Há três coisas interessantes que FAITH faz que gostaria de comentar um pouco.

Primeiro, seu visual. Na descrição do game o criador já deixa bem claro que não está emulando um console ou computador específico, e sim uma estética geral da era: os gráficos 8-bits de PCs antigos. Temos então esse amálgama que parece pertencer perfeitamente ao início dos anos 1980, uma mistura sortida ao mesmo tempo anacrônica e autêntica. É a resolução do Commodore 64, a limitação de cores das placas EGA, a paleta de cores do Atari e a nitidez do Apple II e ZX Spectrum tudo num único pacote.

Segundo, o que torna uma estética retraux boa não é só saber emular o passado, saber quando e como romper com ele é tão importante quanto. As partes mais arrepiantes de FAITH são justamente aquelas em que o game quebra as limitações audiovisuais que escolheu para criar momentos inquietantes que seriam literalmente impossíveis nas máquinas que inspiraram sua estética.

Terceiro, esse jogo de uma horinha de duração sabe causar terror mais genuíno do que muita superprodução contemporânea. A princípio parece que ele só causa medo através de jumpscares, mas logo ele prova que também sabe perfeitamente a hora de não saltar com coisas na sua cara e deixar sua própria paranoia gerar tensão. Ainda bem que joguei de dia e sem ninguém em casa para reclamar de eventuais sustos.

Reviewed on Dec 30, 2021


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