a variedade de eventos narrativos não é grande o suficiente para justificar jogar diversas vezes, e nem o combate engajante o suficiente para te manter entretido a despeito dos eventos e diálogos repetidos ou similares. Se qualquer coisa, o combate é um grande desmotivador. Simples demais para ser interessante e em dificuldades maiores imperdoável demais para não incomodar. Perder uma campanha por causa de um movimento errado - ou, pior, porque o RNG decidiu não agraciá-lo com uma habilidade útil - para então ter que rever os mesmos diálogos e eventos mais uma vez não é lá muito prazeroso.

Pendragon acaba sendo um exemplo claro de rendimentos decrescentes. Cada nova partida foi reduzindo um pouco meu apreço pela obra. Felizmente parei a tempo de sair da experiência pensando "legal, valeu a pena, mas vamos pro próximo game".

Reviewed on Mar 14, 2024


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